Não precisamos ausentarmos nossa vida do prazer que temos, mas
encontrar o prazer em coisas mais banais é um enfoque que nos faz
crescer existencialmente. Termos uma vida austera, na discrição de
se saber um silêncio honroso que nos traga a paz tão merecida aos
homens de bem, que não há a veracidade na vida daquele que
dissimula para atingir o poder, muitas vezes. Creiamos que o
empoderamento é tarefa de quem bem sabe e tem boas intenções ao
legislar, ou daqueles que fazem cumprir as leis do homem, e os
sacerdotes e monges que vivem sob os holofotes do divino, refletindo
eles mesmos as luzes que recebem do Altíssimo. Estes estão mais
próximos do poder divino, da divina providência, preservando o modo
da bondade com seus interlocutores, como em uma fase de atinar-se com
uma energia cósmica, serena, permanente.
Grandes são os obstáculos que nos impõem – contra a vontade de
se situar bem na realidade – quando envolvem na semântica
extremamente materialista a gana de se estar com uma dita posição
que nada mais é do que o empoderamento da própria matéria. Uma
vida simples, com certo conforto, com bons alimentos, boa morada e
retaguarda na saúde e na educação vem de encontro com o que se
quer de uma austeridade necessária, o que torna relativa a questão
– por exemplo – do que vem a ser o desejo de cada qual. Fama e
infâmia, frio e calor, fácil ou difícil, são dualidades que
porventura devemos evitar, posto é mais fácil a um homem ou a uma
mulher compreenderem que o essencial é justo, é primoroso, quando
nosso estar-se com a ligação com o Supremo é maior do que toda a
parafernália material. Nisso está a proeminência do pensamento de
que o Estado deva ser laico, justamente para permitir a profundidade
do estudo que qualquer vertente religiosa, não creditando quaisquer
tipos de preferência a um culto em especial, posto a população
mundial não ser uma única vertente religiosa, e o respeito por
todas as crenças tornam a sociedade mais pacífica e tolerante… De
mais a mais também é sumamente importante não rechaçar sob
nenhuma mácula de rancor aqueles cidadãos que não professem
religião, afeitos ou não ao pensamento filosófico, à ciência, à
especulação empírica, no que se remonte o progresso de todos, sem
pensarmos jamais em qualquer tipo de exclusão. Isso posto, há que
se organizar as coisas para o bem estar de todos os cidadãos e
aceitar boas ideias que venham a facilitar esse processo. Em uma vida
mais austera, os acessos ao conhecimento não podem ser negados, seja
da literatura, da ciência, filosofia ou artes. Assertiva tão
simples como uma equação aritmética básica, com os devidos
apetrechos necessários, como o ábaco, a calculadora, ou melhor, a
mente humana, um pedaço de papel e um lápis, sem necessariamente se
ter a borracha. Ter muita riqueza pode aparentar grandiosidade,
importância sem par, mas esse fato atrai muitos interesses, e a vida
passa a ser um pouco mais ilusória, pois o sentido outro – que
seria mais pleno e sereno – passa a ser um tipo de obrigação de
se manter o status, quando a colocação social já tenha galgado
muitas etapas, e o engessamento comportamental igualmente passa a
existir, na mesma ilusão da fama que se constrói desde então. Pois
desse modo os desejos de consumo, de trânsito pelo mundo e da
manutenção do status citado passa a verificar óbices quando
queremos estar mais austeros, e já não o somos mais, pois
pertencemos a uma classe alta, com tudo o que nela vem agregado. É
crível que muitas motivações de se corromper em crime venham por
reboque de toda essa parafernália, onde muitas vezes o poder se
mistura com esse comportamento ignoto. Há inúmeros casos onde a
austeridade leva uma família à felicidade, e igualmente inúmeros
casos onde a riqueza sem par não leva a uma real felicidade, senão
ilusão.
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