Não
que se queira fazer uma alocução sobre a solidão, mas que esta
pode ser um tipo de razão é bem factível. Uma solidão nos permite
dedicarmos ao estudo, às artes, sem que intervenha a velha questão
da presença de um círculo de amizades. Igualmente, não se queira
dizer que tal pressuposto não seja bom, mas no caso de alguém que
fique contente com os seres em geral, sejam eles humanos ou não, é
possível ser feliz no que conceitualmente se denomina solidão. Um
anacoreta pode viver em seu quarto e demais espaços circunstanciais
com a fé que lhe pertença. Um homem pode ter uma vida plena e
independente sem necessitar da presença constante de uma mulher.
Igualmente se aplica a ambos. Se voga a algum direito, um modus
vivendi, aquilo de existência. Posto quando o homem ou a mulher
carregam em si um estigma que os pretenda isolar por questões
culturais, étnicas ou qualquer modalidade que os tornam distintos da
grande maioria, a adaptação desse senão cultural pode parecer por
vezes um grande obstáculo para a auto realização. A solidão pode
parecer – no viés existencial – como uma concessão ao auto
conhecimento: de estar-se só para se ter a noção elementar de que
somos seres gregários e, no entanto, igualmente únicos. A partir da
diversidade da percepção humana, pode-se obter um conhecimento
independente daquilo que encontramos no que já se abriu caminhos, no
sentido de apreender as coisas da Natureza quando do respeito à Ela
e da abertura que permite quando nos mostra a sua variedade e sua
profundez. Como apenas fazemos parte da Natureza Material, convém
nos anteciparmos a ver que em cada variedade de vida está um corpo e
dentro dele uma atma, ou alma sagrada. Esse espírito
individual é que dá o sentido de existir, mesmo porque não se
extingue quando falece o corpo. Segue um ditame de crermos que, na
verdade, nosso Eu verdadeiro não é o corpo, mas o espírito que o
anima, de tamanho infinitesimal. O ciclo de nascimentos e mortes pode
ser interrompido pelas regras de apenas termos uma vida voltada mais
ao espírito e não pelas equações por vezes perturbadoras da
matéria, que tanto seduz com toda a ilusória manta que a envolve…
Essa ilusão nos leva a mantermos distância do que é real, a nossa
ligação com um plano anímico, espiritual. Por vezes toda uma
existência de alguém que é vista por outrem como um homem ou uma
mulher solitário/a servirá como um encontro consigo mesmo e com o
Supremo, ou Superalma, que se realiza em todas as entidades
vivas, na flora e na fauna, nas estrelas do céu, nos caminhos de uma
nuvem, nos lençóis de água, na vastidão do mar e suas rochas e no
simples movimento de um graveto. Toda essa transcrição maravilhosa
tece ao ser humano no mínimo a grande questão de não estar sozinho
quando sua suposta “solidão” nada mais é do que encontro,
resposta e realização suprema, com Deus e com a Natureza! Como se
tudo fosse ou estivesse sendo ensartado em um cordão, pois nada, nem
um movimento de uma simples grama está fora dos encaixes de Deus,
Krsna. Nada revele que a poesia tenha a pretensão de tudo conhecer,
pois o conhecimento é algo crescente, e toda a literatura
transcendental revela a Verdade em cada hora que se a lê,
dinamicamente, em cada situação, em cada urgência, sendo a
resposta de quem realmente busca, seja conhecimento religioso ou não.
Lê-se na página do tempo, e esse tempo eterno revela aos homens a
atitude de progressão correta com o manancial intocável que é a
Natureza, ou o atraso que destrói a nossa possibilidade de aprender
com todos os seres que residem em nosso planeta.
Karma,
a justiça infalível pressupõe que aqueles que possuem poder dentro
de nosso mundo hão de se comportar conforme as leis de Deus, pois
lutar contra torna-os mais infelizes e cruéis.
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