Sim,
todos os dias vemos o sol baixar, aos poucos vamos nos recolhendo,
conforme a hora temos algo a comemorar e bebericar, mas o tempo para
alguns é inóspito e cruento… As populações que vivem na rua, os
imigrantes, os enfermos nos corredores dos hospitais, a incerteza de
manter-se alguma educação próspera, o sentido do esforço, ou a
certeza de se trabalhar a favor de uma pétrea honestidade, são
requisitos para que o tempo faça parte não como gastura, mas como
meio, perspectiva e meta. Talvez meta seja um jargão, mas um
objetivo, mas que muitos sequer tem essa esperança de ver que algum
propósito pessoal foi atingido!
No
poente de mais um dia o tempo encerra a latitude dos enjeitados,
recria as perspectivas dos bem colocados, mas recrudesce muitas vezes
na falta de comparecer com um diálogo suposto, entre um amistoso e
um colérico, entre o dia e a noite, entre a intimidade de cada ser
em sua suposta festa solitária. Em uma verdade que se relaciona com
a produção, que venham bem as iniciativas de fazê-la acontecer em
nosso país: nos provisionamentos, na proteção, na democrática e
indefectível lei, ou mesmo naquelas que não foram escritas mas
fazem parte dos costumes dos povos. Tanta é a Verdade sobre muito e
tanta é a ilusão sobre muitos! Mitificar algo ou alguém remonta um
tema teatral, um modus onde as gentes querem depositar algum
alicerce existencial em um fator da história, ou mesmo na negação
histórica, como se essa deusa pudesse jamais ter existido. A partir
do momento em que olharmos diretamente para o que se passa em nosso
pequeno universo, far-se-á a paródia de se notar o premente, o
urgente, posto o trabalho nas vertentes de cada espaço. A verdade
não possui relativização, quando supostamente um peão constrói
seu ninho no colo da rainha. Essa rainha que não significa uma
mulher, não a simboliza, mas que protege o rei de todos os
obstáculos estratégicos, através de movimentos que denotam maior
alcance e poder acima de todas as outras peças. Ou abstratamente, no
jogo de GO, onde as peças trabalham com relação aos espaços
conquistados, no viés de um grande ou reduzido tabuleiro, onde o
tempo flui dentro dos mais e dos menos experientes, na fruição
saudável de uma lógica maravilhosa, como tanta é em certos jogos
de tabuleiro. Nesses jogos de inteligência específicos, a sorte não
conta, a não ser como um deslize de um adversário ou quando – ao
se jogar contra a máquina – o algoritmo não possui complexidade
suficiente para ganhar de um bom contendor. O homo ludens joga, mas
os dados não são lançados quando a tarefa não se arca por meio do
acaso. No entanto, a aleatoriedade faz parte da Natureza, na visão
de alguns, no que supõem outros que a Natureza possui uma lógica
fechada em si mesma, onde todos os seres têm seu próprio
significado anímico, espiritual e, portanto, impossível de se
prever ou de se compreender, conforme a muito sábia frase de
Shakespeare sobre os mistérios em que a nossa vã filosofia jamais
alcançará, entre o céu e a terra… Um poeta dessa magnitude
realmente deveria ser escutado, ou será que nos admiraremos com um
texto de Aldoux Huxley na revisitação de nossa ainda viva
literatura mundial? Será que, enquanto escrevemos, nossa webcam
registra o olhar em cada sentença, quando o que se quer é que os
robôs parem de nos chatear, incluso quando os bilionários tiverem
seus iates nas areias de Marte? Para-se tudo que o samba quer passar,
dentro daquela formosa música de Gilberto Gil sobre a internet.
Parecia maravilhoso, mas não tão excludente, a ponto da ignorância
ser algo em que o recurso do Google ensina tudo, mas não dá
embasamento a pesquisas concretas, como um laboratório da
Universidade no campo das engenharias, química, biologia, etc. Quem
vos cita é ignorante academicamente, mas apenas reza por uma
percepção em que a vida deve ser respeitada, acima de tudo. A
profundidade em que um leigo possa crer que haja quiçá funcione
como uma ponte... Uma preparação onde um leve pensamento que se
origina possa revelar a alguém ou a alguns um modo silencioso em que
as palavras nos tragam conforto, naquilo que se diz do Espírito da
Natureza. Na natureza material igualmente, por outro lado. Como que em uma
divisão em que há aquilo que anima e aquilo que é por natureza
inanimado, como o Espírito Supremo que reside em cada coração da
entidade viva – chamado Paramatma – e qual a implicação
existencial quando tomamos alento em relação a essa consciência, a
consciência de Krsna.
O
tempo se nos pára quando atingimos um grau superlativo de compreensão
que é através de uma vida simples e de um pensamento elevado que
galgamos o mundo tal como sempre foi, e que as mudanças tecnológicas
podem facilitar certas coisas, mas efetivamente não são as únicas
coisas relevantes para que possamos viver em paz no planeta. Nas
ordens das coisas, se falar em preservação, respeito aos animais e
aos seres humanos, os direitos, os deveres, a cidadania, a
democracia, os erros pregressos, em síntese, a facilidade que há em
nosso alcance para que harmonicamente suceda a relação dos povos
com o seu entorno e o necessário encontro com nós mesmos, em sabedoria e atitudes.
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