Maicon
não possuía muitas condições de pautar… Mas necessariamente se
tornava crítico, mordaz e coerente com aquilo que significasse uma
questão de ordem, de saber se organizar, a manter seus petrechos no
lugar, posto mais quieto que resignado. O perfil que emanava de seu
peito era evidência sobremaneira de algum de casta maior, na casa
que fosse, a se dizer de grupo, de benfazejo, de pensamento
audacioso.
Vivia
simplesmente sem tanta a neurose daqueles tempos, de um final de
final de semana onde o final se prolongasse até o fim. Não tanto
por isso, pois o fim era um começo, nas reticências quiçá de uma
simples rua, abraçada, perspicaz e atônita com certas atmosferas. E
Maicon sabia de seu nome, que vinha de Michel Jackson, a que queria
acreditar que tivesse sido um grande astro, mas sabia ele das
estrelas mesmo, verdadeiras. Saber-se de um enigma na mente de seus
amigos, punha-se ele de resolver peremptório, com classe, com lógica
fulminante. De jogos não era tanto, mas gostava de pensar, e pensar
sobre si mesmo, no em si do per si, ou algo que valesse mais do que
esse simples nó de sílabas. Claro, que um amigo verdadeiro lhe
tecesse uma reprimenda, não seria – repetindo – um perfil tão
evidente quanto uma prova que provasse algo a respeito de suas
posições existenciais. Pois sim, que travessura corria nos seus
olhos quando a chuva revelava nuances de suma vitalidade, assim, de
querê-la acima de tudo e de todos, pois
a água era a sua praia. Aliás, de todos ou quase todos os elementos
da terra, que seja, ela mesma, a água, o fogo, o ar, o éter, e o
movimento, a cinestesia do movimento.
Claro
era na sua pequena história que não claudicava o suficiente para
não incidir em algum grave erro, mas nos tempos daquele, os erros
eram tantos que os humanos seriam mais do que o erro, e qualquer
aproximação com o latim é mera coincidência. Seus olhos não eram
graves, possuía a cara de um bonachão, a não ser quando seu id
clamava por um exame de consciência, uma crítica cabal e que
começava cedo, e terminava cedo, pois seus tempos eram de cinco às
dez. Do dia para a noite, encerrando a noite e acordando o dia…
Nas
entrelinhas do que se pensasse a seu respeito talvez houvesse uma
certeza de que Maicon não pressupunha muito do se planejar, mas
revelava no seu gosto pelos estudos a ciência que retorna esférica
depois de modelado o cubo! Assim, geometricamente, pelo caminho árido
por vezes, ao retornar de um sono começava a se odiar por não ter
pensado melhor a noite passada, ou por ter estudado firulas que não
levariam a ideia adiante. Mas, como fruto de uma imensa agremiação
de conhecimento, bastava a ele que vertesse algo que fora como um
pequeno ou grande projeto, a sair do papel depois de uma boa
impressão. Mantinha a
crítica de pé, em noites de frio, e acalmava seus sóis internos
nos verões que iniciavam após lindas primaveras. Era de se condoer
de tamanha a grandeza da crítica que fazia de si mesmo, pois
colocava a inteligência na frente de sua mente, e seu corpo por
detrás, e a condução dessa máquina por uma alma infinitamente
pequena, mas gigantescamente plena.
Nas
vezes em que não revelava seu tempo, não haveria de temer por
perder um pouco dele, mas considerando um pensamento cerebral de
vulto: cerebrado,
saberia por onde contar a canoa que o leva sempre nas jornadas em que
está sozinho a contento, e feliz por sua condição de saber que
alguns pensassem nele, e que sua autocrítica seria eterna, de
justeza, de caráter. A saber que em um item que personifica uma
grande alma, plena, seu corpo não estranharia a inteligência nem a
mente.
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