quinta-feira, 17 de outubro de 2019

O TODO: SEDAÇÃO OU INDIFERENÇA


          Garantir-se na vida, esse é o propósito dos expertises, daqueles que aparentemente sabem do que falam quando se propõe o que urgentemente se queira viver melhor. Para que se viva, sempre… Mas a conveniência do egoísmo separa as gentes, e a totalidade ou integração de melhores tempos para todos fica ausente do que se quer de modo ativo, focado, generoso e democrático. O que seria a pressuposição que nos distancia – não propriamente do ideal – da própria concepção de um mundo mais justo? Serão as falas da magistratura, os votos do legislativo, ou mesmo a interveniência de um escopo que execute o Poder? Certamente temos dúvidas sobre muitos detalhes, do todo alquimicamente redescoberto, ou que a ilusão de estarmos participando de algo nos entorpece. A sedação, ou a indiferença… Pudera termos a força dos jovens, quisera os jovens tivessem maior experiência de vida. Mas não, o encontro das gerações espelha algo vazio que os velhos permitiram acontecer dentro da esfera da existência como um todo. Essa totalidade, o hólos, a grafia inumerável das questões do mundo talvez passe por um mero gesto, um modo de caminhar, um erguer-se o copo, uma visão de um inseto, as folhas ao vento, um prêmio Nobel a Bob Dylan!
          Se quisermos encontrar uma cultura que nos diferencie, talvez de um Tom Jobim a Tonico e Tinoco, de Jair Rodrigues e Elis, a Ivete Sangalo e Anita, o poeta diria: não gosto de muitos trabalhos na arte, e outros eu gosto deveras… Mas aquele ponto em aceitar, a grosso modo, o midcult, a profusão daquilo que aceitamos por passividades, encontramos muitas vezes a pérola que organiza a escolha mais coletiva, que cristaliza, que aproxima e que subentende um diálogo – mesmo que tosco – a respeito da cultura, das artes, dos espetáculos. Supomos cultos deveras quando o ser em si não se repleta, mas busca na inteligência digital as informações das pesquisas, as referências, não de textos longos, mas da síntese de algo que não foi construído a longo ou médio prazo, apenas a experiência de sublocar informação versus comunicação, com retornos de visibilidade, mas não o pressuposto da discussão sobre, ou de um alcance de conteúdo sobremaneira sólido. Essa é uma questão primeira da experimentação que o poder de pequenos tesouros encontrados em um insight revelam setores do conhecimento que não têm maiores segredos do que clicar em botões e tornar indiferente o livro como campo de atuação, como seara, como frente e vertente de consciência.

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