terça-feira, 29 de outubro de 2019

A AFEIÇÃO PELO CONHECER


          Muitos são os critérios que nos levam a adquirir um conhecimento. Existem tábuas lisas e conformes, qual registros, como placas de silício, enfim, uma coisa toda como instrumentalizadora de algo que ao menos fosse de cunho patriótico. Mas não, tecnologia comprada, inteligência externa, e voga-se que os empregos de cinquenta e quatro por cento da sociedade ou dos trabalhos humanos tendam a cair frente a automação… Mas estes são dados internacionais, certamente. Certamente, não há robô que construa um edifício e nem outros que sejam como síndicos ou faxineiros. Há uma tentativa dos veículos que comunicam a contra-informação de tentar separar o trabalho em algo que se aproveite ou não, buscando alarmar a população com índices de fantasia. Vira e mexe e o padeiro estará trabalhando, com antigas ferramentas, justamente por razão de que o sistema financeiro automatizado é apenas um detalhe da padaria, e o olhar e o cuidado – tanto do padeiro como da atendente – continuam a ser insubstituíveis. Não há possibilidade no fator da humanização do trabalho haver o retrocesso de se vingarem processos automotores no andamento de uma sociedade como a brasileira. A nossa realidade mostra que o trabalho humanizado é a grande diferença quando já se possui por subtração afetiva de uma rede social que torna autômato o se portar perante a vida e nossos pretensos relacionamentos, quando nos aproximamos de uma blindagem existencial.
          O valor do trabalho claro está faz a diferença no contato com a vida humana, e encontrar gentes trabalhando naquilo que alguns veículos de informação, algo equivocados, reiteram ser a verdade não passa de enganação de uma ordem que já veio para ficar, no diferencial humano, no tete a tete com o trabalhador, nas possibilidades das artes, e uma literatura renascida.
          Algo de se reiterar no movimento pendular que ocorre entre o bom e mal senso é justamente supor que certas forças tentam recriar um futurismo que lembra o que aconteceu com a Itália, revelando na arte de Boccioni e Marinetti algo cinestésico com as tendências históricas da época, cada qual em seu tempo. No mundo contemporâneo o que se vê na propaganda varejista, por exemplo, é um moto continuum de repetições de informações e detalhes que passam subliminarmente pela mente de quem talvez não esteja muito atento para tanto, atravessando por verdadeiras esteiras um passadismo inexistente, e nem a leitura histórica da similaridade com a atualidade. Por falta de conhecimento maior a juventude por vezes nem sabe o que significa a disciplina da história – por veias insistentes –, no atraso do estabelecimento de uma inércia que repete por intenção, e não busca o progresso no andamento do que realmente é uma programação integradora de uma lógica estacionária, dividindo o poder em populismos alternos, e rotulando pensamentos como em uma simples tradução no viés da ignorância do treinamento puro e simples, com metas e planos afeitos ao objetivo hedonista como prêmio final, no modus intercalado.
          Posto sabermos que o conhecimento é algo sui generis e de fundamental importância, as gerações dos anos passados, quanto mais antigas forem, mais desse conhecimento oralizado terão de importante a oferecer à cultura do povo... Tanto em rincões distantes, quanto nas regiões mais pauperizadas ou dentro de classes abastadas, sendo as classes médias, com o midcult, um pivô de transição entre as vertentes que emanem da própria contracultura dos anos sessenta, e a revelação da sua compreensão do mundo, do país, e do bairro. Aliás, em cada nicho, em cada registro que alcançamos, e na utilidade algo gráfica dos sinais da mesma utilidade, no bem portar-se como escola suprema, e no respeito destinado ao seu cerne como emancipação de uma atitude, o gesto como consonância de união, são regras a serem seguidas, factuais. E não o entorpecimento da agressividade como forma de tipos de chantagens e regras espúrias, que servem apenas para enferrujar as engrenagens do grande motor do presente, do mundo contemporâneo. Onde o estar-se bem predomine com as nossas virtudes; e a ignorância seja percebida como algo de interesse escuso, se realmente se comprovar que há interesse em se omitir conhecimento a quem necessite como meio de obter oportunidade, dentro de condições onde as populações desassistidas mereçam, aos olhos de todos, os exemplos que muitas vezes marcam presença em nossas vidas: na pobreza e na bonança.

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