Que
tanto esperava Emília, ao encontro de si mesma inicialmente,
conforme orientação existencial de seu imo, mas que tanto
encontrava ela, em si? Digamos que seu presente – momento – eram
as flores que encontrara, de tanto repetirmos o verbo, que por vezes
o encontro não é tão negativo quanto supomos, em um que de
sociedade desencontrada, ou submissa a projetos tão neutros como uma
barber shop by friends… Quanto de quilates amorosos ela
criara de sua fértil imaginação, se o mero abraço vinha
encriptado por códigos de whatsapp? Não se fossemos um tipo
de Keruac, um Henry Miller, ou um mero Balzac, nas transposições
culturais tão dissonantes em nosso tempo, saberíamos certamente que
o encontro da leitura com as gerações históricas e suas
transformações revelam uma tessitura imanente, no que pontuamos
conforme um pensamento simples da expressão, uma vírgula mais
sonante, um verbo colocado sabiamente em metáfora, a metonímia,
sei, saberíamos um pouco mais de quase tudo o que nos é revelado
fora da circunscrição da comunicação encapsulada por padrões de
atuação mecânicos. Uma linha de texto se escreve com o contexto
dos meios, e não será investigando modais digitais apenas que
estaremos encontrando as verdades que estão posicionadas remotamente
na aura previsível das superficialidades. Passamos, como Baudrillard
prevera, a tornarmo-nos um sistema de objetos, onde o funcionamento
das esteiras produtivas comercia com os nossos afetos, dentro de
esteiras que aparecem com o nível temporal chamado por vezes de
feed, onde inexiste o rótulo de empoderamento porquanto esse mesmo
conceito é derrubado pela crítica tão simples os itens que
pesquisamos em uma gôndola digital!
Um
giro pelas plataformas da percepção da Natureza, entre estas suas
peças, seus seres, seus – que se dizem – donos de algo, a
conquista amorosa ou afetiva tão preceptora de raízes fecundas que
recebem água nas suas folhas apenas por vezes, a propriedade e seus
signos, tudo são vestes da Natureza Material. E seus diálogos… É
mister sabermos que muitos se alto proclamam feitos de lata,
regurgitando a falta de caráter e a disseminação da violência
quando afirmam que um quando não vai com a “lata” de outro acaba
por amassar. O pão não se amassa assim: não traumatiza, alimenta,
não fere, nutre. É sobre o encontro de nós mesmos com o
significados de um padeiro em suas confecções maravilhosas que
lembramos um grande conto de Górki, sobre um padeiro que trabalhava
em um subsolo. Daí vêm alguns: não podemos ver nesse escritor algo
de bom, por isso foi assassinado, e com razão. E outros: Trótsky
era traidor, mereceu a perseguição. E outros: a morte de Guevara
merece festejos. Tornar-se mártir parece uma glória, ainda mais
como um ser que sobreviva através da violência, da matança. Esse
paradoxo em que muitos não se dão conta de que a vida é mais
preciosa do que a morte em uma luta que indiretamente levou muitas
nações ao colapso, e a regimes que traçam paralelos iguais à
demência em repetir erros que levam sempre às contradições de
lógicas que creem imutáveis. Vendo o filme 1984 revelamos uma
película de grande porte, em que Orwell mostra que somos ausentes
enquanto não observarmos melhor a prática de estarmos conectados
com um grande panaca, que somos nós mesmos, gastando um pretenso
intelecto para – dentro de um ilusório teor de poder – acharmos
que estamos ganhando algo em nos manifestar para um mundo
desconstruído aqui no Ocidente, na mesma assepsia generalizada que
passa a controlar nossas mentes com paradoxos e “leis
alternativas”, quais Napoleões aberrativos de comédia sem freios
que nos façam ter a noção do ridículo em que nos tornamos. Temos
voz. Não, nada disso: apenas dizemos algo em escalas da pirâmide, e
não naquela da concretude do poder, mas nas de comunicação de
baixa frequência, em qualquer grau de sua hierarquia vertical. O
rádio não emite, apesar de certos canais operativos serem altamente
funcionais dentro do pressuposto de agilidade de robôs, mas
seguirmos a alimentar de caramelos a fragilidade em que nos tornamos
no mínimo é consequência de não prepararmos o feijão em casa
para comermos junto aos abutres o que nos oferece a rua sem rumo e
noturna.
Emília
pautou-se por encontrar Rafael, que ela não conhecia fora das redes.
Que ela se tornara uma aranha, uma aranha fácil e devidamente
preparada: sensível e higienizada… Rafael, de barba desenhada, era
um gato, conforme o jargão do possível predador. Sim, pensou Emília
neste ensaio de 31 anos, que supostamente gostaria de saber se Rafael
era possível de um encontro, se possuía ao menos um carro, se
oferecia segurança, se era bom, se a preenchesse. Emília estava só,
milhares de Emílias, pois a vida sem sexo era tediosa, e as sex
shops cansavam-na, quando em surdina procurava um bastão a se
apoiar. Muitos eram os objetos, mas Rafael viera só, era um homem
franzino, depois da foto de cinco anos atrás, mais novo, mais
espadaúdo, mas era um homem: terno, não treinava, vivia…
A
princípio conversaram, depois tornou-se como uma amizade sincera, e
o final feliz fica por aqui, pois todos merecem, apesar de certas
buscas insanas, encontrarem seus companheiros/as na felicidade de uma
pequena gota de orvalho encontrada em uma erva. Essa parecença de
dificuldades de que se encontre uma razão a mais da própria
sinceridade da conversa, e quem puder do bom vinho que bebam pelo
poema, pois esse quase sempre se constrói mais solitário enquanto
sóbrio, não necessariamente nessa ordem.
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