sexta-feira, 6 de outubro de 2017

DOCES VENTOS

A que dizer que soprem os ventos que nos igualam ao quase,
Quando algo de furtivo nos sopre em uma mensagem dúbia
Que não nos cessa outros algos de muitos que se queira.

Há ventos que não sopram por nada, e neste vento que sopra
De outros portanto existentes, que seja dada ao próprio
Uma reminiscência ocre de salitre que despeja o próprio mar.

Se há a superfície húmida do desejo, que não se verta apenas
Como um simples mimo de afeto de ocasião nas bordas
Em que por vezes somos fúteis sem saber, mas que sempre não!

A poesia imanta outras superfícies de cristal da primavera
Que ponteia a chuva incandescente nos umbrais que esquecemos
Quando tudo o que esperamos neste mundo vago é apenas ternura.

Mas quando esquecemos que possuímos limitações de barcos
Que mal podem atravessar uma braçada de esperanças
Vem o jugo do feitor ideólatra nos soletrar o que espera que sejamos...

Seremos sempre o paradigma da libertação, sentados, deitados,
Em túrgidos invernos, nas capas militares, na espera de um remédio,
Pois que não nos ditem o seu próprio reverso os ignorantes de laurel.

Saber da fama é algo que não traduz nem ao menos a ação prémóvel
Que indicaria a situação de quem está existindo ao redor das luzes
De outros que emanam-na por dizerem com sinceridade sua razão...

Nada há que dizer de algum homem que seja, posto na miséria
Estão todos aqueles que vertem da história única de outros que a fizeram
O parco papel de sequer saberem o que fazer nos ventos em suas naus!

Saberíamos dos cantos de uma poesia que fosse mais coerente
Se o feixe de músculos de um campeão de lutas vertesse o carinho
Que a matéria imprevisível talhasse o que nada haveria a esperar.

Pois não sejam palavras apenas aqueles que nunca compreenderam
Que o denso véu de uma ilusão aparentemente consagradora
Os embrenhou no particípio do passado a ver que nada resta senão
A esperança do que esperava em vão na ação dos que estão sendo nada.

E isto de espera quase consciente vê na flâmula de uma bandeira
Quase um sem nome do que jamais seria um jornal em que não veem
Que alguma crítica seria válida se estivesse presente na resposta.

A quebra do paradigma é retórica de redundância, pois há minutos
Alguém pode tentar entender o que jamais será compreendido
Por aqueles que não tiveram tempo para estudar a engrenagem histórica.

Da saudade de algo que nos assusta, fiquemos com os dois lados da moeda,
Posto sabermos que não há gentes de mal e de bem, só há gentes, e aquilo
Por que todos lutam por um fim exato de obter ou uma vitória ou um roubo.

Dessa permanência da imposição da carestia e do fracasso por nossos erros
Seria válido a humanidade deixar que descansem as peças da história
Porquanto só a construiremos sem estarmos em vão quando a compreendermos
No portanto de um silêncio necessário para vermos todos os nossos estragos...

Saberemos mais quando respeitarmos as flores que tão fragorosamente pisamos
Quando pertencemos a uma espécie de cimento sem nódoas, de temperamentos
Irrefletidos, como que em uma esteira cibernética onde navegam feixes nervosos!

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