Caíra
a noite e cedo, bem de madrugada, o bairro estava quase encharcado.
Temporada de algumas chuvas, as estações não se definiam tão bem
mais, e o que estava por vir quiçá fosse a mesmice de todos os
tempos. Não que todos participassem da mesma opinião, mas o
descrito não seria ao menos opinião, já que a humanidade
consolidava um desastre progressivo nas suas massas, onde suas
lideranças apenas queriam o poder para continuar defendendo suas
benesses e projetos duvidosos. Não vinha de alçada de nossa
personagem… Ela houvera descansando um pouco de noites
atravessadas, de uma sensação pura de desconforto, posto sabia que
seus dias eram nada mais do que apenas um, quando acordava, e outro
do dia posterior quando novamente acordava, onde as noites não mais
eram do que intervalos necessários. Talvez houvesse a ciência do
ciclo, exatamente, que seu corpo precisava do ciclo, seu corpo
possuía o dia, possuía incluso a semana e o mês. Ela consignara
suas memórias no caudal de seus tempos, depositando-as para um
ninguém, pois jamais seria mais do que apenas um coração fraterno
onde residia o atma. Essa mesma centelha, esse mesmo espírito
onde não importava o que era seu corpo no mundo material, pois seria
a fama algo que de modo nocivo erguem ou depõem em terra o que
apenas Maya decide. Não que todos o soubessem, mas aqueles
que ceticamente ignoravam a vida espiritual pelo menos não agissem
de modo sectário contra essa ciência. A imaginação fértil já
dava frutos de uma ciência materialista ao excesso, com as famas
despejadas em pequenas frações em que muitos queriam viralizar
a conquista de seus espaços cibernéticos, sem saberem que a
notoriedade não seria fruto da atitude em si, mas de um modo raro
porém enganoso da manipulação dos fatos ou da aproximação de
alguns grupos ou poder, mesmo aparentemente paralelo. Que bastassem
algumas entranhas extremamente lógicas, mas a ciência de gente
grande deveria saber que nenhuma máquina funciona sem um operador
humano. Deveriam fazer um recall sobre o filme Total Recall.
Mas a nossa personagem escrevia em seu pequeno diário as anotações
que recebiam, e estas vinham com a velocidade da luz, a própria
velocidade incógnita em que um gênio como Einstein mostrara à
humanidade ser a limitante de seus sonhos na corrida espacial. Mas
que em um rabisco pode se manifestar o que das sinapses, estas sim –
unidas à percepção e síntese – um ato veloz como a luz, apenas
com um suporte e um antigo meio, estes sim, sem os freios que nos
impeçam a expressão. Pois sim, a se reiterar a individualidade em
seu universo, em suas sinapses, mostramos por A mais B que todos são
universalmente distintos, porquanto ser crime coletivizar diferentes
idiossincrasias. Há regiões cerebrais que podem estar sintonizadas
ao bem comum, e igualmente torna-se necessário a toda uma sociedade
o compartilhamento do que vem a ser a medicina nesse contexto, haja
vista muitos de natureza profundamente intelectual virem apenas a
sentir uma intervenção que nem para todos mantém sequer a
coletivização de antanho, de décadas e décadas atrás, que seria
apanágio e consubstanciação de uma certa estabilidade em
sentirem-se ao menos úteis… Mas torna-se insuficiente se não
compreendermos a ciência e os cientistas de países mais ricos para
aprendermos com estes a como aprender a sermos ao menos mais
sensíveis nas matérias mais densas, mais intensas com os
necessários estudos e dedicação, sempre no sentido qualitativo de
sabermos sanear as nossas dificuldades. Obviamente, o saneamento e
sistemas de drenagem fluvial e as despoluições não fazem parte de
algum mistério de alguma ideologia, mas de países que logicamente
aplicam suas políticas públicas de acordo com um senso de bem
comum. É igualmente factível que quem roubou merece punição de
modo penal. No curso de um dia, que uma toga descanse para equilibrar
sua consciência e a possibilidade coerente de sua profissão, para
que não haja qualquer motivo parcial de defender o desequilíbrio
dos pratos da balança, pois se assim não for a espada recai sobre
as instituições como um todo. O que se esperará sempre de uma
sociedade justa é o estabelecimento de um bem comum, e não de um
jardineiro que mal possui o seu tesourão, e possui apenas uma
torneira na favela, enquanto outros possuem paradoxalmente estoques
de ouro acumulado, em que essas diferenças não farão de um dia a
dia tão óbvio como desejam que o seja.
As
prerrogativas vêm obviamente do fato de muitos estarem envolvidos
até a medula com a Natureza Material, com razão, mas quando pensam
que as esperanças em um mundo melhor seria fruto de alguma filiação,
não tardam a ressentirem seus próprios erros em compactuar muitas
vezes com o rebaixamento de seus status humanos, quando se apercebem
o modal do que era quando algo se empoderava cada vez mais através
de Governos concessionários, e que agora vestem a roupa do verdugo
revolucionário, aquela peça de peão sem rumo em um tabuleiro
somado em espécie do que não se encontra mais aquele bilhão que se
prometeu. A mesma concessão que o impedia de possuir um real
pensamento a respeito torna-o intolerante com aqueles que pensem de
modo independente sem serem sectários, pois é realmente
transformador – ou será – aquele que, formado por seus
representantes na democracia, e por todas as suas estruturas,
governar realmente com mãos limpas. Só será genuíno o homem sem
culpa no cartório.
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