terça-feira, 17 de outubro de 2017

ANDAMENTOS MODULARES

          Qual não seria a nossa impressão urbana em navegar silencioso... Os pés sobre as ruas de uma cidade, ou melhor, um bairro, ou quanto distante de uma identidade humana: um distrito, se é assim que se chamarão os bairros. Quais mapas nos mostram os andamentos de uma área, se na compreensão de olharmos seguidamente para o chão, ou algo mais direto em entorno, e ao céu, vemos coisas que são distintas, sempre. Por exemplo, uma cidade ou um bairro totalmente limpos, meticulosamente, não têm sua razão de existência, até pelo fato de que por aqui moramos nas Américas. Em um universo do fantástico, do ímpar, do distinto, das coisas que estão na Natureza, em nossas arquiteturas, e em nossos habitantes, o povo com suas criatividades e idiossincrasias que apontam por vezes ao intangível, apesar de tudo.
        Mas que o caminho que traçamos por vezes o fazemos mentalmente, ou na intuição, com homens, mulheres, com folhas e seus ventos, com alguma palavra igualmente! Que fujamos dos padrões desnecessários, já que um ferruginoso braço dá a sua luz por vezes com as vestes do amorfo, justo quando pensamos que uma sociedade ideal se forma, mas que o idealismo – já se sabe através da história – por vezes acoberta certos padrões que se tornam uma única visão de um todo sem nome. Daí parte-se a intolerância e seus igualmente ilusórios e covardes modais de combate, onde antes daríamos lugar ao diálogo, e antes ainda no prefácio a manifestação hostil passa a ser a condição dos introitos.
          Facilmente, ou melhor, animalescamente é fácil aprender essas lições em que não precisa ter cultura, verniz, nem formação erudita ou mediana para criar os insights crus e suficientes para modelarem um comportamento desse modo. É só seguir a folhetinesca oportunidade de ver uma TV ou olhar para o smartphone bebendo passivamente de ambas as neuroses que, aliás, estão bem conformes com a sociedade deste novo século. A mesma loucura da patologia clínica paradoxalmente encontra em outras personagens que atuam em cargos de responsabilidade, responsáveis por vidas humanas, a normalidade aceita de atos brutais em nome de algum critério que tangencia a moral ou as questões de enriquecimento, de poder, etc. Jamais em nome do bem comum. Isso abre cada vez mais espaço para sociedades totalitárias, onde se investe maciçamente em segurança e não se rega a raiz primeira da sociedade que é a educação.
         É quase fácil prosseguir vivendo como jovem na sociedade sem rumos, com a farsa da bússola que são os displays que se conectam a - pensamos erroneamente - tudo, inclusive aos games de civilização e de guerra e violência, como muitos acreditam que se treinam para algo que na questão da história pecam por não existir paralelos.
          Os andamentos existenciais, o modus de um cidadão inserido nos modernos contextos produtivos se dá através de frequências modulares, onde exponencia-se o linear do comportamento correto para profissões de demandas mais altas e permite-se irromper brutalidades entre classes mais baixas. A rotina como vida convexa em relação ao humano, a polarização involuntária de instituições em uma farsa de interpretação onde quem obedece manda, geram a mesma influenza das enfermidades psíquicas com as dissociações onde quando quer o indivíduo manter-se na realidade, a ilusão personificada estranha o comportamento quase infeliz de um homem ou uma mulher que sabe o que está acontecendo realmente no Brasil e em outros países onde o declínio da sensatez está vestindo estranhas formas de grupos que almejam o Poder. Não necessariamente com a capitular no p, posto seja algo sem criteriosa ética ideal no bom senso de que fosse. Um paradigma quase insustentável onde se prepara internacionalmente um mundo totalitário às avessas, um recrudescimento de nacionalistas que privilegiam corporações e castas religiosas. Tolhe-se a liberdade com o podão afiado das invectivas sobre os costados dos pensamentos mais atinentes, verte-se em pequenas farpas de uma guerra de informações os andamentos modulares, onde cada qual busca se encaixar em seu pequeno – a princípio – grupo, na maneira de caminhar, no temor em sair sem blindagens, na segurança de estar sob as câmeras, na fotografia localizadora, no jargão de conversas abertamente ofensoras, e na arrogância já consolidada e intolerante, quando o cidadão já se torna peça de Poder. O clone grotesco disso está no aspecto do crime, mais imputado rigorosamente, vindo das catervas.
            Portanto, qualquer sistematização hierárquica deve servir ao serviço único de suas corporações, pois o Poder em si apenas deve servir aos interesses da maioria da população, estendendo seus benefícios dentro de um regime democrático, e não no modal de subverter esse mesmo regime, enquanto legitimamente constituído pela preferência popular. Outrossim, veremos estranhos “atores” representando farsas dentro de um complexo e doentio padrão social, enquanto afora a ilusão e a modularidade vã recrudescem. Passamos a constituir uma sedimentação forçada de estruturas arcaicas como rochas dentro de um lago: imóveis, vagas e falsamente solidárias dentro de sua pequena babilônia de uma superficie onde os monstrons vivem em suas profundezas, prontos para emergir a qualquer momento...

Nenhum comentário:

Postar um comentário