Restava uma
folha qualquer na amendoeira, as amêndoas onde se comia pequena porção da
semente caíam mais pesadas, as folhas que a varredora dera conta, mas restava
uma naquele segundo de agora anterior, e vendo mais agora ainda se formara um
tapete mínimo com o vento. Seria excelente ver as raízes como sempre, regadas
pelos cãezinhos machos, muitos a dizer que eram de território, mas essas
palavras não diziam que o faziam sem sequer saber que os homens nada entendem
de cães, a não ser o adestramento de si com o animal.
Como em um
truque Emília saíra mais tarde na manhã, com seu mestiço de labrador com
pointer. Era um lapso, não sabia ao certo o caminho daquela manhã, sempre
assim, quando chegava a uma esquina onde um senhor mais idoso soltava seu cão –
porte médio – para entreter-se e marcar o espaço com uma presença algo festiva.
Talvez tivesse bom coração, mas Emília relutava em saber se continuaria na Rua
Azul ou se continuava pela Rua Capitão Savas. Talvez tivesse seus primeiros
instintos. Isso de prosseguir pela avenida que dava a uma pequena loja de
quinquilharias lhe dava na veneta de levar o cão a fazer as necessidades em um
mato baldio perto de uma igreja. Era tarde, e a contradição entre escrever nas
páginas que lia da paisagem e transcrever um absurdo de tocar no assunto para
mais de dez dava de ser um contraponto: as melodias traçando a harmonia de um
conjunto que aquela encontrasse, ou em uma feira, ou em casa, escutando um
concerto de Brandemburgo, de Bach. Não sabia como se escrevia esse concerto,
mas não necessariamente ficaria procurando qual a melhor forma de encontrar o
nome exato. Como na intimidade de Emília, seus sonhos não era muito ritmados e
não possuíam cores de que se lembrasse...
Fundamentalmente,
se existisse uma cor grená seria o cinza? Saiu com a blusa cinza e o coração
laranja, raiado, uma estampa que a cobria na frente do tórax: grande! Sorria,
partiu, finalmente para enfrentar o outro cão, mas antes pediu para que o dono
o segurasse. Estava feliz, de ver algumas dúzias de folhas como chuva, os talos
rompendo-se em silêncio, a cama de calçamento nas calçadas de pequenas
pedrinhas, onde repousavam as mesmas folhas, e essa consonância dava espaço
para ver nessas gotas grandes de palha os pássaros por traz, por entre as
rochas. Descidas e subidas, como no contraponto bachiano. Assim era, e ela não
vira a árvore ser plantada, apenas via a sua história na raiz, na sua própria,
mesclada com o madeiro, na erva que crescia por entre os nós como tipos de braços
fincados na terra. Olhou para os lados e viu muitas janelas e a ausência de
dentro refletia os passeios externos, quanto de ser o que era: uma mulher com
suas fortes pernas a variar expectativas em todos os diferentes dias, justo,
pois uma formiga que vira na folha carecia de registros iguais no dia anterior,
e teria quase uma hora para descobrir uma mínima pedra para lhe dar mais
alentos felizes.
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