domingo, 29 de outubro de 2017

POESIA CONSEQUENTE

O olhar por sobre a superfície não se nos nubla a intenção, posto fato
Quando encontramos a Natureza no céu, óh vasta superfície profunda
E no tanto a contemplarmos o mar no inverno, quando seu sal nos alcança…

Por não podermos muito, que Krsna nos mereça nos merecimentos de Deus
Àqueles que primam por crer na vida, esta que nem sempre encontramos
Em infinita escritura, mas por referência é mister nos pautarmos também!

Em vida plena o pulmão recebe a latitude dos ventos, postando feliz
Que milhões de diafragmas captam as luzes e suas imagens em máquina
Que consente que sejamos a face da libertação sem as mágoas da dúvida.

Seriamente compenetrados em tarefas árduas, um ser pode revelar pertinácia
Naquilo que o move em sonetos de Beethoven, naquilo que não compreendemos
Já que a música é de uma pátria em que se mostrou gigante por sua métrica!

Sim, há modos de pontuarmos um episódio nem sempre tão fugaz em seu modo
Mas que na classe de outros personagens rescende a uma fragrância sutil
Como o despertar de um jasmim no novembro de um Sul das Américas!

Sente-se por vezes que o dia tarda em aparecer, no seu silêncio de escumas
Quanto de suas nuvens a se rebelar nos girantes movimentos dos pássaros
Na mesma dimensão noturna em que os faróis não encontram amigos.

Seguem-se outros que na única verdade que se lhes parece, igualmente,
Retornam carros e carros por uma via que se lhes possa andar de igual
Para um semáforo ilusório de que a mesma noite de outrora fora melhor…

A página emperrada de um tempo oferece a máscara de um sinalizador
Em forma de árvore que desbeiça em longo beijo o desabrochar de flor
Na mesma ordem em que esquecemos que a sapiência pode ser segredo.

Em um livro grande sabemos bastante de muito, e que seja o livro que compraz
Em uma esteira leve sem o adorno posto cama linda de junco e areia
A silenciosa coluna jônica que não interfere na beleza grega pois por ela está.

E a poesia verte a mancha azul de uma cor desbotada nos moldes da forma
Enquanto reverberamos esperança quando trocamos olhares de bondade
Em meio a súcia hostilizadora de antigos habitantes da terra do São Nunca.

MITO E RELIGAR-SE

          Porquanto o mito fosse bem compreendido, talvez nossos estudos possuíssem mais da ciência natural. Se um homem não sabe descobrir muitas coisas em seu entorno, se precisa estar alicerçado em uma máquina para filtrar conhecimentos, essa coisificação não o tornará mais completo. Essa completude, algo que ajude ao menos a construir um caráter, que não falemos do self, mas do caráter, da sinceridade, do humanismo. Um caminho para isso é sabermos que somos cidadãos de nosso próprio tempo e nossas conquistas históricas que, por serem avanços, resta que não nos furtemos crendo que são teores de doutrina ou de interpretação, posto quando uma coisa é, o é de fato, a partir do momento em que a crença em algo maior que o materialismo é causa concreta de se receber respeito e atenção.
           Partirmos a um materialismo grosseiro e dogmático é o mesmo que criarmos ortodoxias onde tudo é mais simples de se saber: quando se é honesto o caráter é mais límpido e permite a transparência de boas atitudes, mesmo que para isso tenha que se fazer um esforço redobrado para manter a boa conduta. Essa condução prima em todas as esferas, dos que possuem algum poder, ou muito, e daqueles que partilham o território brasileiro com a boa fé em nossas instituições. Justos que tenha-se que partir destas a responsabilidade de conduzir uma boa administração de seus problemas, mas a imparcialidade tem que primar pelo ato, pela consubstanciação do ato, da ação, do juízo, da solução de muitos problemas e da apreensão que será não pensando egoisticamente que se resolvem problemas que devem ser do coletivo, pois quem elege sua representação é a massa trabalhadora e é nessa questão pontual que pode-se afirmar que a legitimação de uma honestidade de quem dá duro e trabalha honestamente não encontra na maior parte das vezes a mesma honestidade que está ausente naqueles que representam-na. Pensemos que trabalho insano é claudicar em erro algumas instituições que se tornam engessadas por questões de interesses gigantes que depõem contra a maioria… Trabalhos investigativos que no final por vezes têm uma vida curta, óbices quanto à proeminência de poderes investidos em quem trabalha em instâncias supremas da corte, como visivelmente vemos altercarem-se colegas da justiça em ofensas que são muito e muito sérias, quando a verdade nelas se assenta.
           Há que nos religarmos em manuais de conduta cruciais, nos princípios básicos da Constituição Federal na questão de direitos adquiridos, e não permitir que a exauram enquanto uma Carta que merece ao menos o respeito pela sua história e surgimento, como a síntese do que foi o reencontro do Brasil com o parto tão duro que fez nascer em nossa nação a democracia, depois de batalhas como a Diretas Já e outras questões relativas com o verdadeiro progresso, depois de longos anos de dificuldades institucionais. Não importa se somos nós os brasileiros um povo que muitos dizem ser cego e nulificado, pois a necessidade maior é que levemos as luzes onde os cegos possam ver, as palavras onde qualquer deficiência, seja de consciência ou não, possa se situar enquanto podemos – e sempre poderemos – almejar um país melhor para todos, mesmo que a alguns não se credite vantagens quando o pobre pode ganhar mais e consumir melhor, uma proposta fundamental que LULA implantou neste país de desmandos e máfias. O Bolsa Família foi a maior conquista para o povo brasileiro junto com a equiparação do mínimo, e quando a Minha Casa Minha Vida sofreu reveses, justamente ocorreu por má vontade de outros administradores, muitos regionais.
          É humanamente impossível que façam com que nossa maior liderança passe a não ser aceito como Presidente da Nação Brasileira. Em 2018, temos que ter convicção de que se faça a vontade popular, pois é através do voto e da garantia de poder ser candidato, que LULA há de assumir as rédeas do nosso país. Não há outra alternativa, mesmo sabendo-se que a imposição de um quarto poder – a mídia – que gera uma opinião totalmente obediente ao capital estrangeiro e seus sequazes temos que convir que nesta data de comemoração de Martinho Lutero e a criação da Igreja Protestante, todo esse povo que lê decentemente a Bíblia e seus 66 Livros sagrados deve ter em mente que a vontade popular deve prevalecer. Cristo jamais pensou em um futuro sombrio como aquele que se nos descortina, mas foi um bastião de esperança e paz a todos, sem exceção. Em virtude de Seu pensamento e Sua palavra as Igrejas Protestantes seriamente engajadas em suas missões devem se unir para restabelecer a Justiça e paridade política aceitando LULA como o único líder que podemos ter, já que a voz do povo é a voz de Deus!
           Mito e religião. Em uma ordem de restabelecimento de tempos melhores, há que se ter memória o suficiente para colocarmos o Brasil nos trilhos e estabelecermos novos períodos de fé esperança...

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

ENSAIO DE POESIA

Nas vistas de uma montanha prossegue o ângulo infinito e cordial
Como reverberar o sol onde só existe a vastidão de uma selva,
A saber que uma simples árvore de pé não diz mais o dizer maior
Do que a ciência que não é ciência, posto não ser ela a única coisa…

De coisas, que se fale, as coisas, um mundo coisificado no asfalto
Perante pedras que respiram uma quase eternidade do tempo eterno
Que volatiliza superfícies outras respirantes no escape da analgesia.

Tantos e tantos homens e mulheres passam pelo fragor do tempo
Que a uma sílaba pronunciada na sílica, vão-se as ondas e ficam
Marés imensas de uma ressaca anunciada nos dias em que diferimos.

Assim de falar-se quase um tudo no silêncio que outrora era sagrado
Vão-se em varais a beleza de cordel na fala popular que prima a poesia
Com o improviso algo atávico do forte sertanejo e seu repente…

Não há como ignorar alguma tradição que seja de rumor, de cultura,
Nos índios que nos regalam ao tempo que nos não sobra de cunhas
O vértice da mesma ulterioridade que ignoramos sem colocar empatias!

Diz-se que a poesia não é obra dos ventos, que soçobra quando não é
De fato uma modernidade sem a métrica de um compasso que não dita
Mas que o esquadro de sua geometria a balança dentro de um longo dia.

Tempo do dia que se torna curto, sombra de uma noite em que se dorme
Quando anunciada a madrugada de outro tempo em ciclo natural e conforme
A se dizer que fosse idealmente sagrado a todos os que zelam por cidadãos.

No arremedo de um ciclópico destino, vemos a poesia traçar rumos
Nos cantos arredondados de uma sóbria natureza, que não claudica
Nas vestes que assombraram séculos de luzes, qual de natureza igual.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

PEÇAS DE FABRICO

            Quem fosse de escutar a experiência de muitos, quiçá assim: presencialmente, não como palestra paga, mas de apreensão do conhecimento, saberia muito, posto o mesmo conhecimento, quando compartilhado, é um ensinamento de ofício, uma apreensão do fazer, do construir e, de território da arte, a expressão, mesmo sabendo-se que na confecção há espaço para tudo isso. Isso de sabermos, por termos quem sabe a sede de saber, um entusiasmo não pelos ganhos, pelo empreendedorismo, mas pelo engenho, pela construção, pelo know how. Não precisamos estar aptos a montar hambúrgueres ou pastéis, somente, mas a arte, o engenho, a medicina, são caminhos para trilharmos um conhecer ao próximo, ao objeto, a si mesmo... Desta forma, compreenderemos não apenas como somos enquanto seres que criam, ao processo de termos uma boa ideia, o que é um brainstorm, e como isso pode ser levado em equipe, entre outros processos às vezes mais individuais, como o autodidatismo, o estudo aprofundado, as lições que podem levar a erradicar o analfabetismo funcional, entre outros meios de coletivizar o aprendizado.
            O poder humano se distingue pelo mesmo engenho em trabalhar com os recursos que a Natureza oferece. No entanto, uma apreensão verdadeira em relação a Ela demanda que envidemos esforços e criatividade para preservar ao máximo a produtividade humana sustentável para evitar danos e igualmente esforços para reparar estragos. Afora isso, estaremos enfrentando cada vez mais dificuldades, e passa a ser inexplicável o fato de muitos pensarem apenas em si, e que a riqueza gananciosa os fazem passar ao largo do problema, na ignorância de acreditar que existam paraísos no planeta Terra que não passarão pelo fracasso que tem sido a atitude da nossa espécie até então. Tememos por tudo, e Abhayam, a coragem, é rara enquanto viventes que somos, com todos os conflitos por quais passam não apenas a humanidade, mas aqueles gerados pela própria indústria da carne, pelos agrotóxicos, às questões de geopolítica, e uma sensação de que estamos esgotados, quando não pretendemos “treinar” na modalidade tão corrente e padrão... Talvez essa condição que nos aflige seja um divisionismo existencial, particularmente em dezenas de posições, que ao invés de unirem o planeta deixam-no fragmentado em diferenciações que geram os conflitos.
            Não podemos permitir no século atual a assertiva que a guerra faz parte da natureza humana, pois a paz entre os povos é a única possibilidade de construirmos um mundo mais solidário. Isso evidencia mais e mais a necessidade de estarmos no modo da bondade da Natureza Material. Tudo bem que possa ser uma regrinha religiosa, mas na verdade sempre será – a partir do momento que aceitemos o bom senso em prosseguirmos – uma fundamentação lógica do que seria uma civilização da atualidade, e não o desfecho tragicômico do que vem a ser a mesmice enganadora que a História mostra como a paixão irrefreável pelo Poder. Esse neologismo empoderamento, leva a questões de lutas de poderes, no estigma ilusório de cada conectado em algo acreditar piamente ser detentor de algum “poder”, e partir a lutar por vezes em sua covardia inepta à sedimentação que sublima antigos debates necessários, e contendas de modais históricos – apesar de tudo – mais concretos. Vive-se uma ilusão sem tamanho onde grandes massas da burguesia que têm o celular – mesmo sendo pobres, mas pensando ativamente como tal, em contiguidade – passam a “lutar” com os instrumentos por vezes tornadas verdadeiras armas com a intenção de fortalecerem seus grupos escusos, permitindo o empoderamento reflexo da mesma palavra esta, inexistente. Essa farsa na maior parte dos casos passa a ser pontual, mas reflete uma dinâmica ativa em seu propósito alienante com fartos recursos externos, gerando tipos de autarquias de efeito viral, como farsas tipo MBL ou situações similares, com apoio de agências altamente inteligentes no domínio de linguagens e situações mobilizadoras de empatias de apenas um lado, deixando articuladores de lutas outras e já obsoletas quando não se atualizam corretamente órfãos de ações mais contundentes, o que não abre espaço para meio termo. Torna-se inepto um país plugado nas correntes bilionárias, plugado no roubar e no emprestar, plugado na entrega e na força, na retração ao progresso e na coação gratuita, nas mesmas hordas que passam a curtir panoramas sinistros ou infernais, passando a frequentar as orgias tão absurdas como nenhuma história nos revelou similares.
            Essa paixão pela guerra aponta um núcleo reduzido em poder real conquanto fluido em movimentos de modais os mais variados, e que se traduz em uma pontual vulnerabilidade, posto alicerçado em toda uma indústria da farsa que tende a concluir etapas que redemocratizam a não representatividade, que inventam outras democracias, que geram estatutos de não interferência sem a contrapartida dos países pobres, e isso vem a contestar o estado de ser humano, que passa a não existir, o estado existencial passa a ser o nada, as verdades circunstanciais da força e da truculência ignara vem a ressaltar níveis de fascismo e suas preparações e aplicações experimentais sempiternas, enquanto como em testes não se trai deveras em todas as faces do experimento. Esse tipo de jogo era previsível: a banca começa a quebrar, mas não quer partilhar o prejuízo com os sócios do cassino... Estes, inumeráveis, fabricam suas peças de antanho, rezam a cartilha de que possuímos uma indústria, creem abertamente que o capitalismo brasileiro já superou o do século XIX, e argumentam que o trabalho escravo pode ser tolerado porquanto a maldade de nossos quase representantes possa fabricar o empoderamento vertical, sem que haja – para quem bebe de sua soma arcaica do álcool das drogas e da mídia – qualquer resistência a esses desmandos que cheiram a enxofre.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

MIRÍADES DE MUNDOS

Que bom se soubéssemos dos mundos de todos, que mundos seriam
Quais plátanos formando parte de florestas, onde nem tudo que seja
É algo que sempre sabemos de quem partiu tamanha noção do tudo...

Mas algo serpenteia no ar, Ravana é forte como um touro, e Indra
Capitula seu reino ao ver a dimensão do que é se empoderar assim
Tanto que esse neologismo corre na dimensão diminuta viral do uso!

As quantidades se multiplicam, famas de poder oculto se vestem
Em atrasos tais que a notícia falsa se multiplica, e à verdadeira
Tecem questões de ordens de natureza jurídica, a saber, nulificada.

Mas que não seja crítica, pois o irrequieto verso não multiplica
Aquilo que vão saber nas empreitadas da academia mundana
Quando o que se sabe a rigor que quanto difícil óbvio, melhor.

Resta saber se possuímos medalhas que sejam verdadeiramente
Do ouro forjado do merecimento, que seja quase olímpica quando
O esforço é recompensado por um aceno de consentimento aceite!

Sim, pudera, mas na ordem de uma segurança pátria vem no conforme
De estarmos em vigília permanente, em rodízios de amianto cru
A perscrutar se mantemos uma pátria livre ou entregamos a segurança...

À vista do pressuposto tão gasto de lógicas baratas falsamente enunciadas
Vejamos apenas o movimento dos peões no tabuleiro, posto universo
De posições inumeráveis e bom aprendizado para quem ainda não conhece.

Nada de se dizer que a poesia seja lição, pois a arte seria válida apenas
Conquanto se permitisse a escalada da inspiração de muito talento
Aliado ao estudo necessário que dê autonomia que não precise de RP.

Pois que nas relações públicas merece a arte aquela que, em silêncio
Não significa nada além da própria e merecedora expressão do artista
Que alheio à qualquer fama casual, ao menos possa despir a poesia.

Posto uma eterna consorte do artista é a mesma arte que não despenca
De qualquer lugar, visto ser o registro indelével da intenção de desbravar
As fronteiras do intransponível, o gosto de aniz dentro do sabor amargo...

As vestes de alguém que se declare inimigo, sem ao menos saber das togas
Que esquece em casa enquanto a mulher as passa e o esposo sai em brios
Para beber champanhe no torso das amadas no merecimento do descaso.

Não que sejam todos chauvinistas, mas o poeta se ausenta das dores do amor
Quando sabe que tornam a sociedade um acúmulo de posses, onde que se ama
Não se quer tão cedo, e o que retorna é outro acúmulo de segredos torpes...

Oh, sociedade que se torna vil, incompetente, rasura de outros fatigados tempos,
Há quem dissesse que a poesia seria viva no coração dos olhos, mas a fadiga
Naqueles só reverbera no coração dos bons autores as centelhas de Krsna!!

Quem dera fôssemos todos uma grande obra, um incontinente Brasil, sem o z,
Podendo falar de algo que nos dissesse de bons tempos de outrora, quem dera,
Assim nos diríamos a mais do que o sem tempo que escurece a visão na luz...

Essa esperança teremos, em sermos bons quadros nas batalhas do mundo,
Em não estarmos sós em lugares ou situações que nos levem ao duvidar a esmo
Incontinente situação não entre nos litígios sem causa por motivos existenciais.

Assim de se viver será melhor ao menos se pensarmos mais no próximo,
Não como alguém que está prestes a chegar até nós para pedir ao infortúnio,
Mas a outros a quem temos que nos aproximar a dizer que nem tudo é ruim.

A injustiça parte do pressuposto de que a vida sem a alma da generosidade humana
Em querermos melhorar para todos, se traduz na inépcia em não sermos nada
Achando assim mesmo que estamos colaborando para um mundo mais justo!

sábado, 21 de outubro de 2017

O TEMPO ÍGNEO

Afora o tempo, estamos ao menos em certos ensaios de uma orquestra
A não se encontrar com a mesma frequência, dos tímbalos e metais
Em que são sopradas notas ao sabor das folhas e seus ventos…

Um calor inexistente de Vulcano, a pétrea imagem de um Carrara,
O vídeo que não encerra tudo posto o que saberíamos já era sem hora
Nas vértebras suaves de um dinossauro e suas vozes de petróleo!

Quem dera pontuássemos sacrifícios à parte, na não partícipe questão
De apenas deixarmo-nos viver sem ciclos de perguntas e respostas
Quais estímulos que não precisamos mais saber, posto sabermos que hão.

De haver, se desse tanto ao verbo a questão mais verdadeira e modal
Seríamos melhores se fabricados ao lento de uma velocidade relativa
Em que o Universo é apenas uns degraus além da residência infinita.

Talha-se o corpo de nossa própria pele, algo de substrato e circunstância
Que nos despe a aurora de outros consentimentos e noções de ferro
Que Kali corrobora estendendo a si do que muitos já esperavam no ler.

No entanto, a Era Diamantina nos prescreve a face de uma tez ignara
Posta no vernáculo de alguns tempos de fogo, que não nos teçam de vez
As contendas de que não fazemos parte, visto que do que não se quer se tem.

Radha e Krsna tornam-se a dança de um período em que meditemos um pouco
A ver que algumas questões de paraíso nos revestem não no que usufruímos
Mas daqueles que bebem o veneno para depois sentirem o gosto do néctar!

Quando nos apercebemos de alguma atitude invertebradamente hostil
Recapitulemos que os vermes sentem sua existência na Terra na mesma dimensão
Em que a função dos abutres recapitula a integralidade da natureza biológica.

Outras seriam as questões numéricas, posto quando a oferta é menor
Assistimos algumas hordas de tenazes abertas sobre a nossa generosidade
Na proporção direta em que a intolerância e todas as suas latitudes tentam se impor.

Na esteira das concavidades de nossa pretensão em sermos mais do que outro
Segue-se a vaidade de que ignorar a ignorância torna-se mais um utensílio
Em que esta peca mais por merecer que nunca veio a se pronunciar mais forte!

Em vida de um tempo algo mais conforme com o costumeiro retrato de solo
Se dá a frequência do que nunca houve na complexidade de um relógio
Que apenas marca o tempo digital quando a sílica escorre pelos gargalos…

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

DA CRIAÇÃO EM CRIAR ALGO

          Muito complexo seria pensar que nada a ser criado já existe… Por hora tendemos a pensar assim, mas há cerca de algumas palavras já foi criada essa oração. Quiçá período, quiçá sentença, mas apenas isso, um texto que parte de uma especulação sobre a dúvida e tenta elucidar mistério. Tantos que somos a elucidá-los ou ao menos tentar. Houve a criação de Deus, ou em qual seja, que são inúmeros e talvez um só, mas essa assertiva parte de questões teológicas que o autor sequer furta a tentar a empreitada nesse campo.
          Ao menos que se saiba: a realidade, no entanto, é tão extensa que um físico experiente sabe dos seus infinitos, que a matemática traduz tão bem. Um homem não se sente só quando pode escrever, neste exemplo próximo em que sua solidão se verte em qualquer carta, qualquer mensagem que possa atingir o olhar de quem gosta de novas palavras. Que se saiba igualmente que as letras podem partir do pressuposto abstrato e compor sentido, compor uma poesia, espelhar um sonho, expor verdades, denunciar farsas.
          Diz-se que a filosofia por vezes é fruto de uma mente agitada. Mas se serve a que a acalme em construções por vezes ilógicas pela rapidez em que se verte no papel as palavras, cumpre a função espiritual do ser e, quando compartilhada, o ser coletivo, dentro do panorama da compreensão do indivíduo, obviamente. O coletivo é fruto do debate, e não necessariamente sempre chega a um consenso, mas o diálogo e seu debate tem a importância de podermos diferenciar o certo do errado, o que é bom para a maioria, o que é uma injustiça, e como se pode construir não apenas um bairro positivamente, mas todo o nosso mundo. Temos que fazer com que as palavras criadas sejam acessíveis, e que sejam traduzidas ao bem comum, no seu sentido mais pleno de entendimento, quanto da erudição chegar ao rês, e a palavra ser o caminho alfabetizador do aprendiz, criança ou adulto. Nessa condição o próprio acesso vem a ser a criação, ou seja, dentro de um contexto de um sistema urbano, de uma arquitetura, damos acesso a que se melhore a condição de uma cidade, quando há competência. Igualmente, se tornarmos o universo das letras algo fascinante, até mesmo aprendizagens técnicas e exatas como a matemática encontram suas ressonâncias na boa escrita. Muito do que se perguntaram alguns mestres tem a ver com o compasso, com o ritmo, com a mensuração do próprio tempo; a literatura nos ensina a como vivermos plenamente o encontro com a história, com a ficção, com a realidade, com a filosofia e o pensamento de tantos e tantos homens e mulheres que fazem ou fizeram de sua expressão a latitude única e cabal de suas experiências. Podemos criar nesse exemplo, construindo o próprio conhecimento, e nessa questão da palavra a leitura é assaz importante para um reconhecimento do nosso passado, a posição na atualidade e as projeções e planejamento quanto ao futuro. A se tentar não errar, pois estudar com afinco nos revela a questão do erro e dos acertos decorrentes quando os assumimos em nossas vidas, já que em notas vemos o termômetro de nossos conhecimentos, e na prática a aplicação deles em nossas vidas.
         Lógico é que queremos um mundo melhor… Mais lógico e humano será estendermos esse desejo de melhorar a todos, e as questões que nos levam a isso não necessariamente passam pelas condições de sistemas ou metodologias. Apenas o cerne que nos acompanhe, esse fator de igualdade de oportunidades e condição de vida para a maioria de nossas populações passa a ser a criação sem estigmas da melhoria progressiva de todo um país. Pois que criemos: para melhorar-nos de vida!

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

QUANTO SE NOS BASTA?

           Quantos gostariam de enobrecer seus discursos, como se o que dissessem afetasse o perfil de falsas construções? O basta é peremptório, recluso enquanto na poética das ruas, intenso quanto à nova palavra essa a ser reinventada por discursos mais curtos… Por uma periodicidade humana traçamos ao vento sua sapiência, e pedimos às pedras que nos deixem retratá-las. Ainda não nos bastamos a si próprios, pois a veemência do absurdo tangencia o colágeno sem cálcio! Se soubéssemos a verdade sobre seus aspectos um pouco mais lineares, veríamos nas calçadas uma síndrome de bem aplicadas pedras portuguesas, mas urge sanearmos antes, permitirmos a sacralidade da despoluição, um tempo de progresso que nos una na questão que se atina, que se invente, que se classifique como boa: que a toda a cidadania possa preencher. Quiçá fosse uma ordem universal, um paradigma de nosso mundo, a mesma concepção em que avançamos no decorrer da história em leis mais humanas e que agora a subversão de valores – fato mais grave do que a corrupção, posto esta não possuir sutilezas – implica na cessão desses direitos adquiridos pelos povos emergentes dos continentes da Terra. O teor dessa ordem inumana verte por sobre as imundas calçadas do subúrbio as esperanças de tantos e tantos que neles residem. Não há fatores criados pela solidariedade sem os rótulos de quem a pratica, sem dizermos que porventura fosse possível atualmente vir aquela da sociedade ou grupos que estão empoderados, no cume da pirâmide, blindados por amizades e contratos espúrios, e eventualmente quase sem cessar em tempos nada reticentes atitudes de regresso, atrasando não apenas o desenvolvimento nacional de nossas potencialidades, como reservando no discurso chauvinista a pretensão misógina e incoerente de pautar a favor da nação brasileira.

           A quem queira, não há carapuças. Vestem-se a caráter, com mafiosas gravatas, essa titularidade de ferrugem de uma cosa nostra que mostra agora a face descarada quando conivente com o sistema judiciário, que agora não bota mais freios em suas sinapses direcionais. Na verdade, há homens no Poder que tramam todos os dias em silêncio para exaurir a pátria, perseguir seus patriotas, como cooptar em estruturas de coação para servir a eles aqueles que não recebem definitivamente o quinhão que passam a imaginar a vida com o mesmo. Essa triste realidade oferece a poucos e subtrai de milhões. Triste é constatação de isso ser um fato incontestável, algo que abre uma ferida tão grande em nosso território que apenas devemos evitar que não gangrenemos a esperança de que boas e periódicas e tenazes atitudes venham a sedimentar o bom senso de uma democracia mais madura e historicamente justa, dentro da possibilidade igualmente incontestável de que o povo brasileiro merece respeito.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

A UM SER IMAGINÁRIO

          Algumas criaturas já foram criadas na aparência, não propriamente vida, pois somos reino biológico e natural, mas no caudal imaginativo, que talvez não se possa crer muito, mas que da arte suspiramos boas primaveras enquanto aquela subsista em seus modais criativos e prosseguimos, que teatro e cinema são ainda mitos fortes. Um ser não poderia ser tão imaginado como algo a se seguir, se tantos dos seguidores fossem, mas que o livro pode consignar um fato, uma comédia, um romance exemplar na letra que igualmente subsiste, concreta ou imaginária. Possamos ver um livro como um ser, um que sequer imaginamos, pois é a sua existência cabal de sabermos que não precisamos lê-lo como tarefa, mas sim de escolha nossa, na liberdade de ler qualquer um… Posto quando recebemos dos progenitores a orientação primeira de nossas vidas, em base de respeito, quando escutamos os mais velhos, com base em respeito, enfim, quando adquirimos conhecimento sem máculas de sabermos vislumbrar várias faces do mundo, incluso de preferência de cada qual a seguir igualmente a espiritualidade, a fração indizível do que por vezes não conhecemos e nem podemos, posto termos sentidos imperfeitos, a imersão na liberdade é profunda. Agora, se colocamos como meta o freio na mandíbula nos tornamos peças da engrenagem, seja de que sistema for, seja de que ordem, pois faltará a amplitude reservada aos mahatmas: grandes almas. As fontes de nossas luzes, todas as dimensões reverberadas da amplidão do universo, tudo isso é apenas uma centelha diminuta e finita do esplendor de Krsna! Vale falarmos, temos a nossa consciência para arguir, para lapidar, para traçar rumos na arte. No entanto podemos crer em Deus, no entanto igualmente podemos ser ateus. Na visão de um ateu não existe Deus, e na visão de um devoto o ateu esta equivocado. É preciso respeitarmos a nós mesmos, e a fonte de conhecimento, material ou espiritual, ou ambas, é gigantescamente infinita, pois pede o olhar dialético, a compreensão de uma vida, justo quando primamos por uma sociedade incandescente nas diferenças, luminar tanto no indivíduo quanto no coletivo. O que podemos aceitar de uma vez por todas é a necessária tolerância em todos os modais humanos, e que, convenhamos, não precisamos aceitar que as guerras façam parte da humanidade, pois esta deve primar pelo bem estar de todos, e não de seletas minorias calcadas na injustiça social.
          Não precisamos de um ser imaginário, de um herói, de um homem ou de uma mulher distintas de todos os outros, o que precisamos é que mais e mais gentes alcancem uma consciência mais constituída no sentido de preservação do planeta e de si mesmas. Precisamos daqueles que lutam e se sacrificam em nome da não violência, pois esta deve ser rechaçada, a não ser em legítima defesa ou para defender o próximo, o patrimônio público e privado, a legalidade enquanto seja assim o mundo em que vivemos. Mas temos que respeitar a vontade popular, pois a nossa democracia urge para um reconstrução digna das escolhas constituídas pelo voto, o fato de preferir-se alguém para um cargo, desde a aurora de um vereador até uma vitória no escrutínio de um Presidente. Pensarmos em um país melhor é deixarmos que o povo participe de seus atos, uma democracia onde haja voz, a escolha livre, geral e irrestrita de seus quadros e, sempre, uma educação que não nos faça apenas imaginar a personagem, mas que traga a realidade a ser crítica e amplamente discutida ao palco giratório do povo de nosso país. Seria uma questão cada vez mais salutar aquela que traduz a igualdade perante a Constituição, em que cada cidadão tem os mesmos direitos do que outro, e que ninguém pode jamais se prevalecer de um cargo, de uma instância, ou de uma influência nociva para prejudicar quem quer que seja. Sob essa ótica deve haver no mínimo uma certa revisão de atitudes que muitos julgaram consagradoras, mas que a corrupção da atitude sob o peso de interesses ideológicos ou corporativos revela uma falsa legalidade onde – como citado acima – nem sempre a corrupção se embasa no ganho de enriquecimento ou poder, mas muitas vezes da fama do tempo das antigas oligarquias, que criaram muitos rancores em perder, na história do trabalhismo deste país, quando Getúlio passou a tomar o Poder Federativo da República Brasileira.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

ANDAMENTOS MODULARES

          Qual não seria a nossa impressão urbana em navegar silencioso... Os pés sobre as ruas de uma cidade, ou melhor, um bairro, ou quanto distante de uma identidade humana: um distrito, se é assim que se chamarão os bairros. Quais mapas nos mostram os andamentos de uma área, se na compreensão de olharmos seguidamente para o chão, ou algo mais direto em entorno, e ao céu, vemos coisas que são distintas, sempre. Por exemplo, uma cidade ou um bairro totalmente limpos, meticulosamente, não têm sua razão de existência, até pelo fato de que por aqui moramos nas Américas. Em um universo do fantástico, do ímpar, do distinto, das coisas que estão na Natureza, em nossas arquiteturas, e em nossos habitantes, o povo com suas criatividades e idiossincrasias que apontam por vezes ao intangível, apesar de tudo.
        Mas que o caminho que traçamos por vezes o fazemos mentalmente, ou na intuição, com homens, mulheres, com folhas e seus ventos, com alguma palavra igualmente! Que fujamos dos padrões desnecessários, já que um ferruginoso braço dá a sua luz por vezes com as vestes do amorfo, justo quando pensamos que uma sociedade ideal se forma, mas que o idealismo – já se sabe através da história – por vezes acoberta certos padrões que se tornam uma única visão de um todo sem nome. Daí parte-se a intolerância e seus igualmente ilusórios e covardes modais de combate, onde antes daríamos lugar ao diálogo, e antes ainda no prefácio a manifestação hostil passa a ser a condição dos introitos.
          Facilmente, ou melhor, animalescamente é fácil aprender essas lições em que não precisa ter cultura, verniz, nem formação erudita ou mediana para criar os insights crus e suficientes para modelarem um comportamento desse modo. É só seguir a folhetinesca oportunidade de ver uma TV ou olhar para o smartphone bebendo passivamente de ambas as neuroses que, aliás, estão bem conformes com a sociedade deste novo século. A mesma loucura da patologia clínica paradoxalmente encontra em outras personagens que atuam em cargos de responsabilidade, responsáveis por vidas humanas, a normalidade aceita de atos brutais em nome de algum critério que tangencia a moral ou as questões de enriquecimento, de poder, etc. Jamais em nome do bem comum. Isso abre cada vez mais espaço para sociedades totalitárias, onde se investe maciçamente em segurança e não se rega a raiz primeira da sociedade que é a educação.
         É quase fácil prosseguir vivendo como jovem na sociedade sem rumos, com a farsa da bússola que são os displays que se conectam a - pensamos erroneamente - tudo, inclusive aos games de civilização e de guerra e violência, como muitos acreditam que se treinam para algo que na questão da história pecam por não existir paralelos.
          Os andamentos existenciais, o modus de um cidadão inserido nos modernos contextos produtivos se dá através de frequências modulares, onde exponencia-se o linear do comportamento correto para profissões de demandas mais altas e permite-se irromper brutalidades entre classes mais baixas. A rotina como vida convexa em relação ao humano, a polarização involuntária de instituições em uma farsa de interpretação onde quem obedece manda, geram a mesma influenza das enfermidades psíquicas com as dissociações onde quando quer o indivíduo manter-se na realidade, a ilusão personificada estranha o comportamento quase infeliz de um homem ou uma mulher que sabe o que está acontecendo realmente no Brasil e em outros países onde o declínio da sensatez está vestindo estranhas formas de grupos que almejam o Poder. Não necessariamente com a capitular no p, posto seja algo sem criteriosa ética ideal no bom senso de que fosse. Um paradigma quase insustentável onde se prepara internacionalmente um mundo totalitário às avessas, um recrudescimento de nacionalistas que privilegiam corporações e castas religiosas. Tolhe-se a liberdade com o podão afiado das invectivas sobre os costados dos pensamentos mais atinentes, verte-se em pequenas farpas de uma guerra de informações os andamentos modulares, onde cada qual busca se encaixar em seu pequeno – a princípio – grupo, na maneira de caminhar, no temor em sair sem blindagens, na segurança de estar sob as câmeras, na fotografia localizadora, no jargão de conversas abertamente ofensoras, e na arrogância já consolidada e intolerante, quando o cidadão já se torna peça de Poder. O clone grotesco disso está no aspecto do crime, mais imputado rigorosamente, vindo das catervas.
            Portanto, qualquer sistematização hierárquica deve servir ao serviço único de suas corporações, pois o Poder em si apenas deve servir aos interesses da maioria da população, estendendo seus benefícios dentro de um regime democrático, e não no modal de subverter esse mesmo regime, enquanto legitimamente constituído pela preferência popular. Outrossim, veremos estranhos “atores” representando farsas dentro de um complexo e doentio padrão social, enquanto afora a ilusão e a modularidade vã recrudescem. Passamos a constituir uma sedimentação forçada de estruturas arcaicas como rochas dentro de um lago: imóveis, vagas e falsamente solidárias dentro de sua pequena babilônia de uma superficie onde os monstrons vivem em suas profundezas, prontos para emergir a qualquer momento...

domingo, 15 de outubro de 2017

O PAINEL QUE A SOCIEDADE CRIA

          O que seria bem um painel? Algo de formato frequente e padrão? De acordo com a nossa percepção havemos de saber que o olhar humano possui níveis de profundidade, maiores do que o filme, maiores do que o vídeo: interage, posto a ação humana descreve, dialoga, ou perscruta se há uma motivação da curiosidade… Há dias e dias que nos atemos a painéis, acreditando serem estes o retrato fiel da instrumentalização derradeira enquanto o “novo” não traduz o que se pretende no alongar recursos, no que temos por rebatimento de outros instrumentos, mas devemos saber que o salto da ciência hoje é mais quantitativo do que qualitativo. Isto é apenas uma constatação que pode estar vinculada a um debate ou a diálogos que elucidem mais a importância justamente do que sejam essas superfícies inteligentes, funcionalmente citando. Justo, a estética toma um lugar efêmero enquanto tradução limitante de meios da informatização enquanto a extrema funcionalidade do chip enquanto coisificação funcional e, no entanto, inevitável em muitos sistemas ocupa o maior espaço existencial enquanto engrenagem onde tudo “funciona” ao gosto do novo público em uma vertente que paradoxalmente traz resultados aparentemente consagradores como novo meio, mas no mesmo viés a privacidade enquanto informações debatidas gera uma exposição que permite a que muitos interesses a elas tenham acesso. Essas informações ao mesmo tempo que incluem muitos usuários na conformidade de uma cidadania sem precedentes como participação através de um meio mais democrático de comunicação, permite a comercialização ilegal enquanto fora do consentimento de suas fontes ou de sua autoria. Essa lente investigativa sobre o fato de muitos estarem em um rebatimento cada vez mais ilusório na aceitação ipsis litteris de falsos enunciados ou conteúdos duvidosos faz crescer paradoxalmente a ignorância daqueles que ignoram a verdadeira informação, o uso mais correto dos meios de comunicação, em virtude de crerem de modo postulante que a osmose é a maior faculdade, ou a mais fácil de se manter informado. Não apenas de canais noticiosos, mas aceitando quaisquer verdades vindas de certos autores que possuem lauréis, incluso por vezes fabricados, ou vindo de instituições nem tão idôneas. A releitura de muitos processos baseada na dúvida e no aprendizado dialético em como abraçar o conhecimento mais cabal é necessária, ao menos para não permitirmos a dissociação psíquica, que já ocorre nas sociedades modernas em função dessa corrida às informações, contatos efêmeros, frustrações de popularidades antes forjadas, e posicionamentos na externalidade da realidade do indivíduo como cidadão e consumidor livre dentro da necessária e crucial legalidade.
         O painel dos botões torna-se mais amplo, e no entanto mais controlável, posto por vezes um painel ligado a outro em rede, que o outro se conecta a diversos, não revela no primeiro a dimensão viral em que pode se tornar uma injúria, uma atitude suspeita, ou a permissividade de que grupos deletérios que depõem ao andamento democrático saudável de uma sociedade não observe que reside em cada – e são muitas, inumeráveis – consciências a limpeza e a construção permanente de um caráter honesto e íntegro, cada vez mais necessário nestes nossos tempos onde o egoísmo e a função desonesta de se obter vantagens respira seus quadros aberrativos em muitas instituições onde se perdem autoridades nas questões antigas de contra ideologias, já que não é mais a questão ideológica que está em jogo, mas apenas – em se tratando do Brasil – se queremos uma pátria para todos, ou para apenas um pequeno e nocivo grupo de parasitas. A funcionalidade de uma máquina se torna mais potente quando há a inteligência humana, e acompanharmos apenas as cenas faz-nos tornarmo-nos máquinas igualmente, no que respiremos a lógica humana do diálogo e dos debates e da permissão multifocal do pensamento como forma de evoluirmos ou progredirmos dentro do caudal imanente do anímico e do material. O universo das comunicações permitirá ao homem esse amplo debate, pois não é a partir de novos painéis que ingressaremos em novíssimas tecnologias, já que a corrida das arquiteturas computacionais não avançam mais tanto nos hardwares e suas placas, como em um sistema viário já traçado. A comunicação é que se torna um novo meio, e a integração unificada e internacional em um mundo como o nosso não é tarefa de um século, pois só se dará algo idealmente parecido se os países pobres tiveram aptos a desenvolver tecnologias de ponta, e o que se dá hoje é o fato de representantes políticos das nações, ainda de velhas gerações, muitas vezes regressas em relação ao novo, desconhecerem as mesmas tecnologias que os países historicamente mais desenvolvidos implantam invariavelmente com igualdade de condições e funcionamento azeitado os sistemas necessários e fundamentados no progresso social, condição sem precedentes para que se pretenda um país e um mundo melhor.

sábado, 14 de outubro de 2017

A VIDA AUSENTE

Talvez as cordas da física sejam de importância mais verdadeira
Quando nem as conhecemos em suas superfícies de ciência
Ao que não concluímos sermos seres de outras latitudes de mar
Quando este mostra a nossa pequenez enquanto habitantes da Terra.

A vida se torna quase presente quando vemos que possuímos na mão
Uma caligrafia inteligente, assim, de papel e caneta e de salitre
Quanto de húmus fecundo que podemos ser, canceladas as perdas...

Na profusão de estrelas encobertas por nuvens inóspitas da situação
Nos vemos por vezes alcançando colunas de jade com suas sapatas
Pétreas como o vento gelado que nos abraça no silvo do inverno.

De outro modo quase que aguardamos as eternas primaveras finais
Onde não haveria começo se a ausência vestisse mantos do não trazer.

As mesmas primaveras que por vezes não começam, apenas abraçam
As esperanças de concreto que jamais deixarão de ser nossos alicerces!

Em calçamentos sutis de vias ápias vemos as ervas brotarem nas frinchas
Por onde o próprio vento sopra por encima, resguardando os verdes.

Pousa o pássaro eternamente acompanhado por seus rumores de voos
Por onde avistamos quão imenso é o que não foi criado por ninguém
Quando não sabemos nem quem somos a fim de diferir uma proposta...

As sombras do que não éramos tendem a mostrar-nos quem somos
Quando de nossa ausência escalar, que nos perdoem recursos vãos
Quando sabemos que a estética cede agora finalmente para o funcional.

E vestes nos assombram nossos próprios signos, a transmutar a Natureza
De nós mesmos, quando ainda assim ausentes de outros mudamos a face
Da efígie da moeda, não lembrando que não é moeda por ser, que apenas é.

Que a poesia conte o quanto é, defina o patíbulo de inocentes, sabendo
Que outrora a recuperação de uma pena era possível quanto de espaço
E legendas de conhecimento ainda atravessavam o braço do camponês.

Segue-se a um canto atravessado por murmúrios nada proféticos da vida
Que ela mesma encante um encontro com as letras, estas eternas consoantes
A revelarem o suposto caminho em que um poste pode ter vida de árvore!

O mastro que segura cabos e conexões na sua ausência de pilar mecânico
Em que cabos e cabos trafegam pelos quilômetros de nossas sendas
Quando por fim aprendemos no perscrutar que versos caminham pelo mundo!

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

TRANSIÇÕES DE RUMOS

          Mais um dia, mas era feriado no país. As posições da climatologia afirmavam que não haveria chuva, principalmente sem variar no interior gigantesco, com a seca que praticamente incendiava os matagais. Mas na cidade de Emília fazia bom tempo, e ela não queria estar muito a par de alguma tragédia humana ou natural. Conseguira uma promoção em um novo emprego, justo quando entrara, pois omitira o fato de conhecer inglês fluentemente, e de balcão rumara ao administrativo, quando finalmente conversara nesse idioma com um fornecedor estrangeiro. A pequena loja era, na verdade, um atacadista, e havia um galpão na rodovia federal que poderia armazenar estoques das roupas que comercializavam. Da loja, ela controlaria algum fluxo mais simples nas planilhas, mas haveria de fazer contatos comerciais principalmente com fornecedores chineses e suas jaquetas – principal mercadoria – com preços de acordo com a crise. A Cruiser era uma boa marca, e de micro empresa já se transformara em uma de médio porte, e na cidade que não era apenas uma boa capital de boa logística, já se confirmavam outras praças do mercado regional daquele Estado, onde as roupas e seus acessórios já firmavam contratos permanentes com a empresa Hen Shi, chinesa. O objetivo último de Claudinei seria ampliar até consolidar um bom mercado, e depois usar uma marca outra para tornar o comércio de acessórios mais flexibilizado, diversificando investimentos e padrões de consumo. Para Claudinei, a linha de frente eram as pessoas, e Emília com seu inglês fluente entrava como funcionária mais graduada na empresa, igualmente com seus conhecimentos de planilhas eletrônicas, seus fluxos e cálculos. Inicialmente, passaria a ganhar bem mais do que seus 1400,00 reais que obtivera em sua experiência no balcão de uma padaria, mas trabalhara tão bem que o dono da padaria lhe fizera uma contra proposta, mas o emprego na Cruiser era irrecusável. Bem, a sala onde trabalhava era pequena e os espaços possuíam a aura de aproveitamento total, essencialmente informatizada, e funcionalmente eficiente. Os objetos de escritório não faltavam: as pastas, um ficheiro de gavetas, uma rede bem segura, quatro computadores e dois telefones. Tudo dentro da ergonomia perfeita e com intervalos para os operadores, como no Japão, dez minutos em cada hora. Na parte de baixo desse escritório funcionava a loja e Claudinei a maior parte do tempo atendia a clientela pessoalmente, pois gostava de atender, e essa era a sua qualidade maior como comerciante. Gostava igualmente de conferências econômicas, mas não sabia outro idioma além do português natal e um pouco de espanhol, de tantos verões que aprendera, haja vista a capital – litorânea – receber tantos turistas latino americanos em sua maioria na temporada do verão.
           Os tempos daquele ano transcorriam aparentemente mais serenos no espelhamento da personalidade de Emília. Estava afeita com seu progresso, e vislumbrava tantas as possibilidades da solidez profissional, que nunca pensara no estudo como vantagem ou trunfo, visto para ela sempre ter sido uma necessidade. A lógica dos números e a natureza das palavras eram duas coisas que lhe davam imenso prazer, e recordava seu primeiro romance lido no original em inglês, uma história de suspense de Agatha Christie. E a sua aproximação diletante com as planilhas, especialmente a Excel, que seria uma mostra de como organizar seu planejamento financeiro doméstico, a supor, que funcionara como um aprendizado com aplicação prática. Apesar disso, o cálculo nunca fora muito o seu forte, quando no nível das derivadas e integrais, na faculdade que não terminara… Nas suas horas de folga, gostava de tirar fotos que revelavam sua sensibilidade, e seu amor à Natureza impulsionava essa modalidade de arte. Recentemente, dera para estudar programação e, já com meio século de existência, jamais parava de estudar, pois vira na prática que isso era uma coisa que muitos deveriam se espelhar, não necessariamente autodidatas como ela, mas igualmente na importância que tem a educação para o povo de qualquer nação, uma condição fundamental para a formação dos futuros profissionais ou artistas que partem a construir o arcabouço cultural da sociedade. Emília acentuava seus dotes de mulher independente, e agora estava mais realizada com a oportunidade esta que lhe aparecera. Seus rumos praticamente ampliavam, pois de sua experiência com o orçamento doméstico partiria para a consecução do controle de estoques e outros aspectos da administração de uma loja já estruturada, o que precisava apenas de mais insumos na inteligência operacional. Conforme saber-se do novo como pressuposto, da tecnologia que agrega, que se torna por vezes indispensável, mas que não é por si estanque, ou última palavra, haja vista uma nação investir em seus próprios potenciais criativos, para não cair na modorra de se tornar cada vez mais dependente de recursos duvidosos porquanto separados da realidade própria de cada nação que urge pela independência efetiva e progresso consolidado. Então, cada vez que Emília tinha uma ideia, cada vez em que mais e mais optara por softwares abertos, Claudinei a admirava e pensava: como então, uma mulher madura que mais parece uma eterna estudante e fomentadora de novidades, que boa funcionária tenho!
Emília passara a viver pensando em como otimizar a empresa. Entrava cedo e saía tarde, mesmo porque não possuía um computador ou todas as ferramentas que a Cruiser dispunha. Quem sabe dali a dois meses de economia pudesse comprar o necessário para se desenvolver, embora seu patrão lhe desse carta branca para desenvolver suas ideias e projetar sua eficiência. Promoveu-a, depois de três meses de trabalho a secretária e desenvolvedora, duas funções que até então revelavam a aceitação de uma inteligência multifocal à garantia de se obter vantagens. Como secretária organizava tudo que houvesse dentro de sua alçada, e como desenvolvedora trabalhava espelhando ideias realizáveis a curto e médio prazo não fora da sua função do secretariado. Aliás, o secretariado moderno, onde o diretor, através de sua própria atualização dial, sabe a que serve o funcionário. A transição se fazia na mesma modernidade em função do fator tempo reservado dinamicamente com as novidades e um outro funcionário pesquisava para manter Emília a par das novidades e possibilidades de inovação. A empresa renovava as perspectivas, e era inegável que Emília passava a exercer uma importante liderança. Uma verdadeira e genuína TI se formava, junto aos contatos presenciais com outros atores representantes de outras empresas ou grupos empresariais.
          Emília, com o crescimento exponencial da Cruiser, assumira finalmente a diretoria financeira e de recursos humanos, conciliando uma carreira de executiva praticamente meteórica. Investidores apoiaram, o crescimento foi compatível com o mercado e ela começou a viajar bastante a negócios. Tornou-se sua vida mais plena, posto ainda que antes estudando de somenos aparentemente, revelou que – finalmente – em seu diálogo consigo mesma é importante estudarmos se quisermos crescer, e pensou: imagine uma sociedade onde a escola pública seja um exemplo em democratizar conhecimentos com níveis de excelência: a nação sorriria mesmo com dificuldades.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

O TRATO

           Emília gostava de saber sobre o que via, melhor, nas fronteiras da percepção… Não saíra por aqueles dias, pois Shakespeare se tornava uma literatura que a absorvia, em sua quase inanição frequente pelo saber, por sua fruição, por algo que a tornava distinta, pois nas praças de alimentação não via tanto o recorte de sua existência como um remendo a remendar e reconstruir no que via em uma biblioteca, em exemplo cabal de uma leitora. Por vezes se pensava – na mesma sociedade onde os livros não eram sucatas por serem parte dela – que a literatura, a filosofia, sequer mereciam atenção, mas a positividade dos laços que nos unem ao nicho existencial mais profundo requer a mesma leitura linear e concludente de quaisquer sonhos que tivermos pela cultura de toda a população. Esse trato com o modo de existência, esse requisito formal pela opção de se pensar mais abertamente sobre tudo fazia de Emília uma mulher mais plena, mas completa, mais feliz.
          Havia algo, no entanto, que ela supunha quiçá mais verdadeiro, que era a leitura outra de como o mundo era, em sua acepção e estrutura pessoal. Não haveria como separar, na sua opinião e contemplação por seus ávidos e serenos olhos, a tecnologia como meio e a imagem como linguagem. Nem tudo seria a imagem digitalizada, e requereria um esforço raro para alguns saber distinguir a fruição estética e funcional da Natureza e seus motores, pois quando a planta cresce em sua haste vertical de vida, o pássaro pode cantar celebrando mais um broto da mesma planta. E quem dera fosse assim, mas não seria a Verdade, posto já saber a nossa personagem que certas apreensões da realidade são muito pessoais. Seria um trato ao viés, mas na verdade não era certo que pensasse com o método pretendido, já que na filosofia vem ao rebatimento das ideias um farto diálogo que se supõe tão amplo quanto estruturas não necessariamente racionais.
          O fato de uma idiossincrasia tão pessoal também não haveria de ser confrontado, pois amar os seres e seus predicados, suas rochas, seus reinos minerais ou biológicos, suas arquiteturas, vem ao encontro, uma possibilidade de encontrar algo, e quem sabe ouvir de um mantra quiçá fosse igualmente importante, quando a fé em Krsna dava a sua posição inquebrantável de energia motriz. Mas, visto não saber a exatidão de um fato – se o pássaro de linhas do algo cantava para os brotos da planta – seria quiçá loucura afirmar certezas, e a variante dessas dúbias certezas fazia da vida de Emília o processo algo alquímico de perscrutar a vida… Sem saber exatamente qual o processo, mas apenas deixando fluir a sensibilidade ainda aflorada mesmo sendo uma mulher mais madura. Sem cânones, sem ortodoxias, sem o dogmatismo ferruginoso e cru e cartilhesco. Seu nome a guardara para os seus, e seu paradoxal e íntimo entendimento das coisas que a envolviam, quase na fração da palavra coisa – em se tornar objeto de uma palavra – mostrava a ela que a mesma humanidade recente da espécie teria sido a mesma em longos e longos períodos, tratando-se de milênios, de tempo eterno, um fator em que não sabemos muito o que não percebemos quando das dimensões exatas do incomensurável poder da Criação. Emília pensava ser criacionista, um termo neológico, talvez, mas não efetivamente, um termo existente, que em síntese diz da criação não humana, possível portanto, enquanto pudermos dentro da notória inteligência da Natureza afirmarmos que jamais seremos os donos dela e que, portanto, não somos os únicos criadores de algo, pois se a vida imita a arte, na verdade a arte é que imita a vida. Se criamos uma tela, um engenheiro maior criou a árvore e seus pássaros e seus Éden pode ser mais plausível do que a repetida alocução da ciência. Breves são as nossas certezas, como a linha do tempo de um display: a tradução literal de como a humanidade finalmente encontra encaixe na ilusão do meio e da mensagem, posto fato da inexistência em baixas frequências de fama. Aqueles que pertencem ao uso ilegal do mesmo display resolvem sua fama em penas consuetudinárias à falência de seus grupos, no que tange a uma organização suspeita já em seu começo. O novelo das telas planas será criarmos esferas digitais, com inúmeros e inteligentes olhos. Passa a ser patrimônio do conhecimento a ciência que respeite as vertentes criacionistas, pois será através de um respeito igual – e que seja recíproco na tolerância dessas vertentes com relação a outros cultos – àqueles que biblicamente estão ativos, pois muitos grupos de bem surgem com trabalhos de recuperação de vidas com carências onde as escrituras sagradas dão de alimento e de alimento espiritual igualmente. Para cada um perdido na esteira de carências aparentemente insolúveis, pode ser a Bíblia Sagrada um caminho maravilhoso de conscientização do divino, de aproximação com a adaptação social e, principalmente – quando de trabalho consciente ao máximo – a redescoberta da paz que Jesus Cristo legou à humanidade e, ao menos, que se compreenda o lírio do campo e o grande Sermão da Montanha. O caminho deve ser de luz, para que se possa afrouxar o cinto de outros que creem ser combate: o vão, o sosso, o inaudível combate que não deve existir jamais, pois de guerras o planeta está infestado!

domingo, 8 de outubro de 2017

AS VERTENTES DE UM DIA

          Caíra a noite e cedo, bem de madrugada, o bairro estava quase encharcado. Temporada de algumas chuvas, as estações não se definiam tão bem mais, e o que estava por vir quiçá fosse a mesmice de todos os tempos. Não que todos participassem da mesma opinião, mas o descrito não seria ao menos opinião, já que a humanidade consolidava um desastre progressivo nas suas massas, onde suas lideranças apenas queriam o poder para continuar defendendo suas benesses e projetos duvidosos. Não vinha de alçada de nossa personagem… Ela houvera descansando um pouco de noites atravessadas, de uma sensação pura de desconforto, posto sabia que seus dias eram nada mais do que apenas um, quando acordava, e outro do dia posterior quando novamente acordava, onde as noites não mais eram do que intervalos necessários. Talvez houvesse a ciência do ciclo, exatamente, que seu corpo precisava do ciclo, seu corpo possuía o dia, possuía incluso a semana e o mês. Ela consignara suas memórias no caudal de seus tempos, depositando-as para um ninguém, pois jamais seria mais do que apenas um coração fraterno onde residia o atma. Essa mesma centelha, esse mesmo espírito onde não importava o que era seu corpo no mundo material, pois seria a fama algo que de modo nocivo erguem ou depõem em terra o que apenas Maya decide. Não que todos o soubessem, mas aqueles que ceticamente ignoravam a vida espiritual pelo menos não agissem de modo sectário contra essa ciência. A imaginação fértil já dava frutos de uma ciência materialista ao excesso, com as famas despejadas em pequenas frações em que muitos queriam viralizar a conquista de seus espaços cibernéticos, sem saberem que a notoriedade não seria fruto da atitude em si, mas de um modo raro porém enganoso da manipulação dos fatos ou da aproximação de alguns grupos ou poder, mesmo aparentemente paralelo. Que bastassem algumas entranhas extremamente lógicas, mas a ciência de gente grande deveria saber que nenhuma máquina funciona sem um operador humano. Deveriam fazer um recall sobre o filme Total Recall. Mas a nossa personagem escrevia em seu pequeno diário as anotações que recebiam, e estas vinham com a velocidade da luz, a própria velocidade incógnita em que um gênio como Einstein mostrara à humanidade ser a limitante de seus sonhos na corrida espacial. Mas que em um rabisco pode se manifestar o que das sinapses, estas sim – unidas à percepção e síntese – um ato veloz como a luz, apenas com um suporte e um antigo meio, estes sim, sem os freios que nos impeçam a expressão. Pois sim, a se reiterar a individualidade em seu universo, em suas sinapses, mostramos por A mais B que todos são universalmente distintos, porquanto ser crime coletivizar diferentes idiossincrasias. Há regiões cerebrais que podem estar sintonizadas ao bem comum, e igualmente torna-se necessário a toda uma sociedade o compartilhamento do que vem a ser a medicina nesse contexto, haja vista muitos de natureza profundamente intelectual virem apenas a sentir uma intervenção que nem para todos mantém sequer a coletivização de antanho, de décadas e décadas atrás, que seria apanágio e consubstanciação de uma certa estabilidade em sentirem-se ao menos úteis… Mas torna-se insuficiente se não compreendermos a ciência e os cientistas de países mais ricos para aprendermos com estes a como aprender a sermos ao menos mais sensíveis nas matérias mais densas, mais intensas com os necessários estudos e dedicação, sempre no sentido qualitativo de sabermos sanear as nossas dificuldades. Obviamente, o saneamento e sistemas de drenagem fluvial e as despoluições não fazem parte de algum mistério de alguma ideologia, mas de países que logicamente aplicam suas políticas públicas de acordo com um senso de bem comum. É igualmente factível que quem roubou merece punição de modo penal. No curso de um dia, que uma toga descanse para equilibrar sua consciência e a possibilidade coerente de sua profissão, para que não haja qualquer motivo parcial de defender o desequilíbrio dos pratos da balança, pois se assim não for a espada recai sobre as instituições como um todo. O que se esperará sempre de uma sociedade justa é o estabelecimento de um bem comum, e não de um jardineiro que mal possui o seu tesourão, e possui apenas uma torneira na favela, enquanto outros possuem paradoxalmente estoques de ouro acumulado, em que essas diferenças não farão de um dia a dia tão óbvio como desejam que o seja.
         As prerrogativas vêm obviamente do fato de muitos estarem envolvidos até a medula com a Natureza Material, com razão, mas quando pensam que as esperanças em um mundo melhor seria fruto de alguma filiação, não tardam a ressentirem seus próprios erros em compactuar muitas vezes com o rebaixamento de seus status humanos, quando se apercebem o modal do que era quando algo se empoderava cada vez mais através de Governos concessionários, e que agora vestem a roupa do verdugo revolucionário, aquela peça de peão sem rumo em um tabuleiro somado em espécie do que não se encontra mais aquele bilhão que se prometeu. A mesma concessão que o impedia de possuir um real pensamento a respeito torna-o intolerante com aqueles que pensem de modo independente sem serem sectários, pois é realmente transformador – ou será – aquele que, formado por seus representantes na democracia, e por todas as suas estruturas, governar realmente com mãos limpas. Só será genuíno o homem sem culpa no cartório.

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

CONTO MÍNIMO NO CONTRAPONTO

            Restava uma folha qualquer na amendoeira, as amêndoas onde se comia pequena porção da semente caíam mais pesadas, as folhas que a varredora dera conta, mas restava uma naquele segundo de agora anterior, e vendo mais agora ainda se formara um tapete mínimo com o vento. Seria excelente ver as raízes como sempre, regadas pelos cãezinhos machos, muitos a dizer que eram de território, mas essas palavras não diziam que o faziam sem sequer saber que os homens nada entendem de cães, a não ser o adestramento de si com o animal.
            Como em um truque Emília saíra mais tarde na manhã, com seu mestiço de labrador com pointer. Era um lapso, não sabia ao certo o caminho daquela manhã, sempre assim, quando chegava a uma esquina onde um senhor mais idoso soltava seu cão – porte médio – para entreter-se e marcar o espaço com uma presença algo festiva. Talvez tivesse bom coração, mas Emília relutava em saber se continuaria na Rua Azul ou se continuava pela Rua Capitão Savas. Talvez tivesse seus primeiros instintos. Isso de prosseguir pela avenida que dava a uma pequena loja de quinquilharias lhe dava na veneta de levar o cão a fazer as necessidades em um mato baldio perto de uma igreja. Era tarde, e a contradição entre escrever nas páginas que lia da paisagem e transcrever um absurdo de tocar no assunto para mais de dez dava de ser um contraponto: as melodias traçando a harmonia de um conjunto que aquela encontrasse, ou em uma feira, ou em casa, escutando um concerto de Brandemburgo, de Bach. Não sabia como se escrevia esse concerto, mas não necessariamente ficaria procurando qual a melhor forma de encontrar o nome exato. Como na intimidade de Emília, seus sonhos não era muito ritmados e não possuíam cores de que se lembrasse...
            Fundamentalmente, se existisse uma cor grená seria o cinza? Saiu com a blusa cinza e o coração laranja, raiado, uma estampa que a cobria na frente do tórax: grande! Sorria, partiu, finalmente para enfrentar o outro cão, mas antes pediu para que o dono o segurasse. Estava feliz, de ver algumas dúzias de folhas como chuva, os talos rompendo-se em silêncio, a cama de calçamento nas calçadas de pequenas pedrinhas, onde repousavam as mesmas folhas, e essa consonância dava espaço para ver nessas gotas grandes de palha os pássaros por traz, por entre as rochas. Descidas e subidas, como no contraponto bachiano. Assim era, e ela não vira a árvore ser plantada, apenas via a sua história na raiz, na sua própria, mesclada com o madeiro, na erva que crescia por entre os nós como tipos de braços fincados na terra. Olhou para os lados e viu muitas janelas e a ausência de dentro refletia os passeios externos, quanto de ser o que era: uma mulher com suas fortes pernas a variar expectativas em todos os diferentes dias, justo, pois uma formiga que vira na folha carecia de registros iguais no dia anterior, e teria quase uma hora para descobrir uma mínima pedra para lhe dar mais alentos felizes.

DOCES VENTOS

A que dizer que soprem os ventos que nos igualam ao quase,
Quando algo de furtivo nos sopre em uma mensagem dúbia
Que não nos cessa outros algos de muitos que se queira.

Há ventos que não sopram por nada, e neste vento que sopra
De outros portanto existentes, que seja dada ao próprio
Uma reminiscência ocre de salitre que despeja o próprio mar.

Se há a superfície húmida do desejo, que não se verta apenas
Como um simples mimo de afeto de ocasião nas bordas
Em que por vezes somos fúteis sem saber, mas que sempre não!

A poesia imanta outras superfícies de cristal da primavera
Que ponteia a chuva incandescente nos umbrais que esquecemos
Quando tudo o que esperamos neste mundo vago é apenas ternura.

Mas quando esquecemos que possuímos limitações de barcos
Que mal podem atravessar uma braçada de esperanças
Vem o jugo do feitor ideólatra nos soletrar o que espera que sejamos...

Seremos sempre o paradigma da libertação, sentados, deitados,
Em túrgidos invernos, nas capas militares, na espera de um remédio,
Pois que não nos ditem o seu próprio reverso os ignorantes de laurel.

Saber da fama é algo que não traduz nem ao menos a ação prémóvel
Que indicaria a situação de quem está existindo ao redor das luzes
De outros que emanam-na por dizerem com sinceridade sua razão...

Nada há que dizer de algum homem que seja, posto na miséria
Estão todos aqueles que vertem da história única de outros que a fizeram
O parco papel de sequer saberem o que fazer nos ventos em suas naus!

Saberíamos dos cantos de uma poesia que fosse mais coerente
Se o feixe de músculos de um campeão de lutas vertesse o carinho
Que a matéria imprevisível talhasse o que nada haveria a esperar.

Pois não sejam palavras apenas aqueles que nunca compreenderam
Que o denso véu de uma ilusão aparentemente consagradora
Os embrenhou no particípio do passado a ver que nada resta senão
A esperança do que esperava em vão na ação dos que estão sendo nada.

E isto de espera quase consciente vê na flâmula de uma bandeira
Quase um sem nome do que jamais seria um jornal em que não veem
Que alguma crítica seria válida se estivesse presente na resposta.

A quebra do paradigma é retórica de redundância, pois há minutos
Alguém pode tentar entender o que jamais será compreendido
Por aqueles que não tiveram tempo para estudar a engrenagem histórica.

Da saudade de algo que nos assusta, fiquemos com os dois lados da moeda,
Posto sabermos que não há gentes de mal e de bem, só há gentes, e aquilo
Por que todos lutam por um fim exato de obter ou uma vitória ou um roubo.

Dessa permanência da imposição da carestia e do fracasso por nossos erros
Seria válido a humanidade deixar que descansem as peças da história
Porquanto só a construiremos sem estarmos em vão quando a compreendermos
No portanto de um silêncio necessário para vermos todos os nossos estragos...

Saberemos mais quando respeitarmos as flores que tão fragorosamente pisamos
Quando pertencemos a uma espécie de cimento sem nódoas, de temperamentos
Irrefletidos, como que em uma esteira cibernética onde navegam feixes nervosos!

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

POESIA EM PARADOXO

Rima ausente no perdão do que antes seriam os mesmos versos
Qual de presença silenciosa talvez um cristal de sílica nos traga
O que é de uma placa de ruas nos mícrons assaz atarefados.

Não que se prorrogue o tempo, algo de uma sílaba em descompasso
Que faria do canto de um pássaro a vertente silenciosa do paradoxo…

Um homem que se faça reticente quanto a uma atribulada vida
Não ressente-se jamais, posto ação em consciência é o próprio Krsna!

A fremirmos gestos, a pensarmos um fluxo, a desabrocharmos o oco,
Tentarmos ver que uma letra persiste na semântica de uma paz
Quando essa paz interna nos diz que a própria contenda é ilusória.

Duas energias subsistem, e seu desequilíbrio pode afetar nações,
Pode gerar atos paradoxais, violências sem motivação, enfermidades,
No mais, que não pensam muito a respeito, pois ao leste ignoram.

Assim que se tenha algo em uma indescritível curva aguda em desnível
Quando o que se quer é uma acumulação predatória de níveis absurdos
Quando o mesmo teatro de comédia é entremeado com outro tronco…

O mesmo tecido imanente daquilo que objetivamente chamamos de outro
É o mesmo que somos enquanto ser que se passa na frente de si mesmo.

De um espelho em água cristalina, da figueira de bengala que reflete
A sua copa para o infinito da água, em que as raízes se encontrem
Ao menos para que se suceda a mescla entre a ilusão e a realidade…  

terça-feira, 3 de outubro de 2017

EMÍLIA ENCONTRA RAFAEL

          Que tanto esperava Emília, ao encontro de si mesma inicialmente, conforme orientação existencial de seu imo, mas que tanto encontrava ela, em si? Digamos que seu presente – momento – eram as flores que encontrara, de tanto repetirmos o verbo, que por vezes o encontro não é tão negativo quanto supomos, em um que de sociedade desencontrada, ou submissa a projetos tão neutros como uma barber shop by friends… Quanto de quilates amorosos ela criara de sua fértil imaginação, se o mero abraço vinha encriptado por códigos de whatsapp? Não se fossemos um tipo de Keruac, um Henry Miller, ou um mero Balzac, nas transposições culturais tão dissonantes em nosso tempo, saberíamos certamente que o encontro da leitura com as gerações históricas e suas transformações revelam uma tessitura imanente, no que pontuamos conforme um pensamento simples da expressão, uma vírgula mais sonante, um verbo colocado sabiamente em metáfora, a metonímia, sei, saberíamos um pouco mais de quase tudo o que nos é revelado fora da circunscrição da comunicação encapsulada por padrões de atuação mecânicos. Uma linha de texto se escreve com o contexto dos meios, e não será investigando modais digitais apenas que estaremos encontrando as verdades que estão posicionadas remotamente na aura previsível das superficialidades. Passamos, como Baudrillard prevera, a tornarmo-nos um sistema de objetos, onde o funcionamento das esteiras produtivas comercia com os nossos afetos, dentro de esteiras que aparecem com o nível temporal chamado por vezes de feed, onde inexiste o rótulo de empoderamento porquanto esse mesmo conceito é derrubado pela crítica tão simples os itens que pesquisamos em uma gôndola digital!
          Um giro pelas plataformas da percepção da Natureza, entre estas suas peças, seus seres, seus – que se dizem – donos de algo, a conquista amorosa ou afetiva tão preceptora de raízes fecundas que recebem água nas suas folhas apenas por vezes, a propriedade e seus signos, tudo são vestes da Natureza Material. E seus diálogos… É mister sabermos que muitos se alto proclamam feitos de lata, regurgitando a falta de caráter e a disseminação da violência quando afirmam que um quando não vai com a “lata” de outro acaba por amassar. O pão não se amassa assim: não traumatiza, alimenta, não fere, nutre. É sobre o encontro de nós mesmos com o significados de um padeiro em suas confecções maravilhosas que lembramos um grande conto de Górki, sobre um padeiro que trabalhava em um subsolo. Daí vêm alguns: não podemos ver nesse escritor algo de bom, por isso foi assassinado, e com razão. E outros: Trótsky era traidor, mereceu a perseguição. E outros: a morte de Guevara merece festejos. Tornar-se mártir parece uma glória, ainda mais como um ser que sobreviva através da violência, da matança. Esse paradoxo em que muitos não se dão conta de que a vida é mais preciosa do que a morte em uma luta que indiretamente levou muitas nações ao colapso, e a regimes que traçam paralelos iguais à demência em repetir erros que levam sempre às contradições de lógicas que creem imutáveis. Vendo o filme 1984 revelamos uma película de grande porte, em que Orwell mostra que somos ausentes enquanto não observarmos melhor a prática de estarmos conectados com um grande panaca, que somos nós mesmos, gastando um pretenso intelecto para – dentro de um ilusório teor de poder – acharmos que estamos ganhando algo em nos manifestar para um mundo desconstruído aqui no Ocidente, na mesma assepsia generalizada que passa a controlar nossas mentes com paradoxos e “leis alternativas”, quais Napoleões aberrativos de comédia sem freios que nos façam ter a noção do ridículo em que nos tornamos. Temos voz. Não, nada disso: apenas dizemos algo em escalas da pirâmide, e não naquela da concretude do poder, mas nas de comunicação de baixa frequência, em qualquer grau de sua hierarquia vertical. O rádio não emite, apesar de certos canais operativos serem altamente funcionais dentro do pressuposto de agilidade de robôs, mas seguirmos a alimentar de caramelos a fragilidade em que nos tornamos no mínimo é consequência de não prepararmos o feijão em casa para comermos junto aos abutres o que nos oferece a rua sem rumo e noturna.
          Emília pautou-se por encontrar Rafael, que ela não conhecia fora das redes. Que ela se tornara uma aranha, uma aranha fácil e devidamente preparada: sensível e higienizada… Rafael, de barba desenhada, era um gato, conforme o jargão do possível predador. Sim, pensou Emília neste ensaio de 31 anos, que supostamente gostaria de saber se Rafael era possível de um encontro, se possuía ao menos um carro, se oferecia segurança, se era bom, se a preenchesse. Emília estava só, milhares de Emílias, pois a vida sem sexo era tediosa, e as sex shops cansavam-na, quando em surdina procurava um bastão a se apoiar. Muitos eram os objetos, mas Rafael viera só, era um homem franzino, depois da foto de cinco anos atrás, mais novo, mais espadaúdo, mas era um homem: terno, não treinava, vivia…
          A princípio conversaram, depois tornou-se como uma amizade sincera, e o final feliz fica por aqui, pois todos merecem, apesar de certas buscas insanas, encontrarem seus companheiros/as na felicidade de uma pequena gota de orvalho encontrada em uma erva. Essa parecença de dificuldades de que se encontre uma razão a mais da própria sinceridade da conversa, e quem puder do bom vinho que bebam pelo poema, pois esse quase sempre se constrói mais solitário enquanto sóbrio, não necessariamente nessa ordem.