terça-feira, 22 de dezembro de 2020

ESTIAGENS

As sombras de um outono que não se deu, deu margens a que a floresta
Fosse asso
mbrada por um fogo incomparável com um trágico desfecho
Que, infelizmente, continua nas fronteiras absurdas de nossa esperança…

A matemática do lavor dos bombeiros, de sua estirpe heroica, se dá
Quando ainda somos os protagonistas de um fogo que não verga
O seu moral e não pretende eximir-se da plataforma do que não seja.

Seja quem for que esteja na luta para – com o seu sacrifício – trabalhar
Para atenuar quaisquer moléstias nuas com jargões de batalhas insanas,
Dirimir uma fogueira colossal é tarefa acidentada de poucos homens…

Essa gente é valorosa, tem em seu principiar um resguardo de gigantes
Quando, ao se pretender em serviço, só se perturba quando não há formas
De dissipar uma fogueira tão interna que se dá quase o sobrenome do fracasso!

Quem dera fôssemos todos bombeiros da vida, quem dera a estiagem não fosse
Durar tantos e tantos dias, tantas as estações, que na verdade o próprio pregador
Por vezes não tem um diálogo sobre os tempos difíceis que enfrentamos.

Um bom pastor que seja, um homem religioso, um padre ecumênico,
Um budista, um muçulmano, um judeu, um vaishnava, quem dera, o citar
Dos santos nomes vem de todos – sem exceção – sem desavença e sem ceifa.

De tantas e tantas interpretações de nossos tempos, dos rumos e do prumo,
Que sejamos afinados com a contemporização de nossas fases alternas
Quando o que se diz muitas vezes é esperarmos simplesmente o fim e seu Juízo.

Quem dera fosse tão simples, quem dera o Tao da Física fosse lido finalmente
Até o ponto de uma mutação presente em Fritjof Capra como um livro sereno
Que apenas explicita que já não podemos crer apenas em Newton ou Descartes!

O respeito que termos que ter a respeito das vertentes religiosas é a solução
De ausentarmos de conflitos a superfície terrestre, e tudo o que se diz
Da preservação das matas, rios e seus biomas, são palavras de maestria e lucidez.

A propósito, se um homem pensa de acordo com a sensatez a sensaboria não alcança
Seu modo de ser, porquanto é das razões e das evidências que vivemos, e não existe
Prova maior do que uma atitude em contrário, nociva por intenção e causa.

Da parte que se nos toque, haveremos de transcender os problemas e suas consequências
Porquanto a poesia siga o caminho do Meio, na reverberação de que não perdemos
A total significância da matéria, na esteira de nenhuma vaidade, pois não somos o corpo.

Somos almas transmigratórias, somos o espírito e seu silêncio, somos um só corpo
E um só espírito, nada a ver com a transubstanciação material, mas devemos crer
Que a matéria, tal como o trabalho, alimentação, educação e saúde existam sempre...



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