O medo se nos revela como a maior peça do jogo
da hipocrisia… Um medo do poder de algo ou alguém, o medo de
sermos vítimas de uma atitude covarde, como o medo que Jesus teve ao
ser crucificado covardemente. Não podemos nos esquecer desse gigante
sacrifício ao filho de Deus.
O medo que se tem de toda uma parafernália dos meios, daí incluindo
os filmes e seus fantasiosos ardis, da violência exposta nas TVs,
das geringonças que inventam ou mesmo da – repetida – hipocrisia
que encontramos em um mero diálogo entre
dois amigos, ou entre um casal que não se entende deveras. O medo
que não aparenta, ocluso, entre os espaços, de um caminhante ébrio
louco por pertencer à cidadania, ou ao menos não possuir o medo
circunspecto e resistente de receber ofensas em cada caminho que
encontre pela frente. O medo de não encontrar amparo em algo de
monta boa, de boa e sincera moral, de não ter muito onde se amparar,
sem descobrir que naquele próximo ser aparentemente inimigo possa
estar um bom ombro amigo, desses que estão vivenciando uma farsa de
origem na mesmice do disfarce. O medo de um velho homem, mesmo
sabendo que é na velhice – sem exceção – que devemos respeitar
as frentes da idade, as fontes da experiência, a fraqueza ou a
fortaleza de um homem, ou a dignidade ou fracasso de uma mulher!
Não
haveremos, amigos diletos de boa fortuna, de termos medo, pois às
vezes no rosto de uma mulher negra encontramos uma tal fortuna de
caráter que nos curamos, pelo menos por mais uma passagem de um medo
em que a balconista de um supermercado se torna a autoridade
merecida, por sua simplicidade e acompanhamento cabal do que sequer
imaginamos. Haja vista que na solidariedade encontramos os refrescos
aos nossos temores, e jamais por uma exposição da força, esta que
pertença ao Estado somente, e a esta contemos como nossa proteção
e autoridade. De
se servir sendo civis, ao trabalho e às ocupações frutíferas nos
tornemos como na setorial vertente de um trabalho, que possa não ser
pragmático, e a que mesmo os incapazes relativos o torne contínuo e
apaziguador das manchas que possam macular intenções, ou nervos
mais avariados. A seu termo, o medo de muitos não são os mesmos e,
em batalhas rigorosas, nem o mais valoroso soldado possa afirmar que
daquele não o tenha sofrido, posto na história da humanidade já
termos enfrentado um vaticínio inescrupuloso, que expõe até nossa
medula o que foram as guerras enfrentadas por muitos que habitamos, e
outros que já habitaram este mundo.
Afora tudo isso, o medo de
não poder agir é deveras silencioso e sobremodo leva a um parecer
por vezes mais sutil e, no entanto, lúcido como a rocha… Esse
medo da não ação deve ser compreendido como um certo recuo, um
tipo de ação na inação, assim como por vezes há a inação na
ação, em uma ida e uma volta, desde que sempre respeitados os
diferentes modais de atuação, como o trabalho da arte da
dramaturgia, ou mesmo da arte da representação. Posto que a arte
desmascara o medo, assim como a Comédia seria uma deusa sem igual,
no que a vida imite a arte, ou que – melhor dizendo – a arte
represente a vida! Essa esfera traduz os mitos do herói, da
pitonisa, do que se traduz igualmente na Tragédia ou no Drama, esse
lócus sagrado de um teatro grandioso em que todos agora parecem que
se espelham de um modo ou outro, desde as redes sociais até a
plataforma de uma engendrada série comercial de uma TV assinada.
Quem dera fôssemos tão artistas desse modo, quem
dera a pertinácia da arte não recomendasse estarmos produzindo,
cada qual em seu momento e que, em uma verdade assombrosa, o sagrado
e o profano fossem apenas um diálogo saudável sem o bico de
preconceito de nossas caras e bocas mirradas!
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