quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

AS TRANSFORMAÇÕES DO SONHO

 

Sonho que nos teime em nos deixar sozinhos, a sonhar,
De tantos que somos a realidade repousa suas asas plúmbeas
No início, meio e no término de quase um dia
Onde respostas atônitas nos calçam os sapatos de jornadas…

Não que não nos mereça o bom sonho, mas que sejamos
Aqueles capítulos de uma noite de bom sono, o sagrado
Que nos alimente de falsas preocupações, e que disso
Nos demos conta maior do que a façanha de não termos
Aproveitado o tempo em que a lucidez montou sua casa
Nas palafitas trigueiras, quais pernas morenas
Que desfilam andando com os pés fincados na esperança!

De um MASP ao Obelisco, do monumento de sampa
Retornemos ao Cristo Redentor, a averiguar que de beleza
Estamos repletos, e eis que – repetindo – a esperança,
A mesma palavra citada venha em ampolas de virtude
Sinalizando o trabalho magistral da ciência, a dissipar
As dúvidas que ainda não tenhamos sobre tudo,
Mas a falta de certezas de que ainda temos que ter
Os cuidados redobrados a quem amamos e mais um pouco...

De sobra, que seja a humanidade sem exceção à regra
Pois não é e nunca será a hora de se alimentar o ódio.

Qual excerto de um épico como uma grande literatura
De um país como a Índia, relembremos que somos irmãos
De toda a literatura sacra ou laica, posto o que temos de cultura
Relembra antepassados em que nada substitui o que não é
Na não existência, um sopro de vácuo, um átomo sem núcleo,
Uma energia que suplante uma baforada de tabaco em meio
A uma reunião liberalizante, no sentido libertário da palavra.

É a hora de dormir um pouco, que a poesia não existe sem noite,
A noite da poesia não se parece com o dia da prática
Quando ao menos pensamos em desviar dos de má conduta!

A virtude é a arma da razão, arma que afaga e que perdoa,
Que sente, meio às piores ofensas a igualdade que restará
Àqueles que ao menos – na vicissitude não grave –
Fizerem diuturnamente o mea-culpa que reverbera na remissão
Algo de confissão secreta, no meio do sobrecenho, como luz
Que ilumine a tendência de sermos ignorantes e pífios
Na claudicante voz que é a própria resiliência manifesta!

Não que a Verdade seja encoberta, pois existe nos pratos
De uma Justiça já senhora, pois sente que inabalavelmente
Um prato não pese mais do que outro, e que a venda seja tátil…

Verdade seja sempre dita, a verdade de todos os que a procuram
Com a sede de prosseguir em um caminho íntegro, normal,
Sereno porquanto de litigantes a mil o mundo já se torna
Perene em suas conquistas de algodão-doce
Que some no fogo fátuo de um sabor de alcaçus de sombra.

Nada que seja extremamente supérfluo deve ser ignorado.

Pois outrora seja efêmero para alguns pode ser concreto
Na contextualização dos fatos, e que se almeje que cada qual
Faça o seu lavor a favor do próximo, ou mesmo que pense
Ao menos não infringir negócios escusos, pois isso navega
Literalmente em direção aos penedos, do mar ou da floresta.

Enfrentemos os nossos laços truncados pelas pétalas de chumbo
Quando em plena primavera andante existirá sempre um cavaleiro
Disposto em relação às chamas sagradas que o chamam em missão!


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