Quem
sabe as novas gerações conhecessem o processo do advento do
computador pessoal em décadas passadas, e não tão distantes de
suas realidades. Hoje olhamos para trás, e o que era uma coisa
grande, uma caixa com uma boa ventoinha agora já se encerra em um
display de dez centímetros, onde a nanotecnologia já fabrica
componentes bem menores e com capacidade de processamento
verdadeiramente revolucionários, em se tratando de tecnologia e seus
avanços. Perdemos um pouco a noção precisa da transição entre o
acesso que antes apenas os abastados cidadãos possuíam para ter uma
boa máquina e a popularização do mesmo acesso para quem está sem
muito poder de compra em nossos dias. Na verdade, hoje muitos sequer
percebem o real alcance dessas máquinas em termos produtivos, e a
indústria de automação ganha cada vez mais corpo nas sociedades do
primeiro mundo, e naquelas emergentes que por vezes apenas raramente
investem nessa modalidade produtiva.
Quem
diria podermos materializar um protótipo em nossa própria casa,
enviar o projeto em softwares digitais de computação gráfica,
idealizarmos uma maquete digital, experimentarmos uma simulação de
um laboratório e modularmos o entretenimento com truques onde a
ficção – em sua aparência perceptiva – se torna uma outra
realidade, transformando a virtualidade como condição de uma face
dessa indústria gigantesca. A dimensão a ser tratada faz com que a
própria física dos objetos seja equacionada remotamente, em
máquinas que se desenvolvem com atitude científica cabal, onde até
mesmo o átomo se torne quase visual, ou onde o cálculo seja cada
vez maior, em suas probabilidades. Os games assumem a forma de
verdadeiras e ilimitadas fantasias, onde a simulação pode abraçar
até mesmo uma lavoura de soja, sendo administrada remotamente com
comandos nem tão complexos, haja vista essa ciência ter permitido à
dimensão humana mecanismos de controle de onde quer que estejamos.
Onde uma estação espacial em Marte possa sondar com o auxílio
desses recursos.
Tudo
muda quase o suficiente, mas duas coisas ainda são inacessíveis: as
galáxias, tal qual sejam, conforme tentar-se-ia verificar a vida em
outros planetas, e a gigante dimensão ínfima da realidade atômica,
mesmo que visualizemos empiricamente o formato das infinitesimais
partículas da matéria.
Qualquer
sistema digital abraça a matéria tal qual seja, dentro das supostas
e inevitáveis limitações, mas a facilitação de levarmos adiante
o paradigma espiritual, de emanciparmos sua divulgação através dos
meios que temos atualmente, faz com que espiritualizemos a própria
matéria, e a velocidade de disponibilizar textos dessa ordem leva o
conhecimento igualmente para todas as esferas, e esse é um lado
extremamente positivo de pensarmos a tecnologia como algo
extraordinário. No entanto, com a comunicação rapidamente
processada nos tempos de hoje, a negação de estudos mais profundos
e pacientes, torna-nos reféns de uma superficialidade, de um insight
aparentemente permanente sobre tudo, tornando-nos suscetíveis a que
formas de Poder se imiscuam naquilo que realmente seja bom a coisas
que seguem ritmos destrutivos, desnudando a matéria cada vez mais
rapidamente em torno da exploração sem medidas, ou seja, um lado
que quer dominar cada vez mais, fazendo irromper a modalidade da
ignorância em escalas sequer imaginadas antes… Se um símbolo de
curtir é melhor do que nos debruçarmos em um parágrafo grandioso
de uma boa literatura, acabamos por nos convencer que um número
qualquer é melhor que um poeta.
Talvez
o que estejamos vivendo seja um momento de transição entre a
existência de um grande e rápido farnel tecnológico e a
sedimentação em nossas maneiras de ver o mundo. Parece que o tempo
gira muito rápido, mas a Terra dispõe de sua própria rotação, e
o dia ainda é o mesmo, assim como na noite descansamos o nosso
corpo. Algumas pessoas – não poucas – acabam por não
compreender corretamente os dias atuais, e seguem com um orgulho em
demasia que resulta em ações contrárias a um progresso necessário
e paulatino que temos em estabelecer a ordem que demandamos em nossos
países. Se não usarmos de um tempo precioso para olharmos com mais
cuidado o que realmente acontece no planeta, que este também pode
fenecer qual a rosa segurada com dificuldades, não veremos a ótica
crucial que apenas fará relembrar as humanidades que deixamos
adormecidas em seus claustros. A hora é sempre de se contemplar, não
requeiramos contendas desnecessárias, que caminhemos para uma era de
maiores luzes, pois se não for assim descobriremos apanhando uma
clara lição em nossos rostos por nós mesmos que uma face de
desavisados constantes vêm a sedimentar clara e cabalmente os
equívocos que fazem de um retorno à mesma justiça que condena o
homem a pagar pelos seus atos.
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