sexta-feira, 1 de maio de 2020

RETO À FRENTE


           Não diria o mundo se caminhássemos sempre à frente. O que diria o mundo? Ao caminho das conquistas, quem sabe o progresso isso significasse, mas o recuo é uma arte muito importante em nossas jornadas… Recuamos a nos dizer a quem seremos, se somos os mesmos, se o passado foi importante, se o retorno possa ser tão progressista quanto! Não que sejamos retornadores eternos, isso é da ordem algo filosófica, mas que o espaço nos ensine a volta aos nossos lares, baseados em muitos quadrantes, algo reflexos: de monta, de nicho, de cobertores e livros. Sim, um bom livro pode ser nosso melhor companheiro, remontando décadas de histórias, por vezes séculos de filosofia, ou quem sabe uma mera companhia de uma poesia lunar. Nem sempre o caminho da retidão é o melhor, mas porventura em se tratando do caráter é muito bom. A retidão moral, uma disciplina que signifique uma liberdade, um pingo bem colocado em uma letra i, um ponto equidistante do bom senso, nada a ver com um conservadorismo hipócrita, mas a vanguarda mesma do vigilante caminho das luzes.
          Retornamos ao ostracismo de algo que não faça sentido, a zero escala, retornamos ao zero grau. Nesse grau, galgamos mais uma etapa, de se saber que o povo anda inquieto, e que manda o povo: o povo elege, galga, reconstrói e aumenta às possibilidades. Como em um caderno aumentamos os grifos, retocamos uma ideia, registramos um ensinamento, como se queira, um monólogo interno, falarmos conosco, termos uma proficiência de cuidar de nossos espíritos, de abrir caminho nas alocuções cruas, de travar contato com a urgência do que pareceria solidão, e apenas é um abrir de uma caixa seleta onde as joias se apresentam sem valor, mas lindas como a turmalina e a esmeralda. Obviamente, há uma onda de oportunidades que se revela nos idos de quem estuda, na noite como parceira solitária, na luz distante de uma estrela, ou no ressurgir da aurora nas gargalhadas distantes das gaivotas no céu. Esse farfalhar das propostas a que surjamos mais silentes e introspectivos remonta não a crudeza do trágico, nem às pantomimas da comédia, mas a uma austeridade que refaz-se da construção em uma personalidade que desponte consoante com uma retidão de caráter, um proceder honesto, uma agulha com sua linha!
         A posição de um homem e uma mulher quiçá dependa de uma tremenda e bárbara conscientização, de se rever todos os ensaios da orquestra, de se suar para transmutar a industriosa cultura, de se separarem se não fora correto o andamento da consciência citada, ao par, ao casal, que não haja erros na retidão dos princípios. Apenas se pode aprender com a reorganização em uma plataforma cabal na imensidão dos meios, mas em seu reducionismo necessário na abordagem de suas interpretações, de sua análise criteriosa e pertinente, de sabermos o que a massa considera e o que a mesma massa pode usufruir com mais qualidade e escolha, e opção indelével, no que entra um pouco o tradicionalismo: as letras mais antigas, uma retomada cultural histórica, uma vertente, enfim, da cultura e das artes, como antes se pensara, e como agora se há de apagar cacoetes do fácil e esmerilhar na mente o que é mais sólido, e que não flutua na nossa memória em flashies não retilíneos. Assim seria ver o que é demais na indústria cultural, e como esta sedimenta no plano nacional para a ocupação internacionalista, e aqui cabe um recuo para que procedamos a uma volta paulatina ao que se fez nos países subdesenvolvidos em termos de folhetinescas novelas, separando-se o joio do trigo, o que era mais indicado do que é agora cáustico e ensurdecedor em termos de conteúdo sem freios. Retomando: há que se reinterpretar cada linha de um ator, como se esse fosse abordado com os parênteses da facilidade extrema, no que se quer dizer apenas para se perpetuar o status quo. Que se pretenda uma ordem cultural modificada, não propriamente na imposição do caráter cultural, mas naquilo que se dite de um comportamento um pouco mais rebuscado na busca da vanguarda de nossas próprias atitudes perante a mesmice que versa o que se vê nas horas de folga...

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