sábado, 7 de março de 2020

O JOGO DA VIDA


          Tantos são os caracteres em nossas vidas que sequer imaginamos o que seria o jogo da existência humana, tais os requisitos da compreensão mesma de regras como aprendemos na infância em nossos games, em tabuleiros, em competições atléticas, em como ganhar, em como saber perder, em que competir seria pouco às vezes, e nos acasos da sorte, como quando da aleatoriedade dos dados lançados, ou de uma carta no monte! Parece-nos estranho um parecer conforme do que esperamos de algo como quase vencedores, mas por vezes a chance é como uma loteria, com regras numéricas, e assim podemos nos sentir em termos da liberdade, do livre arbítrio que nos é colocado como vantagem social… Um quase que não chega a tanto pesa no lado – em um exemplo cabal – daqueles que possuem riquezas, onde jogam na bolsa por vezes em áreas críticas. Conseguir trabalho pode definir um jogo onde as regras sejam a preparação, a competência, mas muitas vezes o preconceito e o prejulgamento, daquilo que se impõe: homem, mulher, heterossexual, gay, negro, índio, branco, rico, pobre e, muitas vezes, a propensão de ser aceito por saber a regra proibida, o ilegal, aquilo de certo hermetismo, ou os caminhos aparentemente mais fáceis de se obter ganhos. Não que jogar torna-se um pressuposto mas, se fôramos realmente vencedores, pressupõe que estejamos competindo e, em seu detrimento, a vida e seus trabalhos, as relações políticas, a religiosidade, passam a ser muitas vezes fruto dessa faraônica competitividade. O mercado tem se atribuído regras quase isoladas em si, em uma lógica simples, no que se tenha se possa gastar, e naquilo faltante potencialmente se possa ganhar…
           Em outro exemplo de jogo, parece-nos que em um país historicamente democrata tem por sua ordenação jurídica uma carta de leis, a Constituição, resultado de uma busca a que não se chegue ao caminho da barbárie quando enfrentamos a oposição ferrenha de um regime despótico por natureza, o que pesa em um jogo apenas com ganhadores e, por outros lados, estranhas negociatas que fazem perder a cidadania de seu povo. Pontuar o andamento da sociedade observando estritamente as regras ditadas pelas leis promulgadas pelos representantes de várias vertentes sociais é premiar uma nação através da pluralidade e diferenciação dessa população. Quando se contesta algo baseado em crenças tentando manipular um estado que deve ser laico por Natureza estar-se-á banindo o bom senso ao andamento de que outras crenças possam existir. Assim como aceitar prerrogativas de Estados mundiais onde a ingerência do poder público venha para melhorar seu funcionamento, reflete a compreensão de que diversos sistemas estão interligado no planeta e que, em alguns, as regras são mais conformes e coerentes com seus desenvolvimentos, enquanto que em outros o olhar da barbárie ponteia, disfarçado de bom cordeiro. Ocorre que tal situação pode ser um invólucro de um Cavalo de Troia, mesmo que o inimigo seja interno, aquém da internacionalização da sensatez em prosseguir com o nosso mundo como um bioma onde a nossa espécie resida: com todas as outras, naturalmente.
         Nesses jogos incansáveis onde as regras devem ser respeitadas para que se cresça de modo assaz sustentável, de se deixar para jogadores que hoje são mirins e não podem participar como adultos, mas um dia os serão reflete a preocupação natural e inequívoca que a destruição nos moldes apocalípticos é algo que nos encaminha para um estado de coisas, um estado beligerante que não confirma a coerência de prosseguirmos em paz, sejamos, ocidentais, orientais, maometanos, judeus, cristãos, ateus, indígenas, com diversidades de gênero, enfermos ou sãos. Que sejamos!

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