quarta-feira, 25 de março de 2020

ESCRITAS E VERSOS


Poder-se-ia escrever mais a própria história que não ressente
De sua presença apenas, não o recrudescer blasfemo
Que não sentimos ainda, mas que a cada dia se nota
Em embates de nota três, no troco da medida, no mediano
Que por vezes nos consuma, no poder carismático de TVs
Onde a cultura se reserva não consentir a igualdade
Que surgiria de um povo mais letrado, mais culto, melhor.

Porque não sentimos a brisa beirando uma planície,
Porque não saiamos de uma redoma quase atmosférica
E pensemos que a Itália possa ser a redenção de nós mesmos
Mas não imaginamos com é Roma e o Vaticano, sua beleza
E que outros ainda pensem em juízos e etecetera, e tal
Como a coisa que se aprofunda sobre alfombras de cristal
Procurando, resfolegando, na busca de encontrar a si mesmo!

Nada do que se passa no vídeo seja tão sucinto, pois o meio
Não é tal que não seja aparentemente apenas o reflexo,
Pois quando escutamos as feras encarceradas por princípio
Haverá o principal de se tomar rédeas como um mar qualquer
De tormentosos dias, a saber, como se pudéssemos travar
Uma fome que se avizinha, mas quem tem lar e pão não há
De dividir tanto assim, pois padarias fecham a cada dia…

Um sintomático processo de existência cabal remete
A que a vida não passe de um protesto que deforma panelas,
A ver que na vida mesma, ela mesma, não supre as demandas
De países que passam por uma questão de calamidades
Como se no mundo inteiro houvessem as fronteiras que fecham
Em cada escala, esperando que o vizinho não nos contamine
Enquanto uma nação africana ainda tenta vencer o Ebola.

Será tão bom estar mais tranquilo quando deixamos as ruas
Em suas rusgas, seus tonéis de confetes pelos chãos, seu asfalto
Que prolifera a bel prazer, os cordões futuros de inomináveis
Gentes que caminham catando esperanças em lixos, que conhecer
É faculdade onde o ensino vem por pontuações, e onde o quilo
Das latas é medido por centenas de pequenas quirelas, onde um negro
Saiba que satisfaz um branco por estar por fora de seu carro…

Vira-se a pá na obra, vira-se a obra em frangalhos, tolhe-se o fel
De uma boca suada a flores, e a distância e seu diapasão revelam
O torno do operário que não recebe, o quinhão de uma lavoura
Sem a justa safra, posto que não nos caiba a autoajuda, ou o humor
Da renitência de um vaticinar algo de versos, uma escrita sem sentido,
Uma lição sem compromisso, apenas o ato concreto de um artista
Que dispende o tempo vivendo sob o jargão algo absurdo de poetar.

Sete é um número redondo com limalhas aparentes fora do seis,
No que multiplicado por três resulta no dois: primeiro, e sua metade
O um, mas é dezena calculada, divide-se pelo primo mesmo sete
Ou que sete vezes perfaz o três, e que se perdoe a ignorância do poeta
Quando não sabe mais quem é o número primo e sua razão aparente
Posto talvez o treze o seja, sem dividir com ninguém a não ser por si.

Saiamos um pouco da matemática e das cifras que desdém da escrita
Posto o signo das letras encanta mais a semiótica do que se pensa
Que outros poréns venham por suprir a ausência da leitura
E Cervantes esperou séculos para ver que agora ninguém mais o lê
Como a propriedade da poesia de Alighieri, ambos herdados
De Espanha e de Itália, e quantos numerosos da cátedra universitária
Poderiam ainda ensinar com toda a sua velhice linda e sua sabedoria!

O que se vê em um verso não importa se há chacais que os utilizem
Para prerrogativas escusas, vai de lá a homenagem de que a medicina
Felizmente se sente atraída pela literatura, e é na magistratura
Que a letra retém um significado maior do que todos os ensinamentos
Quando transcende o Direito dos Povos, para cartas universais
De entendimentos cabais que tornam a mesma história que ignoramos
A imensa âncora de uma embarcação que jamais afunda: peregrina e sã!

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