sábado, 21 de março de 2020

A JUVENTUDE E OS ANCIÃES

          É triste saber que nossos tempos estão de se converter em um tipo de doença que acomete os mais velhos. Nossa história só tem a ganhar com os ensinamentos dessa faixa imensa da população: suas memórias, suas experiências, o merecimento de um respeito maior, agigantado, posto os idosos, em uma sociedade que preze pelo testemunho histórico, sempre contribuíram para alargar o conhecimento da vida, as idiossincrasias de sempre, e um profundo esteio intelectual, não apenas nas artes, como em todos os setores da existência. Falemos sobretudo da experiência, da capacidade de reter toda uma memória da nossa realidade, de como era há décadas, de como a juventude tem a aprender com toda essa população. No que vimos a incidir em erro quando pensamos em justificar uma perda pela vida que já tiveram vivida, e naqueles que ainda tem muito a se viver, como se houvesse alguma hierarquia existencial. É triste pensarmos em contextualizar essa questão desse modo, pois por vezes os pais são os seres mais importante para nós, pois justamente a partir de seus modos é que nós aprendemos a viver, tais como somos.
            As esferas interpretativas, os estudos linguísticos, por vezes cometem a petulância de enquadrar os modais expressivos, como se estes fossem uma imposição algo vertebral, por termos por lógica apenas a análise do pensamento expresso, quando a tensão entre o comunicando e o comunicar se antecipem em estranhas diásporas, em expurgos sem medida. No contrassenso de escusas batalhas que se travam desde o além-mar, este que não passa de cliques remotos que montam as equações que podem solucionar velhas celeumas através de saudáveis debates, ou encerrar uma abertura de pensamentos em redomas quase impensáveis. Tal é o mundo contemporâneo, não apenas sob a ótica da saúde física, mas igualmente no universo anímico que atravessa nossos mais profundos vetores pressupostamente razoáveis. A matéria se funde ao espírito, recrudesce o pesar humano, mas quem sabe a introspecção de algum modo seja necessária… Esse tempo inominável, esse crescer do sem tempo de algures em curva que descende para a letargia de um lar, de um estudo majorado, de repensar frutos mal geridos, a se criticar os pontos de um país que talvez não encontre nenhuma facilidade em uma situação de calamidade. Talvez a nossa aproximação com um conhecimento gigantesco, algo de positividade, de capacidade de nos articularmos com a versão compatível melhor possível, qual um software bem equacionado, um aplicativo realmente útil nos ajude a enfrentar esse ser menor do que todos os seres, que talvez não possua vida, que se multiplica estratosfericamente, uma quase partícula molecular, sem sabermos qual a dimensão que devemos tomar, nós, seres grandes, máquina biológica sem precedentes e, no entanto, que sente a presença do que quase não existe, mas que causa tantos danos a toda uma rede mundial de saúde pública. Meu Deus! Pois um país tão lindo como a Itália, não desmerecendo outro qualquer, mas a querida Itália de Roma, de Bernini, de Michelangelo, de Leonardo, de Bramante e seus panejamentos, toda a estatuária, todo o seu povo… Meu Deus! E apesar de ter avariado enormemente esse grande patrimônio humano sabemos que está – aquele pequeno proto e insignificante ser – dentro de todos os continentes. Já não é mais uma questão de tal ou qual país, e lembremo-nos sempre que não é hora de fazermos proselitismos políticos, pois o que está em jogo são as vidas ceifadas, é a organização do Estado Brasileiro para mitigar, em cada subterritório, a problemática que surge sem pedir passagem a classe, etnia, ou diferenças de cada um, o que demanda que prestemos mais atenção ao sólido aspecto da luta titânica que devemos ter para derrotar esse intruso em nossas vidas, em nosso corpo, nas nossas mãos, nas mucosas, nos pais, nos filhos, nas mães, nos avôs, amigos, rivais, inimigos, os tortuosos caminhos que não poupam ninguém, a não ser aqueles que desenvolveram ou desenvolvem a resistência contra essa moléstia e, mesmo assim, são transmissores. Oremos, pois, a que seja dada a largada para uma correta quarentena, e que os ricos do bem ajudem os mais necessitados, se não for pedir muito, já que cada mão é imprescindível nesses momentos de extrema criticidade mundial. Por isso tudo é que os jovens têm por dever escutar e cumprir os conselhos daqueles que têm mais idade, experiência e conhecimento.

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