sexta-feira, 6 de março de 2020

A OBRA EM SI, QUE NOS RESGUARDE


Não que nos toque algum ritmo de obra em vão, que não nos toque muito
No que já passara, a não ser um tipo de realização que não seja nula,
À parte do que tudo o que nos espera, na tipificação óbvia de sermos maiores!

Reja um tempo, qual se não fora o mesmo de sempre, a saber de nós os outros
Que navegamos por veredas do trabalho, por construções várias, por modos
Em que não encontramos sequer por vezes uma alma latente de se prosseguir
Ao andamento de um tempo, este que nos resguarde na forma em se manter.

Nada do que se suponha uma missão quase impossível, no caudal das águas
A se prescrever melhores dias aos desabrigados, no que um bombeiro arrisca
A própria vida em resgates em meio aos escombros, da vida tornada quase nula
De toda uma família que serenamente vê por além o que sobrou da morada!

E a obra continua, perene, saudosa de outros braços, pois a juventude não saiba
Tanto do obrar que dos tempos atrás de outras gerações o braço estava certo
De saber-se do conhecimento da obra, que tantos forem, quais os que eram
E que seus filhos heroicos perfilam nas universidades o pago que quase não há!

Assim de se dizer, o plantão das notícias da noite reverbera o som da desgraça,
Contabiliza o volume das águas, filma a ação dos do resgate, mostra as quedas,
Empunhando o valor de um comentarista sentado confortavelmente em sua poltrona
Em que a espuma do estofo sequer cheira ao mofo de realidades vizinhas ao estúdio.

Pois seja a voz clemente de uma verdadeira voz, a página que encontramos dentro
De uma periferia em que houvera outros planos – TALVEZ – mas que não se sabe
Se houvera dentro de uma calçada de concreto, por encima do barranco,
E que não descreve se os habitantes do desastre assistiram ao jornal das oito!

Mirante dos ósculos prometidos pelas lentes, uma história de uma idosa que sobrevive
Ano após ano ao cataclismo da novela das seis, posto se fôramos seis na novela,
Quem sabe que outros já não são mais seis, mas apenas dois, com um na terapia intensiva
Em um hospital em que onze já não dão conta de dezenas, no desafogo de um afogamento!

Não, que há de se dizer, quando os da obra, os negros entravam em uma Universidade,
Os filhotes da grande imprensa reconheciam o desigual desconfortável, um negro na escola,
No que se priva a grande mídia de participar a negritude, sem consentir que sistemicamente
Seja algo recorrente que se ganhe mais espaços, e que não se clame sem clamor uma ideia
De que o preconceito de quinhentos anos não tome tanto vulto quanto o apanágio da história
Em fazer crescer no ritmo globalizante dentro do território de uma nação o reconhecer hipócrita.

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