Expressar
um pensamento pode ser uma forma de arte, não importando se for enquadrada ou
traduzida como expressão da arte formalizada, como pretendem muitos, ou apenas
um diálogo enquanto arte porque comunica, diz, amplia, e antes de tudo é a
mesma expressão que se deseja, seja filosófica ou não. Hoje em dia, com a falta
da concessão da literatura às gentes, com teses religiosas de leitura única, o
pensamento expresso assume vital importância, seja poesia, ensaio, crônica,
novela, etc. É triste dizer que levar a vida lendo apenas um livro pode ser
insensato para quem goste ou deseja saber mais sobre o mundo. As teses
científicas podem ajudar muito àqueles que desejam se aprofundar nas verdades
da matéria. Obviamente, no plano espiritual temos um mundo inteiro a ser
conhecido, mas a história da humanidade não necessariamente passa pelo crivo do
misticismo religioso apenas, mas sobremaneira pela história das riquezas, pelo
fato da ganância e da cobiça existirem, pelo desenvolvimento da tecnologia que
muda tudo esporadicamente, mas que mantém em si a fusão do novo com o velho, do
que vem por diante daquilo que aparentemente se vai. Ninguém vivo é
plenipotenciário, ao menos no mundo atual, mas por ventura ainda possam existir
grandes yogis, grandes vaishnavas, assim como devotos em todas
as religiões do mundo, incluso as tribais. Nessa mesma medida temos a arte
relativizada em todos os cantos, e a filosofia deveria ser daquela uma parte,
pois a poesia se aproxima desta como o sabor da água para o sedento.
Quando nos
aprofundamos em um pensar, em expressá-lo, seja através da arte, seja com uma
ferramenta tão simples quanto um computador ou similar, estaremos abraçando a
veia incontestável da comunicação e, positivamente, esta pode ajudar – ao menos
– a mudar a face que compreende a consciência humana, seja internamente ou na
compreensão mesma da Natureza e seus seres. Apesar de parecermos levianos por
vezes, apesar de sermos erráticos intimamente em nossas equivocadas intenções,
sempre será o momento de relermos estas e ao menos tentarmos caminhar pelo modo
da bondade. Reiterar um panorama na isenção do conhecimento cabal e insistir na
ignorância parte de um pressuposto de que tudo o que fizermos na tentativa da
ação será pautado pela ilusão, e isso apenas faz abrir grandes espaços onde
quem preenche é a farsa, a manipulação, as inverdades, a injustiça e o critério
cego. Estabilizar um princípio de realidade nos nossos atos vem a chamar a nós
mesmos o encontro com o factível, a promessa possível, a vida latente e real...
Essa é uma questão da própria arte ainda não encontrada, mas que é possível de
ser encontrada em um signo expressivo, dentro de um contexto pertinente, de uma
resposta a uma altura de compreensão, esta mesma supracitada e que traduz que
sejamos ao menos coerentes internamente com o que queremos dizer a nós mesmos.
A partir do momento em que essa independência não relativize o significado
essencial de nossas vidas, saberemos melhor como nos portarmos no externo, em
nossos trabalhos, nas nossas relações cotidianas, no afeto seja a quem for
destinado o carinho, dentro do pressuposto que podemos aceitar o motor como
algo que faça parte do sistema em que se vive, pois vivemos já sob a demanda de
máquinas inteligentes, que não necessariamente passam a diligenciar nossas
vidas.
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