segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

O PAPEL DO PACIFISTA NA SELVA DA IGNORÂNCIA


           Dependendo do local das regiões do mundo, caminhar com plena liberdade, preservar o ir e vir pode ser muito relativo. Há lugares muito hostis e as populações ditas vulneráveis hão de conhecer o mar da ignorância, porquanto ser um homem ou uma mulher culto/a no mundo de hoje não é muito fácil, posto estarmos enfrentando cada vez mais o fundamentalismo – principalmente religioso – ao redor do planeta. As guerras são travadas muitas vezes quando uma opinião que divirja um pouco do habitual, do auto-proclamado status quo, revela a verdade dentro de uma plataforma pouco tolerante. Essa não tolerância com uma população que divirja em termos étnicos, culturais, de gênero ou qualquer manifestação – que é vária – de preconceito ajuda a criar a enfermidade psíquica não apenas no indivíduo, mas nas massas que entendem progresso com a criação de sociedades projetadas por encima justamente da ignorância que aceite esse tipo de prerrogativa. Tristes foram os tempos em que se perseguiam as pessoas por razões aquelas já enumeradas, na tentativa de se combater um inimigo ilusório, como pretexto para fazer brotar das catervas a ignorância empoderada e manipuladora pelos próceres, aí sim, mais inteligentes na formulação desse tipo de relação entre um poder de ápice em relação com uma verticalidade capilarizada na imensa pirâmide social que retrata, ou um país humilhado, ou a realidade de um país de terceiro ou quarto mundo.
          Em uma realidade aumentada, cada cidadão pode ser pacifista, ou ao menos ter a noção do que seja viver melhor na paz de uma justiça social, ao menos, mais progressiva, mais dinâmica, pois afora isso é chover no molhado, e não se cala a todos, nem lideranças de ordem capital. Não se mede uma boa vontade nas esferas hierárquicas do Poder através do pensamento prático de que o sol não nasce para todos, pois igualmente este não pode ser tapado com a peneira do retrocesso. Pode-se até, dentro de uma hierarquia, submeter um teste de pressão a um qualquer, mas há de se considerar a sua posição e respeitar a mesma em relação ao que se refira a hostilizações onde o cidadão – seja de que posto for – receba a atenção devida quando estiver em vulnerabilidade. Toda a inteligência possível deve ser resguardada, principalmente naqueles que lutam diuturnamente pela paz… Não há escolas que surpreendentemente falem sobre os Direitos Humanos como coisa vencida pela tirania, e que isso não seja a tirania. Ou é, ou não é, e um ponto final nessa frase seria apenas a noção que a básica das lições seja aprendida, quantos e quantos modos de se repetir esse quase mantra, em que a hierarquia, desde o mais alto até o mais baixo deve saber como condição inequívoca.
          De certo modo, pareceria estranho construir uma nação sem esse quesito, e realmente é. As pessoas com rancores no peito saem vituperando ofensas? Qual é a punição para o ofensor? Seria dizer muito que serão perdoados os ofensores, sem justificativa cabal, ou a máxima do mandamento do santo Pai Nosso como oração não signifique mais nada? Nunca nos retiremos do bom senso, pois esta dupla qualificação que assume justo o significado quando essas duas palavras se unem podem ser a essência dos mandamentos de Deus. Deus caminha ao lado dos pobres e essa assertiva é tão verdadeira como o desapego de um monge, ou das amarras da matéria, tão importante enquanto existência terrena, mas que verte tênue separação do espírito que qualifica nossas características anímicas, subjetivas, que alimenta a música, que alimenta outras formas de arte, que faz parte da cultura dos povos e que refrata a cegueira da ignorância. Um servo da Bíblia Sagrada pode fazer parte de uma reunião de artistas, ao menos para criar ou pintar a sacralidade, como nos legou tão amplamente a arte do Renascimento nas obras de tantos e tantos pintores, escultores, ourives, arquitetos, e que fazem de Roma a capital dos monumentos e obras de um patrimônio inigualável.
         Se for pecado interpretar a vida do sacrário, se for injusto pensar em Cristo como um ser inigualável na cultura ocidental, se for indigno pensar que todos têm direito aos seus credos abertamente, e se isso possuir excludentemente a anuência das autoridades constituídas, estaremos retrocedendo historicamente para uma vida bárbara e sem sentido, posto as cidades têm que possuir a paz para se manter incólumes, e a vida ímpia fundamentada em leis impostas e sem sentido da bondade, há que ceder lugar a outros tipos de leis alicerçados sobre um chão não ilusório.
          O papel do pacifista é justamente poder ter o direito de lançar luzes sobre as diversas frentes do conhecimento, e é nessa medida que devemos pontuar a valoração desses homens e mulheres que vivem em função de melhorar progressiva e sustentavelmente as suas existências…

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