Dependendo do local das regiões do mundo, caminhar com plena
liberdade, preservar o ir e vir pode ser muito relativo. Há lugares
muito hostis e as populações ditas vulneráveis hão de conhecer o
mar da ignorância, porquanto ser um homem ou uma mulher culto/a no
mundo de hoje não é muito fácil, posto estarmos enfrentando cada
vez mais o fundamentalismo – principalmente religioso – ao redor
do planeta. As guerras são travadas muitas vezes quando uma opinião
que divirja um pouco do habitual, do auto-proclamado status quo,
revela a verdade dentro de uma plataforma pouco tolerante. Essa não
tolerância com uma população que divirja em termos étnicos,
culturais, de gênero ou qualquer manifestação – que é vária –
de preconceito ajuda a criar a enfermidade psíquica não apenas no
indivíduo, mas nas massas que entendem progresso com a criação de
sociedades projetadas por encima justamente da ignorância que aceite
esse tipo de prerrogativa. Tristes foram os tempos em que se
perseguiam as pessoas por razões aquelas já enumeradas, na
tentativa de se combater um inimigo ilusório, como pretexto para
fazer brotar das catervas a ignorância empoderada e manipuladora
pelos próceres, aí sim, mais inteligentes na formulação desse
tipo de relação entre um poder de ápice em relação com uma
verticalidade capilarizada na imensa pirâmide social que retrata, ou
um país humilhado, ou a realidade de um país de terceiro ou quarto
mundo.
Em uma realidade aumentada, cada cidadão pode ser pacifista, ou ao
menos ter a noção do que seja viver melhor na paz de uma justiça
social, ao menos, mais progressiva, mais dinâmica, pois afora isso é
chover no molhado, e não se cala a todos, nem lideranças de ordem
capital. Não se mede uma boa vontade nas esferas hierárquicas do
Poder através do pensamento prático de que o sol não nasce para
todos, pois igualmente este não pode ser tapado com a peneira do
retrocesso. Pode-se até, dentro de uma hierarquia, submeter um teste
de pressão a um qualquer, mas há de se considerar a sua posição e
respeitar a mesma em relação ao que se refira a hostilizações
onde o cidadão – seja de que posto for – receba a atenção
devida quando estiver em vulnerabilidade. Toda a inteligência
possível deve ser resguardada, principalmente naqueles que lutam
diuturnamente pela paz… Não há escolas que surpreendentemente
falem sobre os Direitos Humanos como coisa vencida pela tirania, e
que isso não seja a tirania. Ou é, ou não é, e um ponto final
nessa frase seria apenas a noção que a básica das lições seja
aprendida, quantos e quantos modos de se repetir esse quase mantra,
em que a hierarquia, desde o mais alto até o mais baixo deve saber
como condição inequívoca.
De certo modo, pareceria estranho construir uma nação sem esse
quesito, e realmente é. As pessoas com rancores no peito saem
vituperando ofensas? Qual é a punição para o ofensor? Seria dizer
muito que serão perdoados os ofensores, sem justificativa cabal, ou
a máxima do mandamento do santo Pai Nosso como oração não
signifique mais nada? Nunca nos retiremos do bom senso, pois esta
dupla qualificação que assume justo o significado quando essas duas
palavras se unem podem ser a essência dos mandamentos de Deus. Deus
caminha ao lado dos pobres e essa assertiva é tão verdadeira como o
desapego de um monge, ou das amarras da matéria, tão importante
enquanto existência terrena, mas que verte tênue separação do
espírito que qualifica nossas características anímicas,
subjetivas, que alimenta a música, que alimenta outras formas de
arte, que faz parte da cultura dos povos e que refrata a cegueira da
ignorância. Um servo da Bíblia Sagrada pode fazer parte de uma
reunião de artistas, ao menos para criar ou pintar a sacralidade,
como nos legou tão amplamente a arte do Renascimento nas obras de
tantos e tantos pintores, escultores, ourives, arquitetos, e que
fazem de Roma a capital dos monumentos e obras de um patrimônio
inigualável.
Se for pecado interpretar a vida do sacrário, se for injusto pensar
em Cristo como um ser inigualável na cultura ocidental, se for
indigno pensar que todos têm direito aos seus credos abertamente, e
se isso possuir excludentemente a anuência das autoridades
constituídas, estaremos retrocedendo historicamente para uma vida
bárbara e sem sentido, posto as cidades têm que possuir a paz para
se manter incólumes, e a vida ímpia fundamentada em leis impostas e
sem sentido da bondade, há que ceder lugar a outros tipos de
leis alicerçados sobre um chão não ilusório.
O papel do pacifista é justamente poder ter o direito de lançar
luzes sobre as diversas frentes do conhecimento, e é nessa medida
que devemos pontuar a valoração desses homens e mulheres que vivem
em função de melhorar progressiva e sustentavelmente as suas
existências…
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