Para
se construir um mundo fantástico, pensa-se a princípio na
imaginação sem freios, em uma viagem interior, na acepção de
personagens aparentemente originais, mas a fantasia e a arte nem
sempre andam de mãos dadas. Você estudar uma peça de Shakespeare
profundamente, em sua língua original, encená-la com atores de
trabalhos de maturação ímpar, em uma sala de teatro excelente, a
um público mais culto, isso é razão de se fechar um ciclo da
genialidade insuperável de um dramaturgo desse nível. Você pegar
um apanhado de atores sem formação, improvisar uma peça, usar
marijuana para se inspirar e tentar realizar algo, remonta um
trabalho que pode incrivelmente, em poucos casos, se tornar um
trabalho medianamente razoável, mas não se compara ao do autor
inglês e sua montagem proficiente, mas em algo que de improviso faça
vivenciar apenas, o fazer artístico… Como em uma montagem de um
anúncio em que se paga pelo serviço de computação gráfica, a
arte comercial revela a dimensão de certas artes vinculadas à
soberania da competência. Não adianta tentar se fazer um filme à
altura de Chaplin, ou de Bergman, se não há estudo por trás: um
estudo disciplinado e fiel à própria existência da arte como um
todo, e o Brasil não foge a esta regra. No entanto, para se poder
desenvolver a arte e a fantasia, ou mesmo aquela e a realidade, urge
patrocinar deveras escolas de vanguarda, estimular a leitura do povo
em sua integralidade, observando-se o estudo algo severo da filosofia
e da literatura como um todo, e das artes visuais e seus recursos.
Talvez seja pensar muito alto, mas uma educação cada vez mais
humana é de vital importância para se compreender o caminho da
criação e expressão artística, dentro de seus processos por vezes
complexos, na necessidade de cada vez mais se implementar a cultura,
valendo para qualquer nação que queira compreender a si mesma e a
outras realidades. Igualmente com a música e o acesso dos morros
populares a bons estúdios de gravações: em se melhorar
coerentemente a vida da população em geral, tão rica em suas
manifestações, ritmos e letras.
Quando
o panorama é favorável, quando há boa intenção dos
administradores de uma nação culturalmente rica e diversa como a
nossa, fomentando-se a cultura em seus diversos modais, passando por
aí a questão das escolas liberalizantes no aprendizado e
construtivistas nas iniciativas, os próprios familiares e afins
aprendem algo, como quando os pais e avós conhecem livros de filhos
universitários contemporâneos – que fazem pensar – e vinculam a
experiência de si mesmos com a aprendizagem dos mesmos filhos ou
netos. Como quando se dá o inverso: um pai médico possa apresentar
ao filho um livro de medicina ou um outro de um amigo advogado para
que o estudante possa conhecer o universo da biologia ou o das
letras…
Não
há um povo que seja superior a outro, o povo alemão ou o povo judeu
não são superiores, nem o chinês e nem o estadunidense. Há apenas
populações e suas circunstâncias, sejam de qualquer ordem, pois
revitalizar a ingerência do poder bélico superior apenas coloca o
poder como instrumento da força, e isso é sinal de totalitarismo,
quaisquer lados possam se apresentar. Confunde-se a supremacia bélica
com a supremacia supra nacional, utilizando-se, seja os
estadunidenses ou quaisquer outros – interferindo no próprio
parecer interno de seus cidadãos – a realizar grotescamente
intervenções geopolíticas em cenários, quais não sejam, apenas
de vetores econômicos, para isso se usando da farsa de supremacia
anglo-saxônica ou hebraica para tentar mover uma triste e antagônica
locomotiva. O que se aguardará? Algum desfecho similar ao que já
foi visto em tristes épocas? Serão usados os mesmos recursos, agora
com o apoio irrestrito do fundamentalismo evangélico, a ponto de
alguns grupos que se opõem a essa triste realidade quererem
angariar, dentro do escopo pretensamente nacionalista, votos de quem
já se irmanou com essa realidade? Não se passa de criticar o cristão,
mas apenas de aventar o mínimo de possibilidade em que ao menos se
respeite mais as igrejas católicas, posto onde aparentemente está
uma profunda vinculação com o Poder Mundial, jamais se perguntam
aqueles que ofendem as minorias a eterna – enquanto dure –
pergunta: o que vale mais, o petróleo ou o sangue? Pois Cristo nos
deu a paz, conforme seus evangelhos, e jamais apresentou relações
de poder para que solucionássemos nossos conflitos internos. O mundo
apenas prosseguirá existindo se Laudato Sì for lida e relida
inúmeras vezes!
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