quinta-feira, 29 de novembro de 2018

POÉTICA DE DIMENSÕES



            Quando o pensar da poesia, se tanto porventura alcançarmos, houver por caminhos que tangenciem as dimensões que reconhecemos, ou mesmo a novidade técnica de uma semântica que nos transporte para o espírito supremo, ou mesmo na tessitura da matéria, esta não separada daquele, estaremos com pensamento. Quem sabe que o seja o pensar mais ameno, mais simplificado, sem a busca inerente do exercício intelectivo, mas um modo que não conjumine um lado apenas, mas o incremento das visões várias, por vezes na circunspecção das variantes neutras. Por vezes que nos motivemos a pensar mais, ao registro de uma ideia, a uma poesia que nos aflore no mais das vezes quando caminhamos ou não, quando estamos em viagem, nos transportares mais ou menos bons, que seja, na selva do trânsito, uma poesia da matéria!
            Estar-se a concluir, como quando se chega a um nível distinto de entendimento, como quando se faz o tempo em que um filosofa, pensa no seu quase ócio, já com as ferramentas em descanso – nem muito eterno... Será apropriado dizer que esse purismo poético alça um voo de planos avançados e permite, com o devido cultuar a mente, uma profundidade da cultura mesma supracitada, que não seja a si sem forma – posto por vezes apenas aparente – mas o influxo do conceito do objeto no espelhamento do sujeito que porventura somos. Não se torna mais complexo o andar-se às voltas com a mente ativa, posto que nas conexões da vida nos tornamos mais inteligentes, talvez com uma razão mais desnuda de prejulgamentos, na faculdade de maiores consciências de um fato, ou na aproximação da verdade como consubstanciação da certeza em sua concretude.
            As dimensões de um pensamento vão desde as raízes às folhas, passando pelo cerne, seu tronco, sua essência. Do essencial ao particular demanda que o conjunto do essencial postulado o indivíduo tome como particular seu imo, espírito e ente material, em uníssono, grão do grão e terra na base, onde a gravidade nos toca. Esse perscrutar do desenvolvimento lógico da razão retoma significados do ser, sua origem ontológica, e a causa de uma revogação do bom senso, que acaba redirecionando para o erro, para a contradição e que, no entanto alimenta dialeticamente o pensamento em sua maior fecundidade. É nesse vagar pela dimensão inicial, transitada no universo a outras mais distantes, que a velocidade que englobamos pela concretude o objeto ideal incluso fora de uma galáxia é que nos torna passíveis de uma crítica transcendente ao status quo de um pensamento petrificado. O negar esse pensamento nos aproxima da Verdade Absoluta, ou o encontro com a matéria espiritual, evanescente e forte enquanto existência eterna e irretocável, a sorte de encontrar a Deus, Krsna, fonte de todas as emanações e dimensões dos Universos manifestos e imanifestos... Para isso a ortodoxia teológica dá a própria dimensão da infinitude, validamente consagrada ao mistério da fé.
            A dimensão primeira da verdade que pretendemos alcançar é ela mesma a concretude imediata do objeto: água-molhada, fogo-calor, etc, podendo-se encerrar, na mesma retórica, diversas ou quase infinitas categorias e seus valores. No entanto, as categorias são finitas porquanto valores auferidos, distando da subjetividade, esta sim, anímica e supostamente mais flexível. Uma categoria que emane da superioridade espiritual, quando igualmente se há uma vivência dessa ordem, não supõe que haja concomitantemente uma superioridade material, porquanto relacionarmos trabalho e mitigação de necessidades básicas é o introito de se pensar no feijão, no arroz, carne, luz, gás, sapatos, calças camisas e força motriz, onde o valor agregado no mesmo trabalho seja dialeticamente progressivo. Isso é fato, verdade... Para algumas visões de um tipo de cárcere concreto, não aceitemos a ordem que valida apenas a punição e indulta a canalha. Por mais que a justiça tenha seus trejeitos para encima da supressão hierárquica, na cúpula dos intocáveis, naquela fala arrastada do jargão do direito e reto, a verdade aponta mais uma vez para a fisiologia e a venalidade. Não se pede a justiça mais, pois a justiça não pratica essa palavra que traduz a maternidade da lei, a proteção, os valores mais equânimes, indulgentes de fato, mas inclusivos por norma. Haverá como esperar que estejamos em outras dimensões, ou a realidade nos arrasta para uma parcialidade quase absolutista, mas sem meias terras? Leia-se quem lê, pois a dimensão mesma da equanimidade e justiça paritária sem auxílio moradia para quem já é palaciano resulta no simples resfolegar de feras que se enjaulam nos gabinetes para inverter a ordem e punir os justos. Mesmo quando comparados com os aplicadores dos golpes que grassam hoje pela América Latina, retirando qualquer acordo consensual de pautas, mas que prometem que sê-lo faça para que não derivemos o grande navio do século XVI que se chama Brasil!

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