Quando o
pensar da poesia, se tanto porventura alcançarmos, houver por caminhos que
tangenciem as dimensões que reconhecemos, ou mesmo a novidade técnica de uma
semântica que nos transporte para o espírito supremo, ou mesmo na tessitura da
matéria, esta não separada daquele, estaremos com pensamento. Quem sabe que o
seja o pensar mais ameno, mais simplificado, sem a busca inerente do exercício
intelectivo, mas um modo que não conjumine um lado apenas, mas o incremento das
visões várias, por vezes na circunspecção das variantes neutras. Por vezes que
nos motivemos a pensar mais, ao registro de uma ideia, a uma poesia que nos
aflore no mais das vezes quando caminhamos ou não, quando estamos em viagem,
nos transportares mais ou menos bons, que seja, na selva do trânsito, uma
poesia da matéria!
Estar-se a
concluir, como quando se chega a um nível distinto de entendimento, como quando
se faz o tempo em que um filosofa, pensa no seu quase ócio, já com as
ferramentas em descanso – nem muito eterno... Será apropriado dizer que esse
purismo poético alça um voo de planos avançados e permite, com o devido cultuar
a mente, uma profundidade da cultura mesma supracitada, que não seja a si sem
forma – posto por vezes apenas aparente – mas o influxo do conceito do objeto
no espelhamento do sujeito que porventura somos. Não se torna mais complexo o
andar-se às voltas com a mente ativa, posto que nas conexões da vida nos
tornamos mais inteligentes, talvez com uma razão mais desnuda de
prejulgamentos, na faculdade de maiores consciências de um fato, ou na
aproximação da verdade como consubstanciação da certeza em sua concretude.
As dimensões
de um pensamento vão desde as raízes às folhas, passando pelo cerne, seu
tronco, sua essência. Do essencial ao particular demanda que o conjunto do
essencial postulado o indivíduo tome como particular seu imo, espírito e ente
material, em uníssono, grão do grão e terra na base, onde a gravidade nos toca.
Esse perscrutar do desenvolvimento lógico da razão retoma significados do ser,
sua origem ontológica, e a causa de uma revogação do bom senso, que acaba
redirecionando para o erro, para a contradição e que, no entanto alimenta dialeticamente
o pensamento em sua maior fecundidade. É nesse vagar pela dimensão inicial,
transitada no universo a outras mais distantes, que a velocidade que englobamos
pela concretude o objeto ideal incluso fora de uma galáxia é que nos torna
passíveis de uma crítica transcendente ao status quo de um pensamento
petrificado. O negar esse pensamento nos aproxima da Verdade Absoluta, ou o
encontro com a matéria espiritual, evanescente e forte enquanto existência
eterna e irretocável, a sorte de encontrar a Deus, Krsna, fonte de todas as
emanações e dimensões dos Universos manifestos e imanifestos.. . Para isso a ortodoxia teológica dá a própria dimensão da
infinitude, validamente consagrada ao mistério da fé.
A dimensão
primeira da verdade que pretendemos alcançar é ela mesma a concretude imediata
do objeto: água-molhada, fogo-calor, etc, podendo-se encerrar, na mesma
retórica, diversas ou quase infinitas categorias e seus valores. No entanto, as
categorias são finitas porquanto valores auferidos, distando da subjetividade,
esta sim, anímica e supostamente mais flexível. Uma categoria que emane da
superioridade espiritual, quando igualmente se há uma vivência dessa ordem, não
supõe que haja concomitantemente uma superioridade material, porquanto relacionarmos
trabalho e mitigação de necessidades básicas é o introito de se pensar no
feijão, no arroz, carne, luz, gás, sapatos, calças camisas e força motriz, onde
o valor agregado no mesmo trabalho seja dialeticamente progressivo. Isso é
fato, verdade... Para algumas visões de um tipo de cárcere concreto, não
aceitemos a ordem que valida apenas a punição e indulta a canalha. Por mais que
a justiça tenha seus trejeitos para encima da supressão hierárquica, na cúpula
dos intocáveis, naquela fala arrastada do jargão do direito e reto, a verdade
aponta mais uma vez para a fisiologia e a venalidade. Não se pede a justiça
mais, pois a justiça não pratica essa palavra que traduz a maternidade da lei,
a proteção, os valores mais equânimes, indulgentes de fato, mas inclusivos por norma. Haverá como esperar que estejamos em outras dimensões, ou a realidade
nos arrasta para uma parcialidade quase absolutista, mas sem meias terras?
Leia-se quem lê, pois a dimensão mesma da equanimidade e justiça paritária sem
auxílio moradia para quem já é palaciano resulta no simples resfolegar de feras
que se enjaulam nos gabinetes para inverter a ordem e punir os justos. Mesmo quando
comparados com os aplicadores dos golpes que grassam hoje pela América Latina,
retirando qualquer acordo consensual de pautas, mas que prometem que sê-lo faça
para que não derivemos o grande navio do século XVI que se chama Brasil!
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