Quem
dera se muitos cidadãos vulneráveis mentalmente soubessem pensar
com a devida categoria de seguir conhecendo filosofia, a poesia, a
arte mesma como meio transformador, encontrando na realidade
substâncias objetivas para prosseguir encantados com as coisas da Natureza, humana ou não... Essa vulnerabilidade mental pode ser referenciada como
pessoas em geral, pois na verdade muitos de nós estão vivendo com
rotinas algo desastrosas, ou em dependências do que outros pensam
ser certas. A leitura com solidez, com algo que necessite um mergulho
nas letras, um foco mais intelectualizado, a ampliação vocabular e
gramatical, é um processo que leva o ser a uma saúde mental, mas a
variação de leituras, o engrandecimento cultural e artístico, a
noção da história e suas diversas maneiras de ver o mundo, faz
realmente a diferença em uma contemporaneidade global e plural como
a nossa. Nessa atitude de cotidiano não vale a lei do menor esforço,
como ver apenas um programa televisivo e achar que domina a sintaxe
existencial, mas reza por um esforço intelectual que seja
progressivo, e que no mínimo leva a referências mais consistentes
sobre a vida e o mundo onde vivemos, quando soubermos finalmente que
não vai ser apenas a religião que nos conceda a visão da cultura
de todos os povos, ou aquilo que paulatinamente porventura alcancemos
pouco a pouco. Pode ser que um enfermo mental enfrente duras
dificuldades – ipsum facto – e que sua realidade seja bem mais
penosa do que a do “outro”. No entanto, para que aquele tenha
mais conforto e se sinta mais incluído pensarmos na saída religiosa
nem sempre é a solução, pois oficinas de trabalho de arte,
artesanato, noções básicas de produção, afeto e ternura sempre
foram boas terapias para os que sofrem da doença psíquica, e toda a
ação que busque essas práticas devem ser bem-vindas, sob o escopo
de iluminação e esforço. Pensar-se que a ajuda ao mais necessitado
tem que vir somente das frentes da religião, não se poderá
consentir que é na abertura da percepção material e espiritual que
se gera um conhecimento, uma prática de manufatura, ou a necessidade
atávica do homem pela expressão artística.
Quando
se inicia um programa ou iniciativa para se montar algo que beneficie
um grupo de enfermos, ou se vincula a atividade com uma instituição,
o pensamento desse começo deve ser consistente o suficiente, há que
se medir a operacionalização, as limitações de cada ser atuante
no processo e manter distância dos óbices que surgirem contra a
criação desse tipo de iniciativa, que pode ser dinâmica em seus
diálogos internos para a sua consecução, ou vir de respostas que
demandem mais tempo para tal. É como lançar um grande navio à
água: antes é preciso projetar e fabricar a embarcação, pois
qualquer rachadura no casco o põe a pique. O pensamento gera, rende
frutos no processo das iniciativas, quais sejam privadas ou não. O
tipo de atitude que se pensa para melhorar a saúde mental do
próximo, ou de quem está do nosso lado, é situar o ser na
consciência ou, melhor dizendo, trazer o ser para a vida concreta,
ou mesmo proporcionar a arte como função de expressão, brotando de
sua psique este tipo de lavor.
Por
fim, a faculdade de pensar é inata, e muito faremos a nós mesmos se
pensarmos com intensidade, se especularmos filosoficamente sobre
qualquer tema, se descobrirmos na Grécia ou na sua subsequência os
gênios que deram esteio para o pensamento ocidental, se nos
aproximarmos do Oriente, ou se questionarmos as próprias
contradições que se revelam em seus próprios diálogos. O bom de
se pensar no pensar, é ter em mente que todos os seres humanos, para
alcançarem a totalidade ou os fragmentos que a tecnologia tem a lhes
oferecer, hão de compreender que esta parte da premissa de que há
um conhecimento sobre a aplicação em tudo o que se traduz por
técnica, e que esse conhecimento de ordem tecnológica é apenas um
dos lados do imenso icosaedro de nossa espécie nos dias atuais…
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