quarta-feira, 14 de novembro de 2018

UMA FUNÇÃO QUALQUER


          Poderemos gostar de um objeto mesmo, uma peça eletrônica, em relação quase afetiva, enquanto não se tem acesso a robôs para que o afeto possa ser real. A mesma relação que temos com um celular pode denotar um exagero, enquanto aquisição de um meio em que a interação com ele é mais importante do que o conhecimento pessoal de alguém. No entanto, a funcionalidade desse gadget permite o encontro preciso, conferindo poder de trânsito que de alternativo que seria antes, passa a ser padrão nos que suportam esse objeto como modo de ter um poder, ou dominar – aparentemente – a tecnologia. Esse estranho e aparente controle vem a seguir por padrões em que a proficiência dos insights e as respostas com ícones agradáveis ao ego sustentam o uso e deixam relegados a segundo plano equipamentos mais efetivos enquanto conhecimento e pesquisa, como os computadores de mesa ou laptops. Todo esse universo que a alguns parece detentor de poder e negócios, em que muitos creem ser por si infinito, versa sobre uma relação do homem com a eletrônica, em que mesmo os analfabetos funcionais conseguem poderes de comunicação sem paralelos, pois instintivamente seguem os impulsos digitais.
          Rogam-se muitos para assumirem uma função, um tipo de serviço, sendo o setor que mais cresce no mundo. Esse servir a algo ou a um mecanismo controlador, a uma empresa de tecnologia de ponta ou algo similar acaba por ser um sinal de status que a própria sociedade confere ao cidadão que esteja assim colocado no mercado. O alcance e a performance do cidadão vale na presteza em colocar-se em função de algo, como uma relação de tutoria com uma sociedade que – em muitos aspectos – possui trabalhos cleans como a internet e suas variantes. Um trabalho que segue em inúmeras frentes que encontram soluções para tantas e tantas variantes do conhecimento, desde a coleta de informações, a capacidade de comunicação extensa e profunda e a disponibilização do know how para diversos campos de atuação da sociedade contemporânea. Sejam esses campos da engenharia e outros serviços técnicos, como aparelhos médicos, além de – observando-se o valor funcional – arte utilitária, visual, de mídia como os diversos aplicativos de entretenimento, e a grande fábrica que torna mais real o imaginário e a criação, construindo verdadeiros mundos de entretenimento com a tecnologia da computação gráfica, um dos maiores avanços dessa ciência. Contudo, por vezes o público perde a noção mais imediata com a realidade, tornando o mundo virtual parte da sua, inibindo que floresça a referência que se tem com a vida concreta. Essa frente ilusória no mais das vezes serve para inserir um trabalhador deste novo mundo, com um perfil praticamente encaixado na plataforma da produção febril deste escopo onde o saber tem que ser cada vez maior, e o ganho relativiza menos do que o justo, se se considera a envergadura do tipo de resultado, quanto se aufere, o que é o novo executivo e quanto significa um cargo de chefia em uma grande empresa.
          A função qualquer que se dê a um agente de negócios, qual seja, alguém que possua um pequeno capital para iniciar uma startup, ou seja, uma nova empreitada de negócios começa por um estudo – quando de uma iniciativa séria – de viabilidade, maneira de empreender, iniciativa ou criação primária ou secundária – quando de serviços essenciais ou derivados – e modais de produção em séries pequenas porquanto com teor de artesanato ou de fabrico essencialmente manual. A tese em se propor negócios por vezes não leva em conta a criatividade, mas a boa cópia, o pioneirismo, ou mesmo, muito mais facilmente, quando se dá o processo de aquisição de grandes capitais para ganhar mais a partir de investimentos seguros… Nada há para se afirmar que pessoas de origem vulnerável ou com problemas de ordem mental possam competir na selva do mercado, pois o zero não consta, nem mesmo no papel de origem, como estrutura de soma ou mesmo de subtração, e começar não reza àqueles “produtos fabris de mercado” com defeitos irreversíveis, porquanto crônicos. Resta à função do Estado zelar pela segurança dos cidadãos que possuam vulnerabilidades, pois o convívio dentro da pluralidade da sociedade é a única tese plausível dentro do espectro das idiossincrasias próprias de cada qual, a partir do instante em que a vida sempre pedirá passagem, mesmo em meio de mares tormentosos, e o quinhão que reparte o amor tem sempre uma sobra generosa a se compartir sem meios termos com aquele que está clamando em seu gesto que muitos veem apenas como uma sombra.

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