terça-feira, 20 de novembro de 2018

O ESQUECIMENTO DE UMA IDENTIDADE


          Porventura esquecermos de algo é notório, quando de coisa importante. Temos por nós o costume de hierarquizar as coisas, como de esquecer-se de ir ao trabalho, coisa que não se esquece, ou esquecer-se de lavar a louça, coisa que de muito se esquece… Passamos a bola ao outro, não cumprimos tarefas sem ganharmos, e o mercado finca sua lei inesquecível, quando conta no dinheiro de alguém, que esse alguém se faça notar, ao menos. Acontece que por vezes um ser humano esquece sua identidade enquanto ser cultural, passa a viver de uma fantasia, algo que possa ser quase meritório pela criatividade, ou imitativo enquanto referências que se catam no entorno, ou mesmo na profunda mudança tecnológica, que vem esta acompanhada de mutações no processo de entendimento dessa mesma mudança, como fator externo, em que os países mais ricos acabam por anular nossa identidade nacional, brasileira, latino americana, como queira se chamar. Acabamos por crer apenas em um tipo de movimento religioso, e aceitar o mais rico como superior. Haverá sempre mais espaço para que nos solidarizemos com tudo o que nos importa, que nos referenciemos com questões realmente de cunho mais cultural, de aceitarmos as diferenças como um modo de aceitar a dinâmica das sociedades como um grande painel de arte onde encontraremos nossos caminhos. Essa prerrogativa dinâmica é que nos permitirá exercer muitas atividades que pertençam ao universo do saber, e sabendo dessa latitude da existência nos deixa mais ocupados em buscar a verdadeira identidade, ou mesmo perceber que tudo depende da relativização do selfie na Natureza Humana.
         Como se previu na psicologia moderna que temos nossos arquétipos, uma compreensão do inconsciente coletivo, símbolos que modelam as personalidades, mas falar sobre uma psicologização social apenas nos permitiria enquadrar casos de patologia, quando estes ocorrem, como as psicoses, a esquizofrenia e outros males. Na verdade, estas doenças já são controláveis e passam a ser garantidas as liberdades individuais e coletivas que vão desde um leve transtorno a males mais graves, e a coexistência social é de suma importância para que passemos a fazer do “outro” uma vitória contra o estigma que acomete toda essa população. Pois que esta vem crescendo em grau e número com o tempo, na medida em que a própria identidade cultural dos povos vem se dissociando da realidade, ou por causas as mais variadas, entre elas a inconforme relação do homem contemporâneo com seu entorno: a Natureza. Nada há muito a especular sobre esses temas, mas quanto à perda de identidade do ser com o seu meio haveremos de saber quando a própria tecnologia e suas transformações forem conhecidas pelo poder que nela é investido.
          As grandes inovações tecnológicas históricas como a arma de fogo, o vapor, a imprensa, foram matérias de importância capital nos tempos que nos precederam, e hoje temos a tecnologia que ultrapassa as fronteiras do saber e gira as informações e seus processamentos em níveis muito altos. A terra fica relegada a segundo plano, o camponês vira um ser à parte, e o trabalho do operariado se torna uma espécie produtiva à parte da tecnologia na sua manufatura, no seu quesito de resolver o aspecto do engenho humano. Essas divisões laborais é que tornam a sociedade uma modalidade inventiva no compartir do conhecimento, onde um operário pode publicar um conto e um policial pode desenhar ou pintar em um suporte artístico. Não há a menor importância em afirmarmos que um profissional da segurança tenha que ser um homem ou uma mulher sedimentados por um padrão de conduta duro, por quem sabemos que o simples compartilhamento de conhecimento pode tornar qualquer cidadão mais culto e apto a desenvolver diversas habilidades quais não sejam aquelas que os tornem mais engenhosos, criativos e cidadãos do atual século, e não revisitar um passado turvo em que os paradigmas dos anciães sejam apenas o que se aceite por então…
         O passado, a história, ambos são importantes, mas fazer de uma história antiga o suporte da modalidade de uma sociedade conservadora no sentido de não aceitar as mudanças do mundo, é fazer de uma projeção estática a vivência cotidiana em um mundo dinâmico e sem paralelos com qualquer outro, o que nos permite afirmar que se uma modalidade de Governo não se apoiar em uma sociedade contemporânea e eclética, não poderemos falar em Democracia e sociedade livres. A libertação de um povo não vem com a arma que lhe é concedida, mas com a atualização de um sistema autônomo, sem precedentes, e de estatura de boas lideranças. Sem esses pressupostos não há um governo fundamentado na paz, mas apenas um caos de boa aparência e uma farsa regulamentada.

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