sábado, 22 de agosto de 2020

PROBABILIDADES

            Aceitarmos a coisa provável é de sorte mais urgente, mas não significa apenas um lance qualquer, seja de dados, seja uma carta de que gostemos, seja no tarô, seja na superfície tênue de um jogo qualquer… A dúvida pertence ao nosso universo e, quanto mais formos irmanados com esta, mais gostaremos de dissipá-la, porquanto a um lance nos absorvemos da coisa em si, presumida, quase certa, viável, dentro das possibilidades quaisquer, no que vem a dar quase na crença, vem a dar na vida mesma e na construção de nosso caráter. Ajuda muito sabermos que não podemos jogar com a vida, pois esta é sumamente valiosa, não estamos de posse do ser ou não ser, posto sempre existimos, incluindo-se a fronte que apresentamos diante de nossos espelhos, ou na face mesma que reflita – vinda de outro ser qualquer – quem realmente somos: da bondade ou não. Criar uma superfície odienta em nossos flancos, em nossos frontes, ou mesmo em nossa retaguarda, é coisa que beira o sinistro ou as formas da violência mais elementares. Não adianta comprarmos uma arma e sair atirando como se jogássemos confetes, pois a possibilidade de armar-se deve ser de praxe apenas nas autoridades que possam se armar, como uma opção clara e óbvia no resguardo da Lei. O que se passa na verdade é um costume intenso de tentarmos erradicar um crime com outro, e não é desse modo que podemos evitar o mesmo crime, ou o modo com que se apresentam as motivações para tais ocorrências. Não precisamos ser da área da segurança de modo a sabermos dessa premissa, que não se combate fogo com mais fogo… Se você combate um incêndio com outro é para evitar que o grande se alastre, mas esse procedimento depende igualmente de um profissional treinado e muito mais capaz do que um simples cidadão. O fato de possuir uma arma sem treinamento psíquico e militar não garante segurança em nenhum lado, e o militar há de saber que sua arma não é um fim em si mesma, mas apenas uma ferramenta que garanta a idoneidade de nossas populações, especialmente daqueles que sofram com a coerção da força do crime, e só a partir disso é que se pode pretender usá-las, para defender a população civil e resguardar a ordem. Essa é apenas a premissa básica da segurança e usar a arma para impor quaisquer pensamentos verticais, de modo arrogante e de força inescrupulosa é um fator que não leva adiante o nosso processo civilizatório…
            A vida é maior do que nossas probabilidades, e o mesmo fato provável é crermos no pessoal que cuida de nossa segurança, posto treinamento especializado e condizente com a versão mais cabal e pura do bom senso. Não é repetir a mesma tecla, mas basta que sempre a repitamos, posto o fundamento da segurança é, a partir do olhar de um civil, exatamente o platô que queiramos defender perante o olhar de qualquer sistema e, no nosso processo de Brasil, esperamos sempre pela Democracia irrestrita, conforme o andamento de nossas Instituições, a largo tempo tão fundamentadas e recolocadas em seus valores, apesar de Suas aparentes fragilidades. A capitular no texto significa o modal da superioridade clássica, haja vista ser da modalidade da luta a faculdade militar, e ser da modalidade da paz a paz mundial, nem que esta se revele em um país com tantas dificuldades, como o nosso. Na teoria das probabilidades não lancemos dados sobre a questão do armamentismo, posto não merece essa questão a versão de que estaremos longe dos crimes, já que a violência atrai a violência, e não será por defendermos alguma coisa ou alguém que estaremos aptos a usar da força para combater coisas que há muito já deveriam estar dirimidas, ou em uma supressão frontal. Esperemos vida longa ao povo brasileiro, e não a tentativa atávica de suprimir a mesma vida através da liberação de coisa que foge à compreensão que reside esta mesma em uma ignorância vil.

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