segunda-feira, 31 de agosto de 2020

AS ESPOSAS DO TEMPO

            Quem diria se soubéssemos de pronto sobre uma consorte ao menos, que partilhasse com o tempo uma miríade de seres outros, filhos de estrelas e espécies de deuses que habitam o olimpo de nossos conhecimentos, a saber, tudo o que denota a linearidade do provável… Esse questionamento do provável é que torna o mundo mais senciente, mais consciente do que existe e é fato, independente das amarras que nublam os bons pareceres com os algoritmos infinitos. Tarefa inglória seja para um estudioso traduzir as linhas consonantes em que o Tempo se revele auscultador dos reflexos humanos, já que o que se diz de coerente está fugindo às razões de maiores luzes! O tempo, este a que nos referimos em nossa mensuração é inglório, e só através dessa ausência do próprio e seu referencial é que podemos nos atinar nos seus aspectos mais secretos. Essa parecença com o óbvio por vezes é que revela o complexo modo de ser do pensamento que temos sem saber do conteúdo mais próximo da coerência acima citada. Essa modalidade de pensar em algo melhor e maior vem ao encontro das conquistas sociais bem por encima dos interesses de toda uma população, a bem dizer, internacional.
           No introito de uma consecução razoável no panorama do que pensamos ser uma nação reside a vértebra dos períodos, estes, que podem residir nas frases, em uma premissa lógica onde não importe a origem, uma linearidade temporal, um significado que se construa por etapas, curtas ou longas, sobre um diagrama quase em geometria precisa e perfeita para que os vértices comunicacionais se encaixem, como nas consortes algo pontuais do mesmo tempo em que resolvemos equações tão plenas de significado como a contemporaneidade, algo complicada e algo vertiginosamente plena… Não se trata de uma questão filosófica, teórica, mas de uma questão rudimentar como o traço da tinta sobre o papel, como um ideograma japonês, como as sílabas do mesmo idioma, como a linguagem alemã compreende melhor a síntese gramatical. E como a poesia de Pessoa e de Camões revela ao mundo a dimensão do português. E que Deus salve a América, esta dos americanos, de todos nós, como se essa frase quase atemporal houvesse de ser submetida a um crivo, a um filtro, em que encontramos clonadas muitas das referências verdadeiramente hipócritas de nossos territórios. Falemos de uma América ampla, irrestrita, relevante, justo que navegue sobre o aspecto oceânico de nossas idiossincrasias, de nossas culturas, do apogeu dos impérios que se sucederam sobre nossos ombros, mas igualmente das possíveis contestações dentro de um diálogo saudável e racional, dentro da possibilidade de que o mundo oriental possa ter parcerias com as vidas de todo o nosso continente, abraçando uma mescla agora tornada mais do que premente nos dias da atualidade, pois todas as nações devem se irmanar, senão não haverá possibilidade de uma concórdia na cronicidade de nossos acertos.
           O tempo manda, o tempo é fiel, o tempo resolve os erros e, se os tivermos em larga escala, podemos nos perdoar se obtivermos a anuência de suas esposas, na hora de acertar ponteiros, na hora de revisar o passado, os equívocos, e a trágica comoção que nos evoca uma Era tão complexa e dispare da mesma lacuna que por vezes deixamos adormecida por entre os séculos. Reiteremos que o mesmo século passado nos tenha abandonado pela barbárie que muitos nos acometeram, mas igualmente fiemo-nos no século que estamos a cumprir, na recusa estoica em não repetir os mesmos e deletérios erros, porquanto a interpretação da história e suas induções não pode se alicerçar nos teóricos de antigamente que sequer conhecem o que é uma linguagem de programação.

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