Há quem diga que a cultura se
produz, mas, no entanto, há momentos em nossas nações em que a identidade se
perde. O que venha ser a produção cultural ou mesmo o conceito tão amplo da
cultura? O cidadão indígena merece o título da cidadania se considerarmos o
processo civilizatório uma demanda em que o respeito à característica
antropológica não evanesça de modo a ignorarmos a maneira de viver dos mesmos
indígenas com seu peculiar modo de ser. A cultura reside nos morros, nas
favelas, nas vilas miseráveis, no trôpego caminhar de um mendicante, ou mesmo
culturalmente se dá a contra cultura, quando se contesta todo um sistema, no
que isso possa se dar com a desobediência civil e outras formas de protesto,
quando o copo transborda depois de uma simples gota... A maneira de ser de um
civil ou de um militar não pode ultrapassar o germe da separação, posto a
categoria de cada qual se estampa, e os civis enumeram uma infinidade de
ocupações, enquanto os da guarda encampam apenas os seus próprios pareceres,
suas idiossincrasias particulares onde, igualmente ao restante da sociedade, há
aqueles que são de mérito justo e outros que se deixam corromper,
lastimosamente. Isso é um fato, erraríamos se o negássemos. Por aqui devemos
pensar: que tipo de corrupção afeta uma aldeia indígena, frente ao garimpo
onde, por paradoxo que é, a busca do ouro corrompe deveras, como sabemos do
fato histórico aqui, em nossa América, se for citar um exemplo cabal e
irrestrito. Portanto, nada mais ausente do humanismo frente à avalanche do
poder econômico, que pode ser capaz de matar, de tão municiado que está e se
apresenta com a truculência travestida de desenvolvimento.
Perdem-se na memória os momentos em
que o país possuía um movimento artístico tão forte, e como a censura em
determinada era tolheu de forma tão excludente todas as formas de expressão,
cabendo ao povo brasileiro agora uma retomada para resgatar a memória do
arcabouço da arte, independente do grande teatro da tentativa excludente que
revela no futuro o cerceamento da produção de peças culturais, seja nas artes
visuais, escultura, instalações, teatro e cinema. Sem citar a literatura e a
filosofia, irmãs gêmeas estruturais. Precisamos ser mais fortes do que o mais
forte, ter a têmpera necessária e mantermo-nos atentos, como um improviso nesse
grande teatro que deve assumir a postura internacionalista. Se, digamos, oito
pessoas nos acompanham no Brasil enquanto, no exterior, milhares nos
acompanham, a cada período, a cada brecha, podemos crer que não estamos sozinhos.
A globalização é fato inconteste, imperecível e inevitável, e o mundo anda
curto dentro de nossos celulares e computadores, mesmo que ainda estejamos em
um isolamento férreo como na atualidade. Na realidade, depois desse isolamento
forçado em decorrência da pandemia, registremos nossas reivindicações, pois só
e apenas estas podem estabelecer acordos favoráveis e, acreditemos, em nome de
Jesus, que deve haver – como Ele pregou –, melhor distribuição das riquezas,
pois não há mais como conviver com a diferença daquele que ganha bilhões e
outros que mal possuem água nos seus barracos.
No entanto, o que nos moverá para
manter grupos primitivos – neste nosso conceito ocidental do que se supõe o
seja – e a produção cultural é uma mola de tração que nos impulsiona mesmo
enquanto estamos mais fracos... Mesmo que se imponham tarefas árduas,
penitenciais, de austeridades redobradas nessa fortaleza de caráter que se
chama força e resiliência em todas as classes de bom senso. Para que possamos
ao menos conviver com o caos em uma luta interna, na ativa espera pontuada de
ações que resolvam melhor o resguardo – a um principiar, somente – de nossas
instituições democráticas, no que verse uma grande marcha para que comunguemos
da mesma base de sustentação de cada qual, em um panorama que pode parecer
complexo no início. O caminho saudável psiquicamente está na ação em
consciência – em uma religião ou não – luminar que possa nos posicionar na
retomada de negociações e acordos nessa estranha transição que a muitos não
parece levar a lugar nenhum, e a alguns pode levar a toda uma esperança,
porquanto cidadãos no processo de participação inequívoca para as mudanças
importantes nas estruturas do Brasil.
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
A PRODUÇÃO CULTURAL
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