Se
houvera porventura mais do que um maniqueísmo, talvez em cúmulos
arquetípicos, no que depende do sistema em questão, não
propriamente de um regime político, ou da moralidade relativa, mas
em cada um que pese o torto pensar ou no que se pensa ser correto,
mesmo entrando na coisa da fraude. Como disse Carl G. Jung em “O
homem e seus símbolos”: a vida é uma batalha, considerando que
estamos repletos de dualidades, entre temperatura, bem ou mal,
nascimento e morte e etc, quando não possuímos certeza de nada que
possa nos acometer, dentro do espectro da existência. Na verdade, a
situação material auspiciosa nos fortalece deveras, mas, ao mesmo
tempo, temos que viver dentro de uma segurança quase blindada,
quando nossas vidas são de ostentação por vezes inconsciente, ou
em uma posição contrastante com a maioria da população, que é de
baixa renda. Muitas vezes o conforto de um cidadão reside no seu
espaço aéreo, quando sai de helicóptero para trabalhar como CEO de
uma grande organização, ou quando dono de uma grande corporação.
Essa questão reside na veia da opulência material, enquanto milhões
de habitantes de uma megalópole por vezes nem água possuem normalmente em seu duro cotidiano. O que falta na ausência de
distribuição da riqueza mais equânime pode ser considerado uma
injustiça sistêmica, onde muitos pouco possuem e poucos possuem
muito. Quase como um trocadilho, revelador, no entanto, de uma
desigualdade que em alguns países não tem precedentes. Cabe a
questão moral neste assunto? Mesmo sabendo-se que a ética muitas
vezes depende do contexto, no modal de justiça social cabe crítica,
diálogo e luta, pois aqueles que pegam um trem às três da manhã
para chegar ao trabalho na hora certa lutam deveras… Esse tipo de
batalha citada acima, de Jung, porventura também envolve outros
contrastes, dúvidas, e nexos alternos. Conforme citada nessa obra, o
espelho do que foi a Cortina de Ferro e o Muro de Berlim instaurados
depois da Segunda Guerra, se traduz em uma dissociação mundial,
como uma neurose crítica planetária. A luta entre ocidente e
oriente, a cisão e o pensamento refratário com relação ao novo,
mas que caracteriza obviamente a propriedade dissonante do
capitalismo e os fechamentos das fronteiras na Cortina citada.
Obviamente, se dermos tratos à bola defende aquele que muito possui,
e luta por melhores condições o que nada possui, haja vista a
derrocada do muro ter sido uma derrubada simbólica e hoje continuam
os problemas sistêmicos no mundo.
As
querelas que vemos por todos os cantos traduzem mais do que apenas
movimentos econômicos, mas situações de ansiedades permanentes,
redução dos valores mais elementares, aumento crescente da
violência e governos fechados em si mesmos onde não se sabe
exatamente o que neles acontece. A segregação toma conta, surgem
títeres nada libertários e o show, como se diz, deve continuar
desse modo: cantado por dentro como um réquiem… Nos tempos da
atualidade a morte do “outro” é vista como algo “natural”,
gerando um descaso e uma ignorância cada vez maior quando se toca na
questão da solidariedade, ou da citada justiça social, ou mesmo no
ignorar-se e se manter alheio a preocupações pertinentes, quando
não se estabelece um tipo de hierarquia necessária no viés da
civilização humana, independente de ser estabelecida oficialmente
ou não. A Lei nos impõem a hierarquia, e aquela se constitui como
algo de firmeza, que deve ser obedecida por todos os cidadãos,
principalmente se foi conquistada pela questão democrática, ou
seja, separar-se o trigo da palha como dizia Jesus Cristo já que, se
em alguns aspectos a dualidade nos movimenta, a roda da história
deve valorizar melhor as conquistas jurídicas, políticas e sociais.
quarta-feira, 5 de agosto de 2020
DE UM MANIQUEÍSMO QUE MOVE A RODA
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