domingo, 1 de setembro de 2019

UMA FACE RECORRENTE


          No que vemos, desde o aparentar de um rosto com maquiagem, as características de um corpo, no que vemos de tantos caminhos, no mundo virtual, no trânsito, nas pessoas em geral, vemos as faces que existem: ilusórias ou não. A face da produção, que seja, em estarmos alugando patinetes, em uberizarmos a sociedade, em que esta se torne mais e mais pauperizada, não vemos muito a face de progressos reais, por uma suposição evidente, em que nossos antigos viadutos se rompem enquanto há países que constroem um trem-bala em alguns meses. Temos vias de asfalto, temos as lajotas, as construções, as casas, mas de sólido em que tudo não se desmanche no ar não vemos nada do que não seja recorrente em empobrecermos, mais e mais. Talvez seja uma crise mundial, mas aparentemente é um caminhar pífio sem maiores responsabilidades, onde as queimadas na Amazônia viraram um estigma por onde devemos estar cientes do fato, ou de tudo o que atrasa o nosso andamento. Visto sermos um pouco etéreos, considerando o nosso nascimento que predispõe uma vida de quase 100 anos, mais ou menos, estaremos cônscios se aceitarmos o fato de que há outros mundos além desse nosso.
           O Baghavad-Gita deve ser um livro de cabeceira, talvez – em virtude das circunstâncias de nossos dias, igualmente a Bíblia. O que nosso olhar deve ser mais atencioso é no sentido de sabermos que muitos possam viver cerca de mil anos, ou mais, como quase a vida de Matusalém, cerca de 600 anos, se não estiver enganado, mas não há maiores importâncias de se mensurar a vida, porque o que nos importa é viver recorrentemente a face do que há, e o passadismo não seja o limite a que nos impõe um ciclo de história, ou mesmo a miríade de templos com suas particularidades, não importando tanto a união em torno de Deus, mas a diversificação permitida pelo não pagamento de impostos quando se cria uma religião à parte, desde que não se atravessem com o absoluto poder das igrejas mais antigas e tradicionais. A face produtiva passa pela crença, muitas vezes, quando o que importa ao trabalhador é encontrar uma frente religiosa para lhe dar um amparo e um norte em relação a tudo de iniquidades que se vê nos tempos contemporâneos. Mas, na verdade, não importa tanto que seja um pregador algum tipo de autoridade, posto a colocação social de um cidadão não há de passar necessariamente pelo viés existencial em relação a profissão, credo, força ou política. Todos são iguais perante qualquer constituição civilizada. De um simples varredor a um presidente de um país, a lei é igual para todos. Assim sendo, há que se manifestar no seu direito, o direito dos partidos políticos, dos sindicatos, das greves, da administração igualmente, no que se clama que seja exemplar.
          Não há muito de filosofia inquisitiva, pois não deve haver qualquer coação que se parta de uma autoridade, e, esta, só deve ser manifestada de modo cabal quando for requisitada no extremo caso, quando um crime é praticado, ou nos modos em que se previna o acontecimento dessa natureza. Será possível que certas autoridades ainda tenham que citar algum parágrafo da Constituição para que fique claro o direito a que o cidadão esteja incluído? Na colocação de uma lei promulgada, tenta-se a outorga, mas na realidade não se governa com plenitude da intenção de uma frase, nem de maior período. A face recorrente de algo não desejado, pode querer aparecer como em uma obra cubista, mudando os lados – analiticamente – ou na síntese de expor apenas alguns recortes, em uma montagem picassiana. Uma beleza é ver que Pablo já tem o seu adjetivo no léxico de nosso idioma, pois quanto mais insistirem na dissimulação, o tempo acaba expirando em horas…

Nenhum comentário:

Postar um comentário