quinta-feira, 19 de setembro de 2019

PINGENTES DE UM DIÁLOGO


Saibamos que as correntes não terminam no ocaso dos detalhes
Posto pingentes nos seus extremos, na volta que se dá no ouro,
Ou no artífice que modela o metal com a sua própria intenção…

Claudicamos com o perfil subterrâneo das riquezas, na falta
De se doar perante o diamante sem a pureza dos seus carbonos
Quando o que se quer é premiar uma coisa objetificada com outra.

À frente de nossas maiores e relevantes questões, que resida
Uma face de uma lapidação em que não se vê a fronte
A quanto de se saber que a dimensão da arte não impõe fortuna!

Um quinhão não merecido de um elo do ouro de uma filigrana
Parece a contento que não seja apenas o ganho de uma calota
Mas o fato de aquela não encaixar em uma roda pretendida.

O quanto se diz do recurso de um método de Carpentier
Quando a química que sufraga o risível encerra mais um dado
Que nubla uma fonte de luz onde a criação da poesia passa a ser fato.

Que houvesse um padrão quase inconsequente no perfil do amor
Nas vezes em que o amor mesmo – subentenda-se – torna o perfil
Objeto do sentimento quase gigante que retorna um valor sem igual.

De onde vem o facho que esquadrinha o tonel de gigantesco vinho
E entontece de quase repouso o verso quase calcinado pelo rancor
Passando-se a ser lanterna mitigada pelas sombras, o sim, o não…

A que se veja a mácula intempestiva de uma ordem assaz funesta
Na estrutura piramidal que revela um tempo de capitólio de Brasília
A saber que o túrgido aparente não remonte o outro tempo da Bastilha.

Quando porventura nasce de uma semente uma flor tempestiva
O verso pousa em um agrião de águas molhadas no solo nu
Em que o molhar-se da planta revela realmente que a água rega.

Em se tratar de uma questão de sobrevivência super-leniente
A toga indizível e maior do que o uniforme dos vencidos
Parte a entregar aos ventos o rugir renitente das palmas no céu!

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