Propriamente,
a imagem é sensorial ao olhar, tão logo não o possuíssemos seria
mera ilusão encontrar a atrativa questão do belo. É um recurso
grandioso, é tema de expressão na arte, é ciência em uma
cirurgia, e é a crítica mais facilitadora posto se encontrar mais
literatura, fora do braile. Uma dádiva é o comportamento do olhar
mesmo, supracitado… Quem dera esboçássemos em nossos rudimentares
silêncios o que nos revela uma fotografia, um gráfico, o Universo
que temos nesse campo, sem sabermos que a visão compraz o retorno do
que se vê, na abertura de uma manhã, ou no despertar do sono em que
fechamos nosso canal perceptivo.
A
imagem ponteia a maior parte dos recursos do que aparenta ser real,
naquilo que é belo, mas que por diversas razões, nem sempre é
indicado, quando porventura acreditamos na apropriação, primeira, e
no compasso de espera, segundo, ou quando tudo o que pensamos ser de
nossa propriedade passa pelo mundo tátil, terceiro elemento cabal da
compreensão do que se torna a gama de sentidos. Tanto no plano
afetivo material, como na subjetividade onde a imagem compreende a
interpretação, e o gestual compreende o ato reflexo do tempo, um
filme emergente, uma série de treinamento, ou mesmo uma sincera e
espontânea atitude algo rara, nos tempos de hoje, em que se joga tão
abertamente com os sentimentos causados pela percepção e seus
insights retroalimentadores. Pudera sermos tão certos de
atitudes várias, ou que essas mesmas atitudes não fossem tão
previsíveis como inteligências limitantes por seu foco, embasadas
no perfil iterativo. Compreende-se a atitude colaborativa algo que
seja de focos mais secretos, onde um grupo se mantém coeso na versão
de um trabalho, mas que não abre muitas vezes ao universo das
humanidades quanto de se esperar que esse mesmo trabalho não se
traduza no jogo, no brinquedo que se anuncia como emoção alheia. O
processo elucidativo do jogo torna-se um painel onde brota a velha
questão de antigas receitas, onde um batom atraente pode significar
a estampa de um reflexo, de uma aproximação, até mesmo de algo que
pudesse ser traduzido por amor, essa tradução relativizada por uma
civilização onde se joga até com os sentimentos mais essenciais
dos seres em geral. Onde, genericamente, possamos afirmar que, com os
animais, talvez exista uma maior franqueza de caráter, pois estamos
declinando para certos absurdos as relações humanas e as permissões
algo equivocadas em que alguns grupos não aceitem ver em um par
amoroso a latitude de um sentimento mais verdadeiro. Os casamentos
passam a durar menos, a não aceitação de alguns sacrifícios
ocorrem fora da amplitude da doação e do compartir a vida, com suas
dificuldades, e as relações cada vez mais se tornam liberalizantes,
no próprio reflexo social de envolver as conquistas econômicas,
políticas ou sociais, com a escolha de um parceiro/a.
Os
recursos da imagem são como molas que refratam o próprio caráter,
nesse universo algo já mais frágil nas relações entre os sexos.
Quiçá as novas interações com o outro/a sejam mais coerentes na
forma e no modo, o que isenta de preconceitos da ordem de gêneros,
posto combater coisas que refletem o andamento de uma sociedade,
dentro de um panorama ocidental de liberdade existencial, é como
proibir a uma máquina de usar seu combustível. Não há como tolher
as vidas pelo que se apreende como realidade visual ou
comportamental, haja vista que na esfera dos valores temos por cá,
na sociedade contemporânea, coisas absurdas que se comportam mal e que vão
contra a valoração da vida, não apenas em sociedade, como na
existência – que deve igualmente ser respeitada – de outras
espécies com o direito de usufruir do planeta. E a nossa, mera
intrusa em assuntos que não deviam estar na pauta na forma como tem
se comportado em relação à Natureza.
Que
se concluam os estudos imagéticos na área da ciência, que os
exames sejam feitos à luz da tecnologia, mas se valer de
prerrogativas praticamente institucionalizadas nas contendas na ordem
de informações lidas, ou apreendidas, não passa a um critério de
excelência na construção cabal de um viver mais inteligente –
qualitativamente – no cenário globalizante de nossa Era. A
identificação de algo, de um ser, de uma prática ou de uma teoria
baseada no que se vê, é estar alheio aos filtros das sinapses mais
coerentes que devem fazer parte de nossa massa encefálica, pois, do
homo neandertal ao sapiens a evolução não foi muito rápida, e do
sapiens a outro talvez não seja mais possível dentro do que se vê
e do que se sente, bastando um gato, por vezes muito mais esperto e
solidário, dentro de sua indiscutível forma de mamífero com genoma congenial!
Quando
passamos a utilizar os displays de modo a ausentarmo-nos do
tato com o ser humano, é significativo que passamos a depositar o
nosso afeto a algo mecânico, e basta saber se quando passamos a
encontrar a alegria por nós pensada em estarmos afeitos apenas à
tecnologia, estamos nos afastando de nossa identidade humana,
depositando por vezes a barbárie permitida nos recursos visuais da
rede. Encontrar vértices quase reais já se torna uma questão
relevante, quando ignoramos que ao nosso lado o sofrimento humano nos
olha pelos flancos dos celulares…
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