A
porta que se abre, tantas e tantas vezes, fechando-se na ventania,
E
Clara vendo a janela com suas grades, de uma face nua na arquitetura
Qual
não fosse uma janela desnuda, sem a grade, sem o fechamento…
Visto
que fosse uma, mas era Clara, ressonando
Depois
de uma refeição de domingo, Clara dos anéis
De
Saturnos em seus dedos, formigando a pele, cansada
Das
ofertas generosas em ligações telefônicas, os serviços
A
que quisera estar ausente, a que Elaine não percebera
Que
a ausência de si vinha a cumprir a meta proposta
Nos
caminhos túrgidos da profissão nebulosa…
Trincando
os dedos sobre o ferrolho da porta
Clara
sabia apenas das visitas, não da conotação do prazer
Que
antes não houvesse, os dedos crispados no colo
Em
orações nubladas, a tentativa de não cometer erros,
Posto
a falta da amante, que não envidaria esforços
Em
retocar a mesma maquiagem que porventura fazia a cor
Sobressair
de seus lindos lábios, turvos e provocantes
Em
alguma calada de bares que entorpecem, claudicam, fazem cair!
No
sono a queda, que fora de uma razão algo próspera, posto o fato
De
saber-se atuante, profissional, vertente de alguma gorjeta, afora
O
que de saber-se mais não se houve no querer ter merecido algo…
Dos
beijos em seus seios maduros, da pele acobreada de um negro
Sabia-o
quiçá melhor dos seus colos de mulher na mesma madurez
De
um carvalho intocado de suas superfícies, na vista de um fogo
Tardiamente
despertado porquanto resolvia-se na própria contramão.
A se
desvendar quilates, a se sobrepor tessituras, a alimentar-se de pão,
Quisera
Clara estar com qualquer interlocutor sem as frases de rebatimento,
Sem
o dizer-se a não dizer, sem os ensaios de algum tipo de treinamento
Qual
não fosse o toque terno nas alfombras secretas de seu corpo.
Vertia
quiçá um tonel de vinho sobre o mesmo tempo em que Elaine
Fosse
uma companhia de vento morno, um mormaço de inverno,
Um
calor qualquer que subisse ao seu ventre, uma misantropia cálida
No
revés de um arrependimento que não se falava de alguma hipocrisia.
E
esta era a sua solidão, pois tentava um amor secreto, posto na sua
vida
Não
surgissem muitos homens, não se refreasse o ardor de seu tórax
pleno,
De
suas perdas fatigadas pelas desordens de uma luta em se manter
Algo
serena e franca, que não se retesava a coluna, seus lombares
funcionavam.
Ao
corpo e ao corpo, transformado em células sensíveis, de poros vivos
Na
vida que pedia ser um pouco mais do que o mesmo de sempre, quanto a
si
Soubesse
que a mesma vida abriria seus farnéis para retocar uma muralha
Reconstituída
de totens, perdidos em uma selva, onde nem se encontrar se fora!
Queria
ser mais do que apenas Clara, queria ser um corpo infinito,
Veste
mesmo que do fracasso, um fracasso em fim, mas de cotidiano
Vívido
como a esmeralda de seus olhos, mas com um semblante
Que
olvida a forma de tentar ser mais do que um misto de espírito nos
redima…
E
lembre-se a mulher de seus encantamentos que Deus carregou como
grandes
E
que nada nos impeça de dizer dos erros de uma Criação que não
renegue
Que
mesmo a uma autoridade imperecível remonte a beleza tão nobre e
perfeita
Que
é o rebentar de um pistilo e de uma safira nos corpos tênues do
feminino…
Qual
não fosse, o que encontraríamos por demãos de tinta na arquitetura
divina
Se
não fosse a nossa grande casa, a casa por vezes de muitos aflitos
Mas
que ensombreada fica mais terna, à medida que um olhar de mulher
Ressalte
que são muitas as Claras que temos em uma volta do que seja assaz
raro.
Mas
daquilo que seja raro em nossa busca, lembremos da solidão de um ser
Quando
percebemos que a mesma crença de que não estamos jamais sozinhos
Perfaz
dias em que a mesma veia de uma parceria poética nos encontre a
companheira!
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