Será
sempre leviandade afirmar que não haja relativização dos
conhecimentos. Um indivíduo pode pertencer a uma realidade onde não
se pode adquirir o saber da ciência, mas pode viver melhor e mais
intensamente do que o sapiente. Talvez haja uma distinção semântica
entre sapiência e sabedoria. A partir do momento em que o índio de
uma determinada tribo sabe melhor sobre o muito da Natureza, aquele
doutor que nunca deixa a sua sala, rodeado de livros, quem sabe nem
desconfie que o seu objeto de estudo na verdade se distancia do que é
uma existência onde a catalogação perde para a vida do mesmo
indígena, parte intrínseca no que se sabe do tronco, do aparente,
do visível, muitas vezes…
Uma
casa pode estar repleta de gentes de posses, e estas gentes resolvem
por vezes suas questões de negócios, onde o ilícito pode passar a
ser normal e previsível, e ignorar o fato por parte de gentes que
não estão e nem são objeto de cuidados e atenções judiciais,
reitera a mesma impunidade que move a infantilidade em que se torna o
cidadão que faz algo errado pensando que tira vantagens no mesmo
sistema de que faz parte, como uma espécie de puppet. Quando
se jactam de furtar-se a redimir a falta encontrando outras e outras
vias da ilicitude, por vezes ruminam o respeito que a mesma sociedade
eticamente falimentar lhes reserva. Não se trata de apontar o dedo,
se trata de verificar que em cada lote de muitas casas as tramas
revelam a carestia do bom senso, da honestidade, e não da faculdade
inata de se obter prazer – principalmente regado a um bom destilado
– em passar o outro para trás, em cometer maldades, em
ofender, sendo que esse retrato viral apenas revela a fraqueza de uma
defensiva da ignorância, como uma roda viva, um moto perpetuo
dos termos mais fáceis, da selva competitiva, de tomar-se por um
lado e esperar dar o menos possível a quaisquer nos diálogos
retroalimentadores da contradição que se torna iníqua. A
perspectiva de se ter conhecimento de uma atitude vencedora torna-se
mais factível e saborosa quando se passa adiante o conchavo com um
si de autoridade em que se arrogue e, no entanto, visceralmente
ilusória. Passe ao comando de mais maturidade não reativa,
porquanto vez e voz de uma questão que atravessa a vida de muitos, e
onde a mitificação do poder se torna a grande ilusão de quem
possui recursos ou ganhos maiores. Uma sociedade onde as diversas
classes em questão não objetivam razoavelmente seus propósitos
dentro da máquina em que vivemos, com seus padrões de engrenagens e
a modalidade integradora, esta que não pode estar vinculada a
nenhuma substância que atrapalhe seu correto funcionamento.
A
classe objetiva propõe, dentro de seu escopo limitado, a própria
condição de que essa limitação se torne a fronteira de se tornar
consciente da posição em termos de organização e menos tempo
gasto com firulas existenciais de ordem competitiva, pois suas
concorrências são muitas vezes uma realidade concreta onde um
rebaixamento não deve sofrer reveses existenciais, pois não há
muito espaço para especulações no arbítrio da engrenagem
supracitada, posta, de fato. Daí a necessidade do diálogo dinâmico
entre essa imensa fuligem que existe na mente de muitos,
descobrindo-se que buscar o conhecimento vai de encontro não
propriamente de aquisição de informações, mas de trocas de
conhecimento e energia depositada em trabalho e tomada contínua e
dialética com uma consciência majorada, posto ser no prego que se
prega, no tijolo e sua fiada, no pão e suas regras panificadoras
para mais ou para menos e em uma empresa lançada como um barco:
antes remo, depois motor. Paulatino deve ser o crescimento, pois o
fracasso minorado de pouco investimento refaz o moral das partes onde
um consumo deve estar profundamente vinculado com a realidade. Há
que sempre negociar, pois se houver empatia entre os diversos tipos
de diálogos, confronta-se o painel de uma classe alta podendo falar
com uma gente de base proficuamente, dentro de um tipo de
sedimentação econômica onde se encontrar com a vantagem de poder
dialogar fora do rotulo que emane de qualquer conotação existencial
mais ilusória, como estar-se profundamente vinculado com sistemas
religiosos, a não ser que se queira ser cura, pastor ou monge.
A
religião une as gentes, um tipo de amálgama silencioso que
conquista os espaços, mas objetivar conhecimento científico com a
receita infalível de que só há saída existencial dentro desta
ótica pressupõe deixar de lado alguns conceitos como a lógica
indivisível, condição sine qua non de se estar preparado
para um pensamento mais amplo e exato sobre o trabalho e suas
diversas modalidades. A condição em si de se preparar a obra com
planejamento, de se organizar com frequência, de modo nada
conservador, posto a vanguarda da prática de se saber o que vale
como conhecimento, e como galgar etapas dentro da construção de uma
sociedade melhor, dependerá em qual os fatores relevantes, dentro de
um tempo sagrado onde a tomada de consciência do universo político
e econômico torna mais objetiva uma classe, dentro do espectro
individual e na necessária projeção à coletividade. Esse tempo em
que queremos acreditar em algo com sede, e podemos certamente ter fé
em nós mesmos e praticar essa eterna luta que tem a ver com o
amálgama por vezes de chumbo que encerra um tipo de dentes quebrados
nas estranhas e muitas vezes arcaicas engrenagens que necessariamente
todos temos que tornar aptas e azeitadas. Sem isso, não crescemos em
mudar certas estruturas, mas tornamos todo um sistema corruptor e, de
modo causal, incrivelmente obsoleto.
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