sexta-feira, 2 de agosto de 2019

UMA PONTE A ALGUM LUGAR


          Você queira atravessar algo, porventura uma ponte, que ela lhe leve, que deseje isso, incontestavelmente… Face a face nos encontramos com alguém, que seja, um boneco, algo de significado vário, com uma reprimenda, com um pensamento, todos a face única de não se saber exatamente a quantificação desse evento. Esse propósito quase insano de se acreditar em uma fala, de querer que seja real uma boa notícia, de um garimpo quase incessante de buscá-la, apesar de pesos em que a balança fica desigual. Talvez seja bom saber! Mas o que saber, se tudo se sabe aparentemente, se temos um uber defronte a qualquer negociata? Quantos milhões vale um crime permitido, se o que não se permite parte a buscar o habeas corpus quase circense? Pudera, talvez uma agência de inteligência estrangeira preveja um futuro, mas o pneu gira e gira, em falso. Esse rotor agora já mais azeitado e, no entanto, mais sacrificado pelo desgaste revela a máquina em que o nosso corpo é encerrado: dos sonos, dos batimentos em nosso peito, das reações alérgicas, de se fumar um bom cigarro. Ops, desculpas pela quebra do tabu, que seja, ao produto quase tóxico que encontramos nas conveniências, afora aqueles que primam pelo conhaque.
          É por vezes de se ver em uma novela de Simenon, as histórias de Maigret, seus ambientes, o modo daquele tempo de décadas passadas, onde o telefone de um hotel possuía a central em outra parte, e onde a investigação não possuía muitos das provas além de a intuição e a lógica, o inquérito, a suspeição e o crime, este desvendado sempre magistralmente. No de se saber que hoje o acompanhamento da verdade e seus caracteres perde pela falta da literatura. Da boa literatura. Que não seja preciso dizer sobre linhas de comando militar, da forma em que se conheça através apenas das séries de televisão, ou dos simuladores e games eletrônicos. Na caixa de fósforos está escrito fiat lux, com a embalagem antiga e maestrina… Uma ponte ao menos, que seja verdade ao escutarmos uma língua latina estarmos aproximando a compreensão e o carinho que temos pelo nosso idioma. Essa mesma linguagem a que nos aproximamos ainda crianças desde o nascituro, e que temos por expressão da nossa literatura. Desta língua portuguesa que nos leva sempre a uma dignidade sem limites! É como a linguagem hispânica, o segundo idioma de nosso país em nosso continente latino-americano, na aproximação de nossa cultura irmã de outros países e seus povos. Esse agora arremedo de ponte que nos atravessa internamente abre igualmente a condição de – com as novas facilidades de comunicação – tecermos contato com outras culturas naquilo que se pressente como mundo global, mas o mundo tem sido um globo desde Copérnico, talvez, se não estiver historicamente equivocado. Essa ponte nos leva a algum dado, a alguma informação, ou muitas, mas empaca nos conhecimentos básicos que, como o nome diz e de acordo, todos residem no globo, pois não temos um globo africano, latino-americano, norte-americano, asiático, ou ucraniano, japonês, este a propósito uma ilha maravilhosa, um principiar de outro continente, onde nossas pontes possam se alimentar de tal ciência.
          A propósito, a ciência do conhecimento – digamos assim, na plataforma material – pode nos levar ao conhecimento, e essa busca incessante por um homem ou uma mulher resulta na quebra de qualquer grilhão. Porém, a ciência transcendental pode ter um valor de monta incomensurável, pois é uma ponte que nos une com a Criação de Deus. Essa ciência – do conhecimento espiritual – nos revele os caminhos, a citar por exemplo Augusto Cury, um grande médico e escritor, que nos aproxima da realidade do Cristo. E Prabhupada, por que não dizer, um santo do século XX, que tem nos ensinado, através de seus livros, os Vedantas, os Shastras, a sacralidade dos ensinamentos indianos e toda a sua mística surpreendente. Afora isso, como se não bastasse, temos o Tao, o Ying e o Yang, o masculino e o feminino, toda a sabedoria milenar chinesa, o Tai Chi, com seus estilos, o I Ching, ou seja, os modos de conhecimento anímicos que desvendam os tesouros do inconsciente, as pinturas de enfermos da época de Nise da Silveira, as pinturas de Van Gogh, a se mostrar que as pontes que levam os homens à arte são várias, e o animismo das religiões podem mover montanhas, se estas não ficarem circunscritas a apenas uma escritura, pois quando há uma harmonização de diversas tríades se chega ao universo da compreensão e da gratidão por estarmos vivendo com pontes repletas de possibilidades, que nos entrosam. Seja no mundo material, seja no universo científico, seja no simples renascer da esperança perante a espécie humana, seja no respeito que devemos por obrigação e responsabilidade conceder aos nossos colegas de existência, como os animais e as plantas do planeta Terra. Esta nossa casa, que temos por obrigação de a estarmos cuidando, como aos nossos diletos seres que não entorpeçam nossa humana sensibilidade...

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