Se
há o que para ser bom, se nos cumprimentam dizendo: tudo bom(?).
Esse período não possui relação – por vezes – em que o
interesse real seja que estejamos em uma boa felicidade. Mas como,
qual seria a felicidade ruim? Justo, aquela que não é justa! Dentro
da justiça, no entanto, o estofo é grande e processos gigantescos
por vezes vão e voltam como um labirinto interno, lembrando Kafka e
sua genial obra. Mas seremos melhores se reinventarmos muito de nossa
gramática, aí incluindo os meios digitais, o grafite, a caneta, as
pesquisas da ciência e os paradigmas religiosos. Podemos ser, sim,
melhores, e para isso temos o famoso conteúdo, não só interno como
algum tipo de ligação ao engenho, à criatividade, à expressão, à
literatura e às artes visuais. Ser melhor é virtude, sabendo-se que
o caminho por vezes é denso e difícil se REALMENTE quisermos
avançar, não apenas espiritual, como materialmente. Tudo tem seus
trabalhos, seus diálogos, seus pressentires, a noção básica de um
conhecimento, o apreender, o viver, a questão existencial de cada
qual. Ser quem se é hoje nos tempos modernos que se nos apresentam
com todas as novidades tecnológicas, acaba por não ser exatamente o
ser que passa em nosso imo, em uma importante atitude meiga e
sincera, afora estarmos muitos de nós mitificados por questões de
rótulos e de poder.
Como
dizia Carl Jung, a vontade de poder é um estigma cruento, que nubla
o ato da psique, transtorna por vezes quando não é alcançada, e
estorna quando no-la possui o ser, como algo atávico,
surpreendentemente reptílico, em que nossa ulterior humildade fica
relegada ao ostracismo de não nos surpreendermos quando – mesmo na
questão religiosa – ficamos arrogantes por nos sabermos mais
fortes quando do predomínio de um ato que reforce a fé dirigida,
constitucional no poder, de querer ser a maioria, de não compreender
que religião é opinião também, e pertence ao domínio da escolha
particular, individual. Essa questão do indivíduo na sociedade é a
condição de perpetuação do universo crítico e humano, da mesma
escolha citada para algum fim, da isenção da manipulação em todas
as suas frentes, e da compreensão do universo humano como fator de
transição da barbárie para o humanismo. Se porventura
compreendermos que mesmo aquilo que um escritor escreve passa por uma
revisão e uma dialética do ato de ter ou querer escrever, reler o
que se processa mentalmente, e arguir sobre uma conotação, um sopro
de significados, ou uma retórica equivocada em seus princípios e
origens, fica melhor, para um conjunto da obra, um reflexo do que se
escreve antes, no mesmo diálogo do resultado posterior, na ida e na
volta, na interpretação, como em um voo de andorinha: imprevisível
e entusiasta.
A
coleção de escritos é, na verdade, uma grande frente de
conhecimento, onde o purismo da filosofia permite a análise, os
silogismos, a lógica, a razão, e outras vertentes do pensamento
humano. Tudo aquilo que ameace a integridade do livre pensamento –
quando este não insiste na incitação do ódio – deve ser
evitado. Por paradoxal que possa parecer, dá a impressão de que
vemos tantos discursos de ódio hoje no mundo, que aqueles que prezam
por falar sobre a paz vêm a ter olhares mais atentos e desconfiados
sobre esse famigerado e “anacrônico” discurso. Quando Cristo
prega a paz, muitos acreditam ou pulam para os conflitos do Velho
Testamento… Ou quando o Sumo Pontífice fala sobre, rechaçam o
catolicismo com todas as – aí sim – anacrônicas histórias,
muitas vezes inventadas, sobre as atitudes da Igreja no passado, que
nada mais significam sob a égide do que hoje se torna a grande
comunhão. Citar-se essa passagem é justamente apresentar as
questões de dissensão religiosa, como a falta de reconhecimento de
muitas templos evangélicos com relação à chamada idolatria, e a
intolerância com o Candomblé. Nosso país possui uma das maiores
populações negras, e as religiões de matrizes africanas tem
encontrado duras repressões por parte de grupos intolerantes,
racistas, praticantes de violência, no que se pasma, em nome de
Deus, muitas vezes. Passemos para os indígenas, e estes enfrentam
não apenas a intolerância através de forjadas conversões, como
igualmente interesses gananciosos em seus territórios.
Seremos
melhores se agirmos no modo da Bondade, da compreensão e do cuidado
de nossa Casa Comum, que é o nosso planeta, seu lado global,
holístico e espiritual. A partir do instante em que as manifestações
violentas, a agressão bruta, o recrudescer do ódio contra grupos
mais autênticos, e as relações de poder que embarcam em viagens
contra o pluralismo e a igualdade de direitos, muitos não serão
vistos como gente de bem. Essa vigilância da justiça e seus órgãos
no sentido de permitir e estimular as premissas humanas dessa ordem,
da bondade como modalidade de ação, é o calor de uma lâmpada
tíbia no começo, virando paulatinamente nosso norte, ou seja,
transformando-se um sol necessário e pungente para que haja luz
sobre os povos, para que se aqueçam no conforto moral, e que se
levante a esperança para a nossa mãe Terra! Esse quadrante inominável, toda essa geometria precisa da
sensatez, passa pela questão de estabelecer critérios profundos não
apenas na solidariedade continuada entre os povos, mas igualmente na
pertinência de se tomar consciência de que algo erra grandemente
quando a riqueza se concentra como hoje na mão de meia dúzia de
grandes bilionários. Jamais haverá crescimento material sem a justa
distribuição de renda, não teremos de onde vender e nem de quem
comprar. As coisas se processam com o que já temos até então, e
elevar o mercado interno é tarefa de gente competente, pois não
adianta acrescentarmos riquezas potenciais e exploratórias de uma
terra que tende a se tornar cada vez mais árida com o tempo, quando
nos comportarmos sangrando para os mais ricos o que sobrou da riqueza
do mundo. É verdade que o valor não é tão flexível quanto a
moeda, mas a corrida do ouro, como se processou nos EUA, trouxe um
rastro de violência, desmatamento e construção unilateral da
minoria branca que resguarda para si a sua pífia representação. Um
mundo onde se aceita os apartheids que recrudescem nas migrações
não está preparado para ser mais bondoso se a mentalidade dos seus
líderes não deixarem um pouco de lado a sede por sexo, dinheiro e poder.
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