sexta-feira, 23 de agosto de 2019

O MITO E A REALIDADE


          Algumas personalidades históricas ou literárias viraram mitos, ou lendas. A ponto de nos apercebermos que a palavra mito se transfere com a maior facilidade nos tempos de hoje, em que os games e os super-heróis dão certas pautas na ilusória forma de se apreender o mundo. Um planeta onde a ficção se encontra com uma pré ficção, onde quando empunhamos a bandeira de retornar-se ao panorama da realidade, vem um manto denso, como um nevoeiro de acrílico, sólido, transformando as maquetes de um mundo da real arquitetura, na acepção de quem fabrica e quem usufrui ou compra a sua ilusão de encomendas… Torna factível e extremamente confortável se instalar na conveniente poltrona e participar de jogos, como se a interação com o game realmente nos transportasse a um mundo virtual, transcendendo a realidade, como se recriássemos espaços, como se nos treinasse um simulador, como se houvesse uma interação realmente importante nos inputs e outputs, as entradas e saídas, a referência dos dados e a percepção aumentada. Fica mais interessante buscarmos as interações cinéticas e estratégicas com os games, do que uma preocupação relevante como a que devemos ter urgentemente com o meio ambiente e a situação genérica e necessariamente atuante na aldeia global.
         Vira um mito quem se pretende projetista de algum sistema, ou no agenciamento de integrá-lo com as modalidades produtivas: uma grande ideia, uma real inovação, e não a mera página, algo bela, de se supor que o design já não esteja sendo administrado pela inteligência “natural” dos processadores, ou das amplas bibliotecas à disposição dos desenvolvedores, e sua ingerência nos requisitos básicos de produção. É, ou torna-se mais fácil fazer funcionar o game, do que propriamente desenvolvê-lo, pois nesse requisito de criação a inteligência dentro de uma fronteira revela se a nação está de acordo com a tecnologia, se sua educação recebe grandes insumos para que o fator humano – a partir do qual inevitavelmente temos a capacidade criativa – se mostre apto a desenvolver, criar e executar os softwares e, principalmente, os hardwares na questão do engenho civilizatório, onde o conhecimento e o saber são altamente relevantes, o que já se tem na tradução universal como know how, ou como ser independente na inteligência e capacidade produtivas nos países em desenvolvimento, principalmente, como condição de que andaremos com os nossos próprios sapatos!
          Se porventura temos poucos contingentes capazes de assumir ou simplesmente atuar no trabalho em empresas de tecnologia em um país, talvez saibamos que na educação e seu implemento tecnológico é que podemos criar as bases para sustentar uma manifestação, a comunicação, ou as vertentes artísticas dentro do cenário que se apresenta em nosso novo século. Saber como realizar uma boa educação, dentro de um teorema complexo a um país como o Brasil, tão carente em desenvolvimento humano, é começar com a ação direta, em que a educação se transforme em força motriz, em que um cidadão pobre possa ver seu filho em uma boa escola, e que essa importante rede de escolas no país seja de responsabilidade e estratégia do Estado, pois constitucionalmente é esse Estado que deve proporcionar uma educação gratuita, e de qualidade. Não adianta se achar que um estudioso é superior porque veio de uma instituição de ensino do exterior, se na verdade temos que capacitar o estudante em sua formação básica aqui dentro, e depois obviamente alçar seus voos maiores, seja no exterior, ou melhor fosse, em universidades brasileiras que dispusessem de boas margens de pesquisa e insumos para que em um tempo razoável se formem profissionais de excelência dentro de um país como o nosso.
          A difícil equação da educação em um país pauperizado por crises cíclicas sui generis é encontrar os remédios na prateleira, sem a falta da gaze, da água oxigenada, do antibiótico, do atendimento, enfim, a educação sempre será similar à saúde pública, e esses são dois pilares fundamentais de correção de um bom Governo, administrador, ou gestor, palavra que está na moda, mas que aparentemente significa cumprir com interesses produtivos. Voltemos à palavra Governo, pois é mister que se resolva a questão de saúde e educação através de termos pertinentes, pois não há nem deve haver uma mitificação dentro da esfera da realidade do que cada qual cumprindo seu papel. Demandando esforços, reiterando boas atitudes e governando com a cabeça, e não com esta voltada à questão de a quem pertence o Poder, já que uma disputa interna entre os quatro poderes só significa o atraso operacional – aí sim – de uma boa gestão de nossos egos... Não os inflemos a ponto de que a sede do mesmo poder como fato passe a residir dentro de circunstâncias que infelizmente não possuam atenuantes, posto sejam uma traição ao bom senso: escárnio, dúvidas e sensaborias. Partamos do princípio lógico, mesmo para que passemos à frente dos processadores, pois no dia que formos capazes como a Intel, ter-se-á um país saindo do quarto mundo para ser uma potência.

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