Não
são os astros que nos dizem quem somos… Nem que as estrelas nos
dissessem, não haveria a incerteza, posto sermos um tipo de gerente,
um garçom, um faxineiro, um presidente de uma empresa, nada nos diz
efetivamente se somos aquilo que exercemos profissionalmente, ou se,
de uma tomada na dianteira, seríamos outros quando a opção é de
se ser artista. E por que não? Ser artista é um tipo de coisa que
não se torna objeto, mesmo porque nem tudo é objetificado. Ao menos
na querência de ser… Pois que haja reticências nestas linhas, a
si, mesmo que saibamos que no final tudo parece ao menos ser surreal,
ou uma abstração em que o mundo contemporâneo embala as coisas por
si mesmas, nas gôndolas como produto final, e na logística de
interesses extranacionais. Pudera termos a acepção livre do justo,
quando sabemos que isso passa a ser prática, na melhor e melhor
mesmo das hipóteses. Pudera o mundo ser livre da violência, mas
parece que na verdade não há seu término violento, posto certas
atitudes revelam serem mais cruciais do que os remendos tentados, a
angústia de se participar de uma tremenda farsa mundial.
O
que difere da economia neoliberal da estatizante é justamente
através da transparência inevitável de vermos os governos meterem
a colher onde não há porquês. Mas cada um que decida, mesmo porque
na mesopotâmia já não há mais registros de nossas origens, ou
quase nada. Registros vitimados por guerras na região, haja vista o
que os mísseis teleguiados, os drones de bombardeios podem
fazer, e a questão passa a ser uma contraordem na ordem mundial.
Todo um povo clama por algo, e não tentemos abreviar João e seu
apocalipse, pois desde a Renascença se acreditava nele, incluso
quando se plasmou a Capela Sistina de Michelangelo. Quem dera fosse
se tivéssemos um Rafael, um Giotto, um Lorenzo Bernini, algo a mais
para contar da beleza como em um cristal virado mármore pelas mãos
de uma obra como a Pietá. Se a garotada de hoje ao menos soubesse
essa grandeza da arte de todos os séculos saberia como se concretiza
materialmente um gesto consciente. E, ademais, um game pode ser uma
evolução, mas em geral trabalha apenas com os reflexos, enquanto o
animismo contemplativo fica a ver navios, nessa abordagem. Passam os
dias, e as ruas demandam sensibilidade, e que não blindemos nossa
existência pelas esteiras ergométricas da vida. Assim de se saber
que nem sempre teremos que estar com os tríceps ou bíceps, ou
qualquer ceps em dia,
posto sermos bípedes ou talvez – se analisarmos mais cruamente –
nada mais do que apenas isso. Isso posto talvez nos conhecêssemos
melhor se a aparência de nós todos não fosse dar com os pesos que
– de qualquer modo – quase compulsoriamente erguemos em nossas
jornadas diárias. Esses pesos, essas medidas. Quem sabe o
comportamento fosse fruto de uma alavanca onde bastasse um esforço
para que a partir dela começássemos a girar a roda da história.
Mas não, pois por onde a História anda, esse tipo de abordagem
comportamentalista fica como um cacoete nos detalhes embutidos em
cada transformação da matéria, ou em cada conquista anímica ou
espiritual.
Há
que se resguardar e esperar até que surja alguma alavanca, mas
talvez a única que nos pertença é o mesmo autoconhecimento de que
certas partes do corpo são usadas para nosso hedonismo, e que
falsear sempre na busca incessante ao prazer pode se tornar mais
sutil e áspero no médio prazo, pois a necessidade de reservarmos um
tempo ao princípio de realidade é mais nobre do que apenas se
vivenciar o instinto de eros, ou princípio de prazer. Na medida em
que traçarmos nossos perfis através de uma ausência compulsória
de registros, encontraremos no objeto de nosso próprio Ego mais
verdadeiro os frutos do que não se consome orgiasticamente. Em um
tipo de odisseias onde os fins teoricamente justificariam os meios,
posto o meio é apenas um valor de cerne produtivo... Por sua única razão engloba outros meios, e quiçá pela percepção adulterada pelo onisciente
verbo em que encontra-se sempre, nos esperando com humildade e
grandeza, a confecção de algo que nos remeta a um sentimento verdadeiro, quando conseguirmos compartir o sentir produtivo!
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