Sala
grande de almoxarifado. Um senhor contador sentado em um terminal à
esquerda, e Cornélio pergunta:
-
Você sabe quem é?…
-
Do que, quem sabe o que?
Clodoaldo sabia exatamente o que fazia no depósito, e as mercadorias
iam e vinham, ele contabilizava, jantava e ia dormir, no meio da
aritmética e suas planilhas, de si não era por tanto.
Prosseguiram,
e Cornélio insistia:
- O
homem, caro, sabe alguma coisa dele, algum dado, uma informação
qualquer?
-
Mas que homem? São tantos…
-
Ah, você nem se apercebe que não há tantos homens, assim, com a
empáfia de assumirem que são homens, aqueles que vivem incomodando
por serem mais… Digamos, diferentes…?
- O
senhor vai ter que insistir em outra freguesia…
- Então pode ser você? Talvez…
- Eu sou um contador, apenas. Sei das minhas contas, do meu ofício.
- Por ventura, Clodoaldo, sabe que dia é hoje?
- Claro que sei: sábado, quatro da tarde.
- É sete de setembro, algo lhe diz sobre?
- Independência ou morte, patrão, essa foi a frase, e no entanto…
- No entanto, o que?
- Nada, senhor, de acordo, Pedro I foi um grande cara… Ish, a gente é que mistura as coisas na questão das datas. Porém seu Cornélio, eu devia ter alguma folga nesses dias. Sei, estou só brincando.
- Nada, meu caro. Quer dizer que você não sabe o nome, nem quem é, nem quanto nos deve e nem quanto nos emprestou…?
- Realmente não. Nem sei do que o senhor está falando. Só sei que registros de alguém que nos deva… Quanto? O senhor não faz nem ideia?
- Bicho, era no mercado paralelo.
- Assim já era, seu Cornélio, eu não sei de seus andamentos ilegais.
- Você tá insinuando algo?
- Não, jamais, só estou dizendo que registrados estão muitos clientes, e de memória eu sei que alguém deve, ou empresta, mas dever e emprestar não coaduna com as entradas e saídas, assim como input e output. Assim funciona o nosso sistema, caro senhor.
- Se você realmente não sabe, nem em registro ou um olhar sequer no homem, quem sabe deva estudar mais o comportamentalismo para saber como se procede um sistema que se preze.
- Desculpe senhor, sem ofensa, eu não trabalho aqui para tapar buracos…
- Então recolha as suas coisas e vá engrossar as fileiras. Está demitido.
Clodoaldo refez seus dias no silêncio, viu a frieza de dois anos em uma gaveta de escritório, sacou de seus pertences e saiu, na resignação da satisfação de abandonar um emprego que sabia ser no mínimo altamente suspeito. Mas ele sabia que em seu pendrive já estava garantido um outro...
- Então pode ser você? Talvez…
- Eu sou um contador, apenas. Sei das minhas contas, do meu ofício.
- Por ventura, Clodoaldo, sabe que dia é hoje?
- Claro que sei: sábado, quatro da tarde.
- É sete de setembro, algo lhe diz sobre?
- Independência ou morte, patrão, essa foi a frase, e no entanto…
- No entanto, o que?
- Nada, senhor, de acordo, Pedro I foi um grande cara… Ish, a gente é que mistura as coisas na questão das datas. Porém seu Cornélio, eu devia ter alguma folga nesses dias. Sei, estou só brincando.
- Nada, meu caro. Quer dizer que você não sabe o nome, nem quem é, nem quanto nos deve e nem quanto nos emprestou…?
- Realmente não. Nem sei do que o senhor está falando. Só sei que registros de alguém que nos deva… Quanto? O senhor não faz nem ideia?
- Bicho, era no mercado paralelo.
- Assim já era, seu Cornélio, eu não sei de seus andamentos ilegais.
- Você tá insinuando algo?
- Não, jamais, só estou dizendo que registrados estão muitos clientes, e de memória eu sei que alguém deve, ou empresta, mas dever e emprestar não coaduna com as entradas e saídas, assim como input e output. Assim funciona o nosso sistema, caro senhor.
- Se você realmente não sabe, nem em registro ou um olhar sequer no homem, quem sabe deva estudar mais o comportamentalismo para saber como se procede um sistema que se preze.
- Desculpe senhor, sem ofensa, eu não trabalho aqui para tapar buracos…
- Então recolha as suas coisas e vá engrossar as fileiras. Está demitido.
Clodoaldo refez seus dias no silêncio, viu a frieza de dois anos em uma gaveta de escritório, sacou de seus pertences e saiu, na resignação da satisfação de abandonar um emprego que sabia ser no mínimo altamente suspeito. Mas ele sabia que em seu pendrive já estava garantido um outro...
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