domingo, 25 de agosto de 2019

O INCENSO E A SENSATEZ


         Quantos dias nos faltam a que pudéssemos acender um incenso e firmar pé na transcendência. Quantas noites nos restarão a que pudermos acreditar realmente em Cristo e na sua soberba paternidade sobre os infelizes deste mundo? Óbices existem e, logicamente, os escarnecedores não levam a sua palavra adiante, pois nem sequer o Antigo Testamento carrega em si a arrogância e os frutos estupefatos da sociedade que passa a observar apenas esse falso testemunho do divino. Quando o ego se suplanta aos atos, quando a pretensa criatividade osculada pelo mal se torna lugar-comum, é hora de se pensar em profundas reflexões, justo hoje em que tudo se grava, e as provas da insensatez são inquestionavelmente reveladas a todo o planeta em questões de tempo subatômico. Os elétrons perpassam em suas correntes ao redor dos computadores, e o sistema de informação inteligente, que porventura já está centralizado em servidores comuns, igualmente revela aos países de maior nobreza intelectual o que ocorre em lugares postos por fronteiras relativas, posto ser tudo hoje obra a relatividade científica, e pontuar como cristão não o sendo é deveras humilhante na hora da vindima, para quem assim o agir. A isenção judicial na prática das ofensas a toda uma população que ainda espera por tempos mais humanos será sempre responsabilidade do aparato jurídico que porventura uma nação ainda se preste de tê-lo. Afora isso, é inegável que a injúria e a difamação andem correlatamente dispostas, mas igualmente o progresso humano é tarefa da própria Natureza, pois esta – e somente esta – poderá unir em torno de nossa casa a comunhão inevitável onde participam as gentes de bem.
          O progresso vem por todos os cantos, e é no corriqueiro fim de semana em que acontece o período de maior reflexão, seja em um templo católico, seja na busca da palavra que oriente, seja na leitura sagrada do Baghavad-Gita, ou mesmo em um simples exercício intelectual, uma ginástica coerente ou um passeio por lugares em que se remeta a paz esperada dentro da pressuposição lógica em que desfazer inimizades é missão do verdadeiro devoto. Essa devoção é um espaço belo porquanto só assim compreenderemos a latitude da maldade humana e seus representantes quando houver real rebatimento em alguma escritura sagrada no espelhamento do que se está fazendo contra a Natureza, e como os quilates do egoísmo se pronunciam dia a dia na ambição desmedida…
          Por uma questão de sensatez, pensemos que, se alguém por crença estúpida, quer acelerar o juízo final ajudando a destruir o planeta, esses seres quase sinistros pela sua enfadonha insistência, hão de ser as próprias bestas do apocalipse, as figuras infernais que demanda conhecermos para saber de tudo: suas faces, os propósitos e as ligações com outras bestas que se prestam a querer evitar de olhar para o planeta com mais cuidado. Agora, se essas atitudes possuem aval de quaisquer movimentos de ordem religiosa, há que se ter de si mesmo – o religioso – um olhar crítico para que não embarque na ideia de que o mundo será um paraíso depois de se acabar com ele, pois condenados estão os que têm conivência com esse crime hediondo, que é responsável pela devastação, pela carência humana e pela crueldade com os seres outros que habitam neste mundo. Essas pequenas noções de termos a clemência, de tentarmos compreender o próximo, mesmo que este esteja cego pela fama ou egoísmo, é que nos fornecem os progressos necessários na virtude de nossos atos, e o respeito decorrente de merecê-lo quando ao menos quisermos uma nação de pé, de homens e mulheres virtuosos, do bem-querer, da justiça social e dos cuidados que temos por todos que amamos que, subentendidos formos, é um amor que transcende qualquer laivo de inimizades.

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