domingo, 12 de maio de 2019

SOLUÇÕES FABRIS



          É óbvio que em um sentido reducionista o advento da robótica poria termo a várias profissões a serem descartadas. Se formos mais além, podemos pensar não apenas nas funções mais automáticas ou mecanizadas, como em termos de função – conceitualmente – em geral. Incluso em uma espécie de afetividade em que já se abre espaço já através de gadgets como o celular e a automação gerada por aplicativos vários, na comunicação e no feed back que esta gera como resposta dentro do universo da eletrônica, com seus passos temporais lineares, agendas de compromissos virtuais e encontro – aparentemente de confiança – ensaiados por seguranças relativas. Em tudo há seus dois pesos e suas medidas, e sabermos que estamos agendando até mesmo vidas com lances dados à intimidade, vem aquém do pressuposto de realmente conhecermos nossos “objetos” de consumo, nisto de termos um viés que facilita a mesma comunicação, em se realizar a tecnologia e seus suportes uma mudança estrutural de paradigmas, mas há que se ter cautela com os revezes que essa facilitação pode proporcionar em termos de maus procedimentos se apoiarem no quinhão inseparável que torna a ilusão seara fértil para tanto. O conhecimento dos meios, suas matérias e seu uso coerente e correto é que nos insere na sociedade contemporânea e transformadora de modo salutar. Visto a tecnologia ser transformadora é mister sabermos nos situar nesse processo conscientemente, ao menos sabendo muito bem diferenciar a realidade virtual com a ficção virtual, e como nos aproveitarmos da vantagem em que – mesmo com recursos limitados – fazer jus à técnica, à informação que nos auxilie honestamente em nossos procederes de ordem fabril ou não, e o conhecimento profundo de nós mesmos quando queremos ou criamos condições para nos aprofundarmos nessa área computacional, com suas variantes e seus métodos.
           A boa questão nos aproxima da questão inequívoca de sabermos como lidar com os aspectos variados da ciência e sua aproximação com processos verdadeiros de concepção produtiva, de entretenimento e de sua performance nada reducionista que nos embala de certo ponto com conforto inevitável e propositivo. Essa questão encerra a sua simplicidade em nos tornarmos mais sóbrios com relação à matéria e não avançarmos sobre um hedonismo quase bruxuleante a que nos convida muitas vezes a facilitação comunicacional aparente. Seria pouco afirmar que as novas gerações seguem muitas vezes com hiatos com relação aos aspectos fabris de outras décadas, e por vezes a aproximação através de um conhecer filosófico e histórico vem a dar na face da necessidade da literatura como entretenimento quase compulsório, se se quiser revisitar a cultura mesma das civilizações, quando o ser civilizador dentro do processo civilizatório se fizer notar perante o encontro de gerações…
           Lembremos que a Bíblia pode ajudar a catalisar historicamente a aproximação com as letras, mas certamente não é apenas a única questão que leve ao conhecimento dos povos, pois um único livro certamente – aí remontando a histórica Alexandria e sua biblioteca perdida – não será jamais o tesouro das humanidades. As leis dos países são parte nada fragmentada de seus aspectos societários, dando ao funcionamento de seus processos do pensar e agir através do conhecimento do que é certo e do que é errado, e esses códigos são porventura mais importantes ao andamento da cidadania do que propriamente a religião, de somenos importância.
           Há de se saber que toda uma história, a sua epopeia no dizer dos tempos, o recrudescer de seus aspectos negativos, o positivismo de suas lições, e a justeza do caráter do proceder fabril – as suas máquinas, os costumes, o nível cultural, a erudição, a arte popular, o folclore – tem relação inequívoca com a ciência, a religião e a filosofia, onde seus limites se encontram como grandes conjuntos e suas intersecções, no domínio quase matemático das nações. Saber-se pertencente a uma ética saudável, à moralidade do ser e a uma produção fabril justa e igualitária, geral e ampla, é saber de um panorama onde o processo de encontro cultural com outras nações engrandece a pertinência da riqueza de viver em um continente pátrio e igualmente ampliado pelas circunstâncias de que não apenas as linguagens se sucedam como apoio e aprofundamento da vivência entre os povos, mas na qualidade inerente de se buscar a paz dentro da esteira produtiva baseada e fundamentada na Verdade.
           Se o grande paradigma que afeta a sensibilidade de profissionais que se sentem ameaçados em seus ofícios, na especulação que muitos fazem a respeito da extinção de profissões consideradas irrelevantes quando do surgimento de novas máquinas fabris, não serão aqueles que propagandeiam os primeiros a cederem seu papel como personagens televisivos os que serão substituídos pela tecnologia de informação baseada na mídia em 3D e sua concepção e inteligência factuais? Certamente, deve-se ter uma redobrada cautela ao afirmar que um robô seria mais competente do que um ser humano em larga escala, pois senão teríamos à frente a especulação igualmente seca de que novos objetos inorgânicos e eletrônicos de prazer estariam à frente em gôndolas na disposição nua e crua do consumo, bastando ligar e desfrutar… Assim como tudo o que vem da matéria, o que nos diria melhor o ditado religioso e de suma importância de que tudo o que é animado por um espírito é mais real, e não negarmos esse lado anímico e real será o princípio de estarmos em concordância com a necessidade de se criar mais alimentos e ofícios a partir de uma ciência que jamais deverá ser excludente, pois sua inserção no mercado animaria a todos com a quebra do alarmismo oportunista de alguns títeres de plástico do alarde vão e sem substância.

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