quarta-feira, 8 de maio de 2019

OS OLHOS DA ESMERALDA



Verdes na transparência, sem o turvar-se do sentimento perscrutado
Com a câmera indiscreta em um aparelho algo dissonante e duro
Que não vislumbre o rosto mais do que algum segredo de ouro
No de se portar a que o poeta brinque com si mesmo, de outro modo!

A leitura que se faz da poesia brinca nos olhos de uma linda mulher
Que o poeta desconhece na página ferruginosa dos tempos, vista
Na sua permanência platônica dos próprios outros e famosos versos
Que passam ao largo da fama incerta, qual outra fama que não há…

Através do ouro dos tempos uma consorte de um grande rei persa
Reserva o direito de dormir um século abraçada com uma lente
Em que jamais se saiba quais os domínios da investigação solene
No que pese aquilo que se sabe ser do domínio da possibilidade.

Se o tom da escrita possui alguma imagem outra que não seja mais
O simples toar de um tambor africano, que se escreva outra margem
Assenhoreada pelo tempestivo domínio onde o que se escrevia antes
Não se deixa nem sequer um alaúde cantante no berço da poesia.

Imersos em suas mitológicas invenções de ritmo e melódicas curvas
Reside o próprio invento materializado da poesia, em sua métrica
Meio na desigualdade em que manda-se no domínio de curta mensagem
A intenção de tantos poderes que não se façam as contas sem erros…

No retorno cáustico de uma influência quase desagradável e disforme
Saberão muitos o que move um braço quase impensável no distante
Ou no próximo verso que jamais resida na inconsequente infâmia
De se soarem modais de temperatura em que o tempo urge pensar.

Na esfera de um outro pensamento claudicante pelo próprio verbo
Arrasta-se a escuma de um mar onde o vento não ensinou a maré
Mas que aprenda enquanto é tempo tudo o que não se encerrou ainda
Quanto de saber que a forma de seu princípio é meio que não entenda.

A mais, que não se pudesse muito o se fazer um tempo de lindezas
Quando reverbera o sol dentro dos olhos de esmeralda, na negra
Que pertence ao mundo como deusa de ébano, vertida na beleza
De um porque que seja linda unicamente pela sua presença concreta!

E a quem não suporte a cor se traveste da incoerência disforme e crua
Daquela incongruência branca que não sabe se está convivendo ou não
Com um mínimo de civilidade onde não se expatria um contingente
Quando se tem a intenção de negar o povo que construiu o nosso país!

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