Os
sinais que expressamos podem assumir funcionalidades outras do que a
própria intenção de dizermos algo a alguém, ou de elucidarmos com
sucesso algum enigma, algum mistério onde a solução não depende tanto da inteligência, mas sim da intuição. Como um ponto, uma
vírgula onde não imaginamos que esteja mas, ampliando as
possibilidades, o mistério pode ser uma boa razão para se escrever
algo, que seja, uma história, uma expressão de arte. Nas
modalidades diversas dessa arte da literatura está o reflexo por
vezes de elucidarmos o que queremos dizer com o fato novo da
história, com o recorrer das letras, ou com o engenhoso desenho…
Podemos, se quisermos, lidar com a arte como premissa básica da
existência e como companhia inviolável do ser criador com os
suportes de suas criações. Por mais que estejamos estritos a
qualquer sistema normativo, apesar disso o voo é grande se depender
do espírito sublime que a arte confere na expressão dos nossos
atos. Nada é mais rigoroso do que estarmos navegando sobre o mar da
arte, quando se sabe que – mesmo sem ter a vida regalada de
prazeres mundanos – pode-se recriar um espaço dentro dos limites
da fronteira do conhecimento, igualmente, pois a filosofia é um
recurso literário que igualmente nos remete à beleza do ser… E
por si as fronteiras do conhecimento dão sempre um respaldo àqueles
que são curiosos por saber e diligentes no aprendizado, para não
citar a vida da religião, que é o esteio maior quando se respira fé
através dos poros!
Um
poeta, quando está escrevendo, pode atingir os píncaros do prazer,
pois para ele a felicidade suprema em termos de arte é construir seu
poema com o ímpeto da realização, com o mote da cultura, com cada
vírgula, cada verso, cada bloco de letras a construção inequívoca
da arquitetura suprema, conquanto na filosofia estará presente, no
seu movimento reverso de saber que na prosa existirá a poesia, e que
na filosofia a modalidade aparentemente é reversa, mas indica
igualmente um índice de sinalizações onde se faz presente o
conhecimento das mesmas letras. Então que a fronteira se refaça,
que não haja muita distinção, pois onde está a tese esta a
antítese, e onde reside o nexo está seu contraditório. Onde está
a ofensa está a bondade, e onde está o ignorante, reside perto a
sapiência. Podemos errar crucialmente com relação ao mundo, ao
país, às mesmas fronteiras que na verdade não passam de convenção
humana, tornando por vezes a existência difícil em muitos lugares,
mas tudo faz parte de uma energia suprema, como as pérolas são
ensartadas em um cordão. Mesmo uma mentalidade diligentemente
beligerante nos fará optar pela paz, pois quem reside nesta está em
comunhão com a Natureza, seja ela espiritual ou material.
Pois
bem que a grande poesia vem do Bhagavatam,
o Purana
imaculado, e quem conhece esse texto sagrado pode saber que está
situado transcendentalmente, e que todos os artifícios mundanos para
tirar os homens de seu estado original de conhecimento e
transcendência tendem a fracassar. Este archote do conhecimento é
maior do que as trevas da dualidade, da reversão do Eu, da matéria
nada sutil que domina os sentidos, do falso Ego que mina o estar-se
de acordo com um andamento maior e mais importante da nossa
experiência com este planeta provisório, onde já enfrentamos o
início da Era de Kali. Devemos estar cientes que atravessaremos grandes oceanos
de desavenças e hipocrisia, mas temos que possuir o mesmo grau de consciência que nos fará não retornar mais a esta condição quase
infernal de vida. Para nos libertarmos do Samsara – o oceano de
nascimentos e mortes – temos que adquirir o conhecimento
transcendental que Krshna – e só Ele – confere aos devotos e
devotas deste mundo de passagem! A não ser que o homem passe a
respeitar o seu próximo, a não explorar do modo como tem feito a
forma de vida humana nesta selva de matéria, se o homem não
aproveitar uma era de mais luzes que ainda temos pela frente, não se
pode pensar que o mundo terá soluções... Nem reversas e nem de lado único, de um modo que seja, pois antes de tudo há que se ter
respeito por si e por todos, considerando todos os seres vivos como
iguais a nós, que estamos desperdiçando nossa forma de vida
privilegiada para destruir o planeta e cometer maldades contra o
próximo.
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