domingo, 19 de maio de 2019

RELIGAR-SE



          A descrição de Krsna é inumerável… Tantos são os seus nomes que distantes estaremos quando a visão das ondas do mar e o fato de estas serem infinitamente criadas pelos movimentos das águas, desde o surgimento do planeta – infinito tempo – dão meramente a medida dos aparecimentos de Deus. Suas potências são ilimitadas, posto não sabermos, dentro de nosso irrisório conhecimento, saber de sua ciência sem recorrermos aos textos sagrados, os Shastras, ou a Bíblia, outros cânones, outras religiões, credos, cultos, de diversas matrizes, primitivos ou de estudos aprofundados conforme a palavra, o verbo, o versículo, o verso. Encontrar um guia é a antiga questão do crente, e a orientação ou instrução se revela a cada qual em seu modo de querer conhecer algo a mais do que a vida material. O que urge nesse mundo da técnica é que respeitemos as diversas vertentes e paremos de digladiar opiniões baseadas na crença de tal ou qual dogma que não aceita o dogma próximo de uma visão religiosa que não esteja encaixada em um Livro, mesmo que se queira a idolatria, ou não, mas que a humanidade não suporta que estejamos criticando a bel prazer o modo de viver de cada qual.
         A saber, que um modo de ver o mundo com base na matéria também é uma opção de vida, e jamais se deve demonizar um ateu, pois por vezes este encontra na filosofia ou na simples literatura de cultura de um lugar a sua idiossincrasia particular de ver o mundo em que vive. Por vezes estamos nos encaixando em um tipo de vida religiosa não por verdadeira vocação, mas para conseguir posição social ou mesmo a retaguarda para se conseguir objetivos materiais como riqueza e poder. Essa posição não verte na sociedade nenhuma tipificação de ajuste social, pois é sobremodo antiga como modal operativo de se conseguir algum desejo, como nos casos da teologia da prosperidade, que versa sobre ganhar posição material através do desejo de obter consagração religiosa para o fim de enriquecer ou exercer poder na sociedade. Uma bancada política com tendência a um conservadorismo religioso, por vezes criacionista, quando não aceita a versão científica de estudos como a evolução darwiniana e da física newtoniana, ou do marxismo como versão de estudos a respeito da economia, só faz com que os estudantes não se envolvam com a ciência tal como é: o pilar da experiência humana sobre seu entorno dentro do arcabouço terreno. Esse padecimento social na esfera da não compreensão dada verticalmente das bases únicas de um conhecimento científico solapa e destrói a educação como um todo. Há que dar nome aos bois e a religião é um religar-se com o inexplicável, mas que seria ótimo não haver comportamentos hipócritas no sentido de usar as pontas da ciência para se sustentar em poderes ou riquezas e evitar falar sobre a tecnologia empregada, quando alguém se faça crer que a religião é maior do que a ciência. Estes são dois domínios distintos, e cada qual desenvolve a sua aptidão, seja um Padre, um médico ou mesmo um cientista, tão necessário quanto a razão de existir de uma Nação, tal qual é, tal qual deve se fazer construir. Falar em construção é um termo de arquitetura que significa poder erigir um edifício, desde suas fundações necessárias, e esse conhecimento pode ser algo com religião, com fé, independente se o que se faz leva em conta todo o saber científico, pois sem isso não se pode construir dentro da ordem técnica imprescindível. Essa é uma condição sine qua non para que se tenha a fundação pronta, e depois o trabalho já não mais tão importante, pois – creia-se – o maior detalhe sempre será o alicerce, e o ensino básico e fundamental hão de ser de igual importância, mas o acesso ao ensino superior tem que ser livre e irrestrito, e esse ensino há de ser de boa qualidade, e que não se eximam de responsabilidade os responsáveis pelo andamento da educação no país, pois, haja vista a religião ser uma coisa mais individual, concisamente mais intimista e particular, o universo do conhecimento a envolve como opção dentro das letras, mas não o oposto, já que na mesma religião o religar-se matemático para a compreensão da Bíblia, por exemplo, está presente, assim como o alfabeto e a história.
         O que nos envolve no conhecer religioso, a saber, se conhecer está que porventura saibamos vários idiomas, seremos bons pastores, bons diáconos, saberemos compreender os Vedas, o Corão, seremos mais do que a pressuposição algo insensata de pensarmos que apenas uma vertente religiosa vai dominar o país, ou que tenhamos que preconceituar etnias, ou rogar por certas supremacias, não, isso é deveras insensato… Ou mesmo que queiramos enquadrar vertentes de ordem política, pois a democracia não pode ser invasiva, mas receptiva, é menos um prego, mas é mais uma cabaça, é menos guitarra e mais agogô, não que se queira destoar, pois falamos de uma democracia onde seu domínio do desafiarmo-nos é estender que o Norte desça com o triângulo e que, no extremo sul quase europeu possamos ver um alemão pendurando seu cordel por um varal em que a cultura seja a razão da mímese, e não o altercar-se por ordem política ou religiosa. E que qualquer país possa curtir o Brasil, mas que não haja escambo injusto, desigual, pois somos uma nação riquíssima, e não merecemos por contas irresponsáveis qualquer plataforma que nos faça sangrar o óleo ou outros recursos que tanto a nós pertencem por uma questão imitativa, que seja, do país rico, por onde vemos outra bandeira, ou outras, que o mundo é grande, na suposição que nos falta a sermos mais de nobreza de caráter, e não da falta crônica deste.

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