sábado, 25 de maio de 2019

BASTASSE UM DIA



            O tempo logicamente é um limitante estratégico, quando queremos exercer uma retomada produtiva, quando a sociedade urge por mudanças estruturais, por vezes nas modalidades produtivas ou na consonância da tecnologia ao menos com a compreensão destas. Por que se pode afirmar isto? Obviamente o tempo é uma entidade referencial que remonta ao desgaste ou envelhecimento corpóreo, ou em termos de sociedade pode advir de prazos de desenvolvimento, metas profissionais, ou mesmo a previsibilidade e cautela em se programar o futuro.
            Para certas coisas bastaria um dia. Como no enunciado de uma descoberta científica, ou mesmo no encontro de velhos amigos, aqueles que dão suporte existencial, pois o tempo diferindo em anos ou décadas gera a pauperização ou perda de sinceridade no contato. Este último dá-se em um tempo relativo, e um dia a mais ou a menos pode fazer diferença, pois somos uma espécie tão gregária que ficamos relativamente felizes em encontrar as velhas amizades por meio do objeto eletrônico: quase um rádio, mas essencialmente já encorajador de suporte às nossas inteligências…
            No entanto, viramos um vértice na grande rede e estrategicamente, para quem possa estar do outro lado, tornam-nos passíveis de futuros encontros que passivamente não conseguimos identificar, abrindo espaço por vezes a uma não quebra de sigilo, pois anunciamos constantemente a vitrine do que porventura sejamos nesse processo existencial, com os perfis e idiossincrasias particulares, passivamente potencializadora do que somos enquanto agentes de consumo perante o mercado. Essa plêiade informacional cria um tipo de casta onde apenas aqueles que possuam conhecimento ou capacitação nesse campo possam estar usufruindo de melhores situações financeiras, quando de startups que veem no modal de corporações mais eficientes acabam por serem engolfadas pelo grande capital investidor quando de um passível e proficiente trabalho nesse setor. Essas empresas nascentes remontam à necessidade – quando de geração lógica – a um funcionamento sem rebarbas, na maior parte do tempo copiada de países mais ricos: as suas ideias, sua proficiência científica e as possibilidades de alianças com capitais externos. À sapiência do império, não por se dizer gratuitamente, mas é singular a tecnologia de um gadget qualquer, visto do ponto finalizador do fabricante, posto apenas a ciência da manufatura de um objeto avançado eletronicamente é que faz de um país uma inteligência soberana, entre tantos outros ofícios que vêm desde a marcenaria ou alvenaria, ou o trabalho da terra no campo. Essas modalidades de trabalho não se encontram no mesmo nível, mas a proficiência de tais trabalhos revela uma aproximação com a ciência, esta, como razão indispensável no aspecto produtivo em uma situação onde as mais variadas formas de trabalho hão de coexistir em meio às demandas de uma crise crucial do desemprego e do trabalho de ordem informal. Nesse algo saber quase intemporal é que seja de importância relevante a que se encontre em um dia qualquer um ensaio de orquestra que diga a todo os instrumentistas que harmonizem suas afinações. E é nessa questão de preparar-se o instrumento ou a ferramenta de trabalho que se faz necessário descobrir com a questão prática aonde começa uma função matematicamente lógica, e onde pode o trabalhador mesclar – sob orientação de um mestre de ofício – a capacitação técnica com instrumentos tão bons quanto as velhas ferramentas. Um administrador que não estiver preparado com esse surgimento tecnológico de várias frentes não será capaz de compreender os processos produtivos de nossa era e transformação, uma era sobremodo distinta e revolucionária em seus aspectos tecnológicos.
           A saber, basta um dia que se debruce alguns para a compreensão desse novo modal operacional de nossas frentes de trabalho, que seja, a começar, basta um dia. No pressuposto produtivo, o mestre de ofício deve compartir seu conhecimento com os operários, e dessa forma virão outros e outros dias, a se bastar que seja um para que se possa produzir pontualmente. Esse processo é gradual e envolve tomada de consciência do próprio trabalho, a saber, que dentro do espectro do conhecimento tudo tem a sua hora e seu termo, sendo o dia de produção o saber.

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