sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

DE PAPÉIS E JORNAIS


          Na primeira página de um jornal, uma manchete diz algum fato, relata, ocorre impresso, fala na medida da origem das notícias, verte a ideia principal da dita mídia… Que fosse de se acreditar por completo, quando de uma excelente reportagem, mas que de outras vezes, de modo atento, há que se filtrar muito do que se lê ou se vê. Por então se vê a notícia, impressa, algo que talvez já seja anacrônico, mas que um livro de papel tenha sempre seu lugar, os escritos, a tipografia impressa. Parece ao leitor mais assaz, mais antigo, que o carinho em se folhear um jornal, um livro, uma revista, impressos em papel, com as mãos, há quase um retorno ao século passado… E olhemos, não distamos muito, apenas duas décadas, quase! Se sempre quisermos um retorno aos modais mais antigos, relembraremos e revisitaremos padrões onde a manufatura, o homem fabril, as indústrias e gráficas ainda funcionam como faz-se tempo, quase como uma eterna transição, onde um país como o nosso se presta a que venhamos com a técnica ulterior para o passado, ao menos que nos convença das latitudes do que já foi realizado com competência ao longo de muitos anos. Ao efetuarmos uma releitura de nossa história produtiva seremos agentes transformadores da consciência do teor mesmo do trabalho.
          Esse fato de estarmos em uma oficina gráfica e sabermos dos processos antigos de sua confecção – as artes gráficas – nos traz a ciência para dentro de nossa compreensão, a saber, mais antigamente: a diferença entre a escultura em argila e em mármore, para a finalidade de darmos o entendimento a nós mesmos do que vinha a ser a arte, e como esta se transforma e vira indústria, ainda nos processos da arte finalização, das xerografias, das origens da gravura, em uma mescla onde o computador pode entrar potencialmente como referência de pesquisas. Pois em um exemplo focal, a xilogravura, este é um meio que possui a expressão que tem suas limitações, mas o talento do artista modula a mesma expressão, dentro de uma técnica quase linear, em resultados que revelam invariavelmente o manejo das ferramentas pela mão do artista, remontando as bases de sustentação de uma grande arte: uma importante técnica de impressão de gravuras, que depende de coisas concretas, como a madeira, o cinzel e a tinta.
          O engrandecimento de uma autoria vem com a aproximação do leitor com a obra, mesmo sabendo-se que a arte tem seus saltos e seus regressos. O mero interesse inculcado na cultura de um país pelas artes revelará a grandeza da expressão e erudição de um povo. A indústria cultural revela a facilitação do pop art para as massas, no viés de que sua aceitação é mais fácil de ser digerida. Os acústicos na música, os pincéis na arte, e os cinzéis e prensas na gravura, e a literatura clássica revelam o resgate da identidade nacional, e a linguagem internacional como universalização da cultura, posto cada povo tenha sempre esse resguardo da expressão do gesto, ou do aprofundamento filosófico em sua literatura para que se resguarde um patrimônio do fazer artístico em suas mais profícuas variações, em que o mundo digital seja um meio tão importante como os antigos, e não mais do que isso.

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