domingo, 30 de setembro de 2018

ORALIZAÇÃO E HISTÓRIA


          Aprender a ver é faculdade inata do que ocorre hoje, um sentido quase pleno. No entanto, a faculdade de escutar, naquela conversa entre amigos, no encontro, no ensejo, é um sentimento salutar. A história de uma aldeia pode ser contada, relembrada, como algum bom tempo que se lembre, de uma praia ainda possível, das gentes que mudaram algum perfil, da atitude do liberal ou conservador, de uma situação política qualquer, ou mesmo da recorrente – hoje – verticalização imobiliária, e suas conotações do espaço urbano. Nota-se que há um certo desconforto a toda uma população original de um bairro, quando este se vê ausente dessa mesma população e vê-se que já acontece alguma imigração interna de um país ou mesmo com a interveniência de outros realoca as gentes para outros sítios. Esse quase êxodo permanece com frequência na valorização do espaço urbano. Cada povo conta a sua história e, no caso de mudanças tecnológicas profundas, a própria história acompanha o processo de adaptação dos novos processos do conhecimento e das práticas adotadas pela conveniência de novos meios e noções imediatas da percepção humana. Esses mesmos meios participam da exclusão do desconhecido através do foco do surgimento das ferramentas que possibilitam ao homo faber realizar a contento suas práticas de comunicação. Esse homem que surge mais e mais transformador de sua realidade contempla a si o conhecimento que a plataforma digital nos traz como de conteúdo limpo enquanto meio e mensagem. Essa é a verdadeira possibilidade concreta do novo milênio que resgata ao homem um renascimento estético de vanguarda, em que o progresso e sua aquisição pessoal ou coletiva permite-nos açambarcar a propriedade dos mesmos meios opiniosos ou não, de cunho jornalístico, de arte digital ou copiada, os acessos à manufatura inerentes dos processos digitais. Essa retomada profunda da aquisição dos meios às mãos do homem pode mudar as plataformas que vertem o poder para muitos que estão conscientes dessas transformações. Torna-se possível publicar, torna-se possível falar e postar o que quer que seja, obviamente dentro do espectro saudável e legal, pois do contrário se faria mau uso de um bom sistema, ou de uma ótima ferramenta. Essa apreensão da realidade torna os sistemas operacionais mais leves, muda um gadget qualquer em um bom equipamento eletrônico e permite a visualização coletivizada de conceitos filosóficos ou da arte instrumentalizada, uma possibilidade aos artistas de ao menos verem suas obras divulgadas.
          Na verdade, a história vem com muitas nuances, quando oralizada por questões de ordem mais arcaicas, posto ser através da tecnologia a possibilidade de se organizar as peças que retornem conhecimento oral dos povos também através das conquistas contemporâneas, pois apenas assim uma população indígena pode ser ouvida em qualquer lugar do mundo: basta que se use o meio digital para tal. Nada desse aspecto do novo pode agora ser suplantado ou suprimido, pois é e será através da revolução dos novos meios que o projeto de vivenciar a realidade de povos isolados e que vivem em lugares praticamente sem acessos é que torna possível a inclusão e a tarefa de mostrar a instituições na ponta da vanguarda humanística essa vivência cotidiana e de possíveis dificuldades inclusivas.
          Assim como nas políticas trabalhistas, na retomada de debates cotidianos de cunho social, e mesmo no poder de consenso coletivo com relação ao poder, ou a como alicerçar um poder legítimo àqueles que são a maioria, ou que sofrem com injustiças de cunho político ou segregacionista. A oralização, que antes acontecia com longas viagens, onde um agente social escutava e retransmitia, hoje é possível em direto, com postagens que chegam na ordem dos fatores sem alterar o cerne ou conteúdo: sem filtros e sem máscaras.
          Desse modo se fará história em qualquer lugar desse imenso país que é o Brasil, e que o que se escute seja amplo como é aquilo que precisamos reformar legitimamente em favor das populações vulneráveis de nosso território. Desse modo é possível criar vínculos sociais presentes com as instituições, construir uma sociedade de vanguarda, e estabelecer as prioridades que demandam tanto esforço naqueles que realmente lutam para que não recrudesça a tirania, pois nada pode alterar a mesma revolução tecnológica supracitada, haja vista termos uma obrigação existencial e moral de melhorar a situação do povo como um todo, apontando possíveis erros crassos e reiterando as possibilidades legítimas do progresso inerente a tais iniciativas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário